
Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida
Durante a Cúpula dos Povos, que acontecerá entre os dias 12 a 15 de novembro na Universidade Federal do Pará (UFPA), um espaço especial será dedicado à articulação internacional das lutas contra o agronegócio e os agrotóxicos. A Tenda Berta Cáceres – Espaço Internacional Contra o Agronegócio e os Agrotóxicos reunirá organizações, movimentos sociais e ativistas de diferentes países em torno da agroecologia, da soberania alimentar e da defesa dos territórios.
Inspirada na trajetória da ativista hondurenha Berta Cáceres, símbolo global da resistência socioambiental, liderança indígena do povo Lenca, ativista ambiental e cofundadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), a tenda homenageia sua luta em defesa da terra e dos rios, interrompida tragicamente em 2016. A escolha do nome reafirma o compromisso do espaço com a memória das mulheres e dos povos que enfrentam a destruição ambiental e a violência do modelo capitalista de produção.
Jakeline Pivato, da coordenação da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, contextualiza sobre a Cúpula dos Povos ser um espaço de grande expressão do movimento social internacional, e que portanto, a participação da Campanha assume um papel fundamental nesse contexto.
“Nosso foco é articular e promover propostas relacionadas à agroecologia, soberania alimentar e resistência aos agrotóxicos. Justamente, por entender que a luta contra o agronegócio é global, estabelecermos parcerias com importantes organizações e redes internacionais, como a Via Campesina Internacional e organizações de direitos humanos, é central para intensificar os debates, as trocas de experiências e realizar atividades de Incidência Política e Construção de Propostas Conjuntas.”
A programação da Tenda
Com uma proposta dinâmica e acolhedora, a Tenda Berta Cáceres busca ser ponto de encontro entre a sociedade civil organizada e o público participante da Cúpula dos Povos, promovendo rodas de conversa, lançamentos de materiais, exposições e apresentações culturais. O ambiente também será espaço de troca de saberes e fortalecimento da cultura popular, reafirmando que a luta pela agroecologia é também uma luta pela vida e pela diversidade.
Entre as atividades programadas estão debates como “Contra as cercas verdes do capital: territórios de abastecimento popular e resiliência climática”, que discute as contradições das políticas de descarbonização e a financeirização da natureza, e “Responsabilização das transnacionais dos agrotóxicos por violações de direitos humanos”, voltada à construção de mecanismos internacionais de controle e reparação. Outro destaque é a roda de conversa “Desafios e estratégias jurídicas frente às violações causadas por agrotóxicos”, promovida pelo Coletivo Zé Maria do Tomé, que abordará experiências de acesso à justiça e enfrentamento à impunidade.
Mirelle Gonçalves, da Campanha Contra os Agrotóxicos, ressalta que esse é um espaço de pensar, refletir e conspirar lutas internacionais contra esse modelo hegemônico do agronegócio.
“É um espaço que articula rodas de conversas sobre a temática dos agrotóxicos sobre a agroecologia e as saídas para a crise climática e ambiental desde os povos dos campos, águas e florestas. Além disso, irá abrigar exposições de fotos com a intenção de dimensionar a problemática dos agrotóxicos internacionalmente e provocar debates sobre a necessária redução desses produtos tóxicos e também o banimento dos mesmos. Algo que entendemos ser possível com uma legislação internacional integrada para controle desses produtos tóxicos e nocivos à saúde.”
A Tenda Berta Cáceres é uma iniciativa articulada pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, com a participação de diversas organizações nacionais e internacionais, como Via Campesina Internacional, FIAN Brasil, Terra de Direitos, Fundação Heinrich Böll, Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama), além de Justiça nos Trilhos e da Rede de Médicos e Médicas Populares.
Mais do que um espaço de debates, a Tenda se propõe a ser um território simbólico de resistência, solidariedade e construção coletiva, onde se cruzam experiências e vozes que reafirmam: outro modelo de agricultura e de sociedade é possível — e já está sendo construído desde os territórios.
