Em sua programação, a Tenda Berta Cáceres reúne arte, debates e resistência na COP30

Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida

Entre os dias 12 e 15 de novembro, a Tenda Berta Cáceres será um dos espaços de destaque na programação da Cúpula dos Povos durante a COP30, reunindo arte, diálogos internacionais, debates e articulações em defesa dos territórios livres e saudáveis. O espaço, dedicado à memória da líder indígena e ambientalista hondurenha, reafirma a centralidade das lutas populares contra os agrotóxicos, o extrativismo e as falsas soluções climáticas, promovendo uma agenda que une arte, denúncia e esperança.

12/11 — Chegada e abertura da tenda

O primeiro dia marca o acolhimento das organizações e movimentos que integram a Tenda, com a montagem do espaço e abertura simbólica das atividades.

13/11 — Arte, memória e resistência: “Dezuó, Breviário das Águas” e Enlace Internacional Contra os Agrotóxicos

A programação do dia 13 começa às 10h30, com a leitura dramática de “Dezuó, breviário das águas”, escrita e interpretada pelo dramaturgo e poeta paraense Rudinei Borges.
A obra aborda a resistência dos povos ribeirinhos do alto rio Tapajós diante da ameaça das hidrelétricas na Amazônia. A narrativa combina lirismo e denúncia social, acompanhando Dezuó, personagem que retorna ao vilarejo onde nasceu e encontra sua comunidade submersa pelas águas. Inspirado em vivências junto a comunidades amazônidas, o texto transforma o drama ambiental em reflexão poética sobre memória, dor e a força simbólica das águas — espaço de resistência e esperança.

Às 14h, acontece o Enlace Internacional Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, com o tema “A Agroecologia e a Resistência Popular na Luta pelos Territórios Livres e Saudáveis”, dividido em dois momentos:

Análise de Conjuntura Internacional, com Larissa Packer (advogada socioambiental, Grain), Larissa Bombardi (USP/IPSA) e Carol Acevedo (Red Apícola del Chile / Via Campesina);

Resistência Popular nos Territórios, com Deputado Adão Pretto Filho (RS), Ariana Gomes (Rama) e Marcos Filardi (Movimiento por la Salud de los Pueblos / ETC Group).

14/11 — Contra as cercas verdes do capital e responsabilização das transnacionais dos agrotóxicos

Às 10h, será realizado o debate “Contra as cercas verdes do capital: territórios de abastecimento popular e resiliência climática”, organizado por GRAIN, ANA, MST e MPA.

A atividade propõe uma análise crítica sobre o Programa Caminho Verde Brasil, que, sob o discurso de “recuperação ambiental” e “descarbonização”, pode representar a expansão dos monocultivos e novas formas de financeirização da natureza. O encontro busca articular a denúncia das falsas soluções climáticas e afirmar alternativas construídas desde os territórios, como o plantio de árvores com alimentos e o fortalecimento do abastecimento popular.

Às 14h, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida promove o encontro “Responsabilização das transnacionais dos agrotóxicos por violações de direitos humanos”.
O objetivo é discutir mecanismos de responsabilização internacional, o banimento global de substâncias já proibidas em seus países de origem e o fortalecimento das legislações nacionais. A atividade busca ampliar a articulação internacional para enfrentar o poder corporativo e garantir justiça e reparação às populações afetadas.

15/11 — Desafios e estratégias jurídicas frente às violações causadas por agrotóxicos

Encerrando a programação, às 16h, o Coletivo Zé Maria do Tomé e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida realizam uma roda de conversa sobre os desafios e estratégias jurídicas diante das violações de direitos humanos e ambientais provocadas pelo uso de agrotóxicos.
O encontro reunirá advogadas, defensoras e movimentos populares para compartilhar experiências de enfrentamento à impunidade, discutir entraves institucionais e construir caminhos de incidência judicial e extrajudicial.

A Tenda Berta Cáceres reafirma-se como um território de diálogo, memória e ação coletiva, onde arte, justiça ambiental e soberania popular se encontram. Ao longo dos quatro dias, o espaço será um ponto de convergência entre movimentos do Brasil e do mundo que lutam por um futuro livre de venenos e por territórios saudáveis e vivos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *