Porque somos contra os transgênicos?

por Leonardo Melgarejo*

Certamente não é por cegueira nem rejeição aos avanços da ciência, como afirmam pessoas comprometidas com as multinacionais produtoras das sementes. Também não se trata de uma visão sectária e sem respaldo na comunidade científica, como pode ser comprovado no livro Lavouras Transgênicas: Riscos e incertezas – Mais de 750 estudos desprezados pelos órgãos reguladores de OGM. Nossos motivos são simples:

1 – Não há ciência no pressuposto de equivalência substancial que sustenta as decisões sobre inocuidade de plantas transgênicas. Não há limites para que as diferenças observadas entre as plantas transgênicas e as não transgênicas sejam aceitas como relevantes. Para fins de cobrança de royalties são plantas diferentes, mas para fins de análise de risco, afirma-se serem iguais.

2 – Não há ciência nem ética nas análises de risco nutricional envolvendo plantas tolerantes a herbicidas. Os grãos utilizados para os testes com os animais de laboratório não são pulverizados os produtos cancerígenos, ao contrário do que ocorre na vida real.

3 – Não há ciência, nem ética, nem honestidade na mitologia divulgada pelos defensores dos transgênicos de que se trata de plantas mais produtivas. Nenhuma manipulação genéticas até aqui atua sobre os fatores estruturantes da produtividade. Afirmam que se trata de plantas que reduziriam o uso de agrotóxicos, embora o volume aplicado destes venenos cresça continuamente após a introdução dos transgênicos. Afirmam ainda que realizam estudos robustos, embora estes, quando realizados, não levem em conta a realidade nacional, desprezem o contraditório da bibliografia independente e (realizados em canteiros) ignorem os efeitos de escala associados ao cultivo de milhões de hectares, em plano real. E não há monitoramento efetivo, sobre os resultados do plantio e do consumo de transgênicos.

4 – Não há sentido estratégico na adoção de uma tecnologia que coloca o pais de joelhos diante de transnacionais. Todas as lavouras transgênicas reúnem (1) plantas tolerantes a herbicidas, (2) plantas inseticidas, que carregam toxinas para o controle de determinados insetos, e (3) plantas que combinam estas características. Pela escala de cultivo elas estão levando à modificações nas populações de “inços” e insetos, que com o tempo se tornam imunes àqueles herbicidas e àquelas toxinas. Isto significa que a tecnologia está forçando emergência de problemas de mais difícil controle, que demandam novas variedades de transgênicos, perpetuando a dependência dos agricultores em relação às empresas de biotecnologia. Isso significa que as safras brasileiras de milho, soja e algodão, já comercializadas no mercado futuro de commodities, só serão cultivadas de maneira a gerar os produtos que permitam honrar aqueles compromissos, se as transnacionais detentoras das patentes daquelas plantas autorizarem o uso de suas sementes. Significa o fim da soberania, um pais prostrado a serviço dos interesses do agronegócio.

Somos contra os transgênicos porque não somos tolos. Defendemos a agroecologia como modelo de produção capaz de produtos alimentos em escala, e de forma sustentável para alimentar o país de forma soberana e saudável.

* Membro da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, Coordenador do GT Agrotóxicos e Transgênicos da Associação Brasileira de Agroecologia, professor colaborador do Mestrado Profissional em Agroecossistemas da UFSC.

4 comentários

  1. continuar a escrever
    Sem desanimar amigo mas não a mais nada que não tenha molecula transgenica animais se alimentam de transgênicos acaba cendo tudo passado ao consumidor .Sou produtor gostaria muito de manter plantios convencionais entrei em falência a 2 anos atraz com plantios convencionais ,pois gastava muito para produzir ai competir com mercado em preços a baixo do investimento acabei falindo .Estou produzindo hoje apenas transgênicos foi uma forma de conseguir me estabilizar ,tirar meu sustento .Acredito eu que transgênico não e uma escolha de produtores ,mas sim de consumidores querendo produtos cada vez mais baratos ,pois hoje em dia a fatura do mês não é manter foco em alimentos e sim em luxo exemplo ;tecnologia ,casas,roupas ,variedade então sobra muito pouco para alimentar .Acredito eu que não vai ter volta pois quanto mais gente nasce mais se consome, e ninguém quer saber de tomates feios na mesa se compram os mais bonitos não e verdade?pois os feios alem de estar mais baratos foram os mais caros na produção por ser convencional .E tem a questão das hidroponias que produzem com apenas os nutrientes essenciais para a planta nada mais que o básico do básico e nitrogênio com força fora a questão de não pegar chuva que aplicam veneno e não e lavada a planta fica la ate ser colhida com agrotoxico Exemplo;alface hidropônico paga 1R$ por pé na roça ,convencional paga 8R$ a duzia que cada pé e palitado com 2 a 3 pés carregando todo nutriente do solo mais adicionados cendo muito mais saudável mas mesmo assim esta ficando para traz ,cliente não que alface de chão tem probabilidade de ter algum furinho nas folhas ,pode ter passado uma lesma .Tiverem um tempo parem em uma praça observam as pessoas que passam e analisam a situação delas maioria ta deformada não se preocupa em conhecer tabela periodica não quer saber de resolver problemas encarar situações difíceis querem apenas encher suas barrigas e dar rizadas serem sempre felizes não ligam com quantidade de acucares ingeridos ou carboidratos apenas comer oque e bom e fácil

  2. O mercado de consumo e agricultura querem ganhos imediatos, o consumidor quer preço justo, agregar mão de obra e preço, ao invés de saber a importancia que a agricultura tem emsemear e alimentar o mundo com boas semente. A falta de responsabilidade, quer superfaturar seus conhecimentos, colocando seus estudos e cobrar pelo aprendizado, superfaturando e permitindo que atravessadores de todo mundo visam só lucros. Com essas idéias primitivas de ganhos imediatos a população esta doente, afinal trabalham muito, ganham pouco, querem preços compativeis com o que ganha, a falta de gratidão, gera toda desordem e todos perdem, até quem pensa que é muito esperto, prova que seus conhecimentos foram mal aplicados e vão pagar a longo prazo!

  3. Precisamos organizar uma associação ou comunidade que informe e oriente sobre os produtos transgênicos.
    O produtor rural ficou sem alternativa, pois se quiser sobreviver terá que se render à produção agrícola de transgênicos.
    Vamos lutar mais

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