Por Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
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No mês em que se completa quatro anos do grave caso de deriva de agrotóxicos que afetou diretamente 30 famílias nos assentamentos de reforma agrária Santa Rita de Cássia II, Itapuí e Integração Gaúcha, localizados na Região Metropolitana de Porto Alegre. Nesta terça (12), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul deve votar o Projeto de Lei 442/23, de autoria do deputado Marcus Vinícius de Almeida (PP), que declara que a aviação agrícola é atividade de relevante interesse social, público e econômico em todo o território do Estado do Rio Grande do Sul, potencializando a pulverização aérea de agrotóxicos.
O impacto dessa prática nos assentamentos da reforma agrária, onde a exposição direta e indireta resultou em danos à saúde e ao meio ambiente, levou o poder judiciário a conceder liminar proibindo a pulverização aérea próxima aos assentamentos atingidos.
No relatório “Agrotóxicos e violações de direitos humanos no Brasil: denúncias, fiscalização e acesso à justiça”, que aborda o caso de Santa Rita de Cássia, ressalta-se que a pulverização aérea de agrotóxicos, recorrente no país, já demonstrou ser uma das formas mais danosas de aplicação de venenos agrícolas, especialmente devido à dispersão de substâncias químicas sobre áreas adjacentes, contaminando o solo, a água e o ar de comunidades inteiras.
“É o modo de aplicação que mais causa exposições permanentes a coquetéis de substâncias químicas, prejudicando a saúde de populações rurais submetidas a viver em ambiente com contaminação química recorrente, ocasionando violações gravíssimas de direitos humanos, especialmente de pessoas mais vulneráveis como bebês, crianças, adolescentes, gestantes, povos originários, ribeirinhos, assentados e comunidades tradicionais e quilombolas”, destaca o documento.
Para a Campanha Contra os Agrotóxicos, trata-se de um PL inconstitucional que distorce o conceito de interesse social e que fere o princípio de vedação de retrocesso ambiental, pois favorece uma atividade altamente poluidora e põe em risco a saúde humana e o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Reforça-se que o ideal é a proibição total da prática da pulverização aérea de agrotóxicos e, conjuntamente, implementar políticas de redução de agrotóxicos no Brasil e de fortalecimento da produção agroecológica de alimentos para o povo brasileiro.
Além de danos à saúde de moradores adjacentes à pulverização, estes agrotóxicos estão presentes na mesa de toda a população.