Homenagem a Silvio Tendler celebra legado de luta, cinema e generosidade

Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida 

Em uma cerimônia marcada por emoção e reconhecimento, durante o 3° Festival Internacional de Cinema Agroecológico (FICAECO), a vida e a obra de Sílvio Tendler foram celebradas por movimentos e organizações sociais. O cineasta que partiu em agosto de 2024 aos 75 anos, 57 deles dedicados ao cinema nacional, realizou grandes contribuições em importantes temas da sociedade brasileira, além de ter construído uma das mais emblemáticas ferramentas de luta contra os agrotóxicos e pela agroecologia: os documentários O Veneno Está na Mesa 1 e 2.

Segundo Alan Tygel, da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, Sílvio ter sido responsável por construir esse instrumento super importante para a luta contra os agrotóxicos também demonstrou o quanto ele foi uma pessoa engajada com a dimensão social em nosso país.

“Silvio tem uma frase que diz: “o pessoal diz que faço filmes sobre o passado, mas eles falam sobre o futuro.” E nós pudemos presenciar a generosidade dele, um cineasta consagrado que soube fazer um trabalho de escuta e produção coletiva que resultou no filme que foi fundamental nessa luta contra os agrotóxicos.”

Uma entrevista com Silvio Tendler, diretor do documentário O Veneno Está na Mesa, sobre o processo de produção do filme e a questão dos agrotóxicos no Brasil.

O povo indígena Xucuru, integrantes do Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (NEPS/Fiocruz) também esteve presente na homenagem ao cineasta e historiador. Silvio, que construiu uma filmografia marcada pelo olhar crítico sobre a história do Brasil e a defesa da justiça social, teve uma relação próxima e afetiva com o NEPS. Sua presença inspiradora influenciou uma geração de comunicadores, pesquisadores e militantes.

“Silvio sempre dizia que o cinema documental é importante, mas que devíamos também experimentar a ficção. Ele nos provocava a sonhar com novas formas de contar nossas histórias”, lembrou Marcelo Tingüi.

Considerando o legado do cineasta sobre a preservação da memória ser um ato de resistência, mais do que uma homenagem, o encontro reafirmou o compromisso de continuar o legado de Silvio Tendler — um artista que transformou o cinema em instrumento de memória, esperança e resistência.

“Presenciamos a generosidade de um cineasta que soube escutar e construir coletivamente. O filme e a luta continuam”, concluiu André Deco, da Fiocruz.

A homenagem foi promovida pelas lideranças indígenas, movimentos sociais, estudantes e pesquisadores parceiros, em reconhecimento à contribuição de Silvio Tendler para a construção de um cinema comprometido com os povos, com a natureza e com o futuro do Brasil.

O Festival realizado nos dias 16 e 17 de outubro de 2025, no Centro Cultural João Gilberto em Juazeiro na Bahia, aconteceu dentro da programação do 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que ocorrerá de 15 a 18 de outubro na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) em Juazeiro – BA.

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