Pesquisa comprova que exposição ao uso de agrotóxicos causa incidência e risco de metástase em mulheres agricultoras do Sudoeste do Paraná

Da Assesoar

Medida traz riscos de contaminação para a população – flickr.com/photos/defesaagropecuariasp


Estudo recém-publicado do grupo de Pesquisa do Laboratório de Biologia de Tumores, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de Francisco Beltrão, comprova que a exposição aos agrotóxicos causa incidência e risco de metástase aumentados em mulheres agricultoras.

Carolina Panis, coordenadora do estudo, expõe sobre o risco de contaminação que as mulheres tem, mesmo não trabalhando diretamente com os agrotóxicos.

“As mulheres agricultoras são expostas aos agrotóxicos de forma desproporcional, e por isso podem ter um risco maior de desenvolver doenças crônicas como o câncer. Neste estudo, investigamos o impacto da exposição ocupacional aos agrotóxicos e o risco de desenvolvimento de câncer de mama em 758 mulheres agricultoras da região Sudoeste do Paraná”, diz Carolina.

Segundo dados do Observatório do Uso de Agrotóxicos e Consequência para a Saúde Humana e Ambiental no Paraná, o estado lidera, na região sul, o consumo de agrotóxicos. No ano de 2019 foram 95.286 toneladas de agrotóxicos, com um aumento de 2,5% em relação à 2018.

Na região sudoeste do Paraná, o aumento do uso dessas substâncias também é preocupante. Segundo dados do SIAGRO, em 2013, foram utilizados na região mais de 8 mil toneladas de agrotóxicos, já em 2023 esse número saltou para mais de 15 mil toneladas.

“Observamos que essa região tem uma taxa de diagnóstico de câncer de mama 41% maior, e uma taxa de mortalidade 14% maior do que as médias nacionais e do estado do Paraná, além de um volume de comércio de agrotóxicos cerca de 6 vezes superior à média nacional. Identificamos ainda, uma alta exposição nessa população devido à lavagem de roupas e utensílios contaminados com agrotóxicos sem o uso de luvas de proteção”, relata Carolina Panis.

Para esta pesquisa foram coletadas amostras de urina de mulheres, para saber quais contaminações as mesmas foram expostas.

“Amostras de urina destas mulheres apresentaram contaminação por glifosato, atrazina e/ou 2,4-D, após este contato desprotegido com agrotóxicos. Observamos ainda, que existe um risco 58% maior de desenvolvimento de câncer de mama dentre as mulheres agricultoras, quando comparadas às mulheres da área urbana. Também documentamos um risco duas vezes maior de desenvolvimentos de metástases nas mulheres ocupacionalmente expostas aos agrotóxicos quando comparadas às mulheres da área urbana. Nossos resultados indicam que as mulheres expostas continuadamente aos agrotóxicos têm um risco aumentado de desenvolver câncer de mama com um perfil mais agressivo, destacando a necessidade de políticas públicas voltadas para a prevenção e vigilância destas populações”, apresentou Carolina.

A pesquisa com estes dados e o estudo completo, podem ser acessados aqui: Exposure to Pesticides and Breast Cancer in an Agricultural Region in Brazil

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