Sobre resíduos tóxicos nos alimentos

Do Professor Adilson D. Paschoal (ESALQ/USP)

Caros amigos e colegas,

Há vários anos a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mantém um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Os resultados são alarmantes. A lista dos  alimentos contaminados (que são sempre os mesmos), com resíduos de produtos não autorizados para culturas, ou que já foram há muito retirados do mercado de vários países pelos perigos que representam à saúde,  ou ainda de produtos em níveis acima dos “considerados seguros”,  demonstra o pouco caso que se faz da saúde do nosso povo. Todo ano a mídia, especialmente o Jornal Nacional, já que poucos leem jornais e revistas especializadas, anuncia , com base nos dados da Anvisa, que o pimentão, o morango, o pepino, a alface, a couve, o abacaxi, o mamão, a cenoura, a beterraba, a uva, o tomate, a laranja e vários outros alimentos estão impróprios para o consumo, por encerrarem resíduos de agrotóxicos que podem causar danos irreparáveis à saúde. Na semana do anúncio cai o consumo; na próxima, normaliza.

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Que país é este! Que geração é esta que enfia a cabeça na areia, como avestruzes diante do perigo, esperando a poeira assentar para continuar com suas atitudes espúrias, envenenando seu próprio povo, crianças e jovens em particular, comprometendo, assim, o futuro do próprio país. Onde está a lógica e o resultado prático deste trabalho tão bem elaborado pela Anvisa? Se para medicamentos fora dos padrões, que ameaçam a saúde das pessoas, esta instituição tem o poder de retirar do mercado os produtos, por que não o faz também com os alimentos contaminados? Se o remédio é feito para nos devolver a saúde o alimento é feito para nos dar a saúde. Não pode ser de outra forma. Se a indústria, o governo,  as instituições, os engenheiros agrônomos e os agricultores sabem o que tem de ser feito, mas não fazem, resta ao  consumidor, que somos todos nós, uma única saída para não morrer de câncer, de Alzheimer ou de Parkinson: não consumir esses alimentos. A conscientização torna-se então necessária. Queda duradoura no consumo desses alimentos contaminados afeta a economia e mexe no bolso de todos que integram a cadeia alimentar, clamando por mudanças em beneficio de toda a sociedade. Outras medidas existem, mas não quero cansar, com minha indignação, os amigos que pacientemente estão lendo esta minha mensagem.

Com o intuito de mostrar os perigos ocultos dos resíduos tóxicos nos alimentos, organizei um “power point” (em duas partes), que anexo para o seu conhecimento e divulgação, caso assim queira proceder. Independente da linha de pensamento que segue, penso que todos nós,  engenheiros agrônomos que somos, jamais nos furtaremos  do propósito de responsabilidade profissional junto à sociedade, responsabilidade essa que norteou, norteia e norteará os nossos caminhos até quando esse “caminhar” for possível. A segunda parte do trabalho, que o complementa, enviarei, se for de seu interesse, na próxima semana. 

A todos vocês, saudoso abraço.

Adilson D. Paschoal  

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