28 de Abril: Em memória das vítimas de acidentes e doenças do trabalho, denunciamos o veneno que adoece e mata no campo

Da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

No 28 de abril, Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida se soma à luta por justiça e visibilidade para quem adoece e morre em silêncio, vítima de um modelo de produção que contamina corpos, terras e águas.

No Brasil, trabalhadoras e trabalhadores rurais estão entre os mais afetados pela exposição direta a agrotóxicos. A realidade dos assalariados e assalariadas do campo é marcada pela falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados, pela ausência de informação sobre os riscos e pelas enormes dificuldades em registrar os acidentes de trabalho.

De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS), o país registra cerca de 8 mil casos anuais de intoxicação por agrotóxicos. No entanto, esses números não mostram a realidade completa. A subnotificação é a regra: muitos casos de intoxicação e doenças ocupacionais não são notificados. Seja pelo medo de retaliação dos patrões, pela falta de acesso a serviços de saúde, ou pela ausência de apoio para o preenchimento da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), trabalhadores e trabalhadoras acabam invisibilizados nas estatísticas oficiais.

Além dos efeitos imediatos da intoxicação — como dores de cabeça, vômitos e desmaios —, a exposição contínua a agrotóxicos provoca efeitos crônicos que podem aparecer anos depois, como câncer, infertilidade, doenças neurológicas, distúrbios hormonais e respiratórios. Muitas vezes, esses agravos não são reconhecidos como doenças do trabalho, o que dificulta ainda mais o acesso a direitos e reparações.

Como reforça Gabriel Bezerra, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (CONTAR), “a exposição a agrotóxicos tem um impacto significativo na saúde dos trabalhadores assalariados e assalariadas rurais, podendo causar uma variedade de problemas, desde intoxicações até doenças crônicas como câncer e a morte em muitos casos e problemas do sistema nervoso. As pulverizações acontecem de diferentes formas nas regiões, desde bomba costal até aviões são usados pelos trabalhadores/as.”

É importante destacar que, embora o uso de EPIs seja indispensável, não existe uso seguro de agrotóxicos. A contaminação pode ocorrer em diversos momentos da cadeia, desde a produção industrial, transporte, armazenamento, manipulação, aplicação até a lavagem inadequada dos próprios EPIs. Mesmo quando utilizados corretamente, os equipamentos não garantem proteção total, já que os agrotóxicos podem atingir o trabalhador por vias respiratórias, contato com a pele e mucosas, além de permanecerem no ambiente e nos alimentos.

Gabriel Bezerra também chama atenção para a realidade de vulnerabilidade dos assalariados(as) rurais. “O uso inadequado ou ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs) aumenta significativamente o risco de exposição. Infelizmente os assalariados e assalariadas rurais estão expostos a uso de veneno não por vontade própria mas sim pela necessidade de manter suas famílias.”

Desde 2023, a CONTAR integra a coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, fortalecendo a luta pela saúde e pelos direitos de quem alimenta o país.

🌱 Por memória, justiça e vida digna no campo e na cidade, seguimos em luta contra os agrotóxicos e por um outro modelo de produção, baseado no cuidado com a terra, com a natureza e com as pessoas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *