A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida é uma rede de organizações da sociedade que tem como objetivo denunciar os efeitos dos agrotóxicos e do agronegócio, e anunciar a agroecologia como caminho para um desenvolvimento justo e saudável da sociedade.
Fazem parte desta rede movimentos sociais do campo e da cidade, organizações sindicais e estudantis, entidades científicas de ensino e pesquisa, conselhos profissionais, ONGs, grupos de consumo responsável, entre muitas outras.
O lançamento oficial da Campanha ocorreu no dia 7 de abril de 2011, data escolhida por ser o Dia Mundial da Saúde. Desta forma, a relação entre agrotóxicos e os impactos negativos à saúde está marcada desde a origem da articulação.
Nascemos em um contexto de avanço do capitalismo no campo, simbolizado pelo agronegócio e todos os problemas estruturantes decorrentes a ele. Corporações transnacionais controlam a produção de mercadorias agrícolas (commodities), o comércio, o preços dos produtos, bem como a maioria das fábricas de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, sementes, mudas e matrizes animais, máquinas e equipamentos. Essa cadeia destrutiva se sustenta a partir da apropriação dos recursos naturais e da biodiversidade brasileira, deixam um rastro de morte e doenças.
Os agrotóxicos expressam uma das principais contradições do agronegócio: não é possível produzir monocultivos sem eles, no entanto, seus efeitos à saúde e ao meio ambiente são cada dia mais difíceis de serem encobertos. A produção sem agrotóxicos, por sua vez, já é realidade e depende apenas de políticas públicas para avançar.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida tem a perspectiva de consolidar uma rede em torno da luta unitária contra os impactos severos que os agrotóxicos causam na saúde humana e no meio ambiente. Ao mesmo tempo em que buscamos explicitar as contradições e malefícios gerados pelo agronegócio, também apresentamos a agroecologia como modelo de agricultura viável e capaz de cultivar alimentos e vida saudável.
Conheça os princípios que orientam a atuação da Campanha:
Princípios
- Agrotóxicos de uso agrícola, veterinário, em campanhas de saúde pública e em ambientes domésticos são um grave problema de saúde pública e representam uma violação do direito humano à alimentação adequada e saudável e a um ambiente equilibrado;
- Transgênicos e outras biotecnologias similares são tecnologias indissociáveis dos agrotóxicos e compõem o mesmo pacote que ameaça a nossa saúde, soberania e biodiversidade.
- A luta contra os agrotóxicos é uma luta contra o agronegócio.
- Lutamos contra o agronegócio em todas as suas dimensões:
- a bancada ruralista, que é a face do agronegócio dentro do Estado, responsável historicamente por induzir o uso agrotóxicos no país;
- o latifúndio, e sua produção de monocultivos de commodities para exportação;
- as empresas multinacionais de agrotóxicos e transgênicos, bem como as empresas que controlam a produção, logística, processamento e varejo de alimentos;
- os grandes veículos de comunicação que se esforçam em limpar a imagem do agronegócio;
- o capital financeiro e a especulação no mercado de terras e alimentos, que determinam quem pode comer e quem passa fome;
- todas as outras ações do capital que impactam a vida no campo, nas florestas e nas águas como o hidronegócio, a mineração e os grandes empreendimentos de infraestrutura.
- Consideramos que a única forma efetiva de combate à fome e de produção de alimentos saudáveis para a população é a agroecologia.
- O desenvolvimento da agroecologia no Brasil depende de políticas públicas com financiamento adequado, desde a realização da reforma agrária e garantia dos territórios, passando pela pesquisa, pela assistência técnica na produção até as políticas de comercialização de alimentos saudáveis.
- A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida é uma articulação entre organizações que compartilham estes princípios em busca de uma sociedade com justiça social e soberania popular. Somos movimentos sociais e redes das cidades, do campo, das florestas e das águas, ONGs, associações, cooperativas e grupos informais, sindicatos de trabalhadores/as do campo e da cidade, grupos de agroecologia, instituições públicas de ensino e pesquisa e mandatos parlamentares, e trabalhamos em nossos territórios a partir dos princípios da Campanha e de nossa realidade local.