“O que está em risco aqui é a nossa capacidade futura de produção de alimentos”, apontou Lacôrte. “A verdadeira soberania alimentar é cuidar dos nossos recursos naturais, dos quais dependemos para produzir, e não esgotá-los, como está fazendo a agricultura defendida pelo agronegócio”.
Em documento entregue à ONU, o grupo de organizações da sociedade civil relata às instâncias internacionais o sucateamento da Fundação Nacional do Índio (Funai); a ineficiência do Conselho Nacional de Políticas Indigenista (CNPI), adjetivado como paternalista, ao não cumprir com sua função de controle social das políticas voltadas aos povos indígenas; a paralisação nas demarcações das Terras Indígenas (TIs) e os alarmantes casos de suicídio entre os Guarani e Kaiowá, “devido à falta de perspectiva e políticas preventivas, por não haver seus territórios tradicionais”.
“A cada dia nossos direitos estão sendo diminuídos, cortados. Mas nós vamos continuar lutando e dizendo: ‘nós estamos aqui’", afirma. “Nós estamos na luta para a terra ser melhor. Nós vivemos hoje o legado do sangue dos nossos antepassados. Nossos mártires hoje, quilombolas, indígenas, que estão sendo assassinados porque estão lutando pelo direito à vida.”
Alternativa mais viável para produzir alimentos livres de agrotóxicos e transgênicos para todos dentro de uma perspectiva de proteção ao meio ambiente e criação de emprego e renda para pequenos agricultores, a ciência agroecológica é ignorada pelos meios de comunicação. O agronegócio, baseado na monocultura em grandes extensões de terra, com uso intensivo de insumos químicos e biotecnológicos, tem 95% do espaço nos meios de comunicação. Já a agroecologia fica com apenas 5%.
Em seu quarto evento consecutivo, Imoacir afirma que a cozinha das jornadas é bem mais que um simples local de alimentação, mas constitui-se em espaço de formação, confraternização e partilha entre a militância. “Esse é o coração da Jornada da Agroecologia, sem isso não tem outras atividades. Esse espaço é formativo. Aqui você lida com crianças, jovens, donas de casa, agricultores, expositores, dirigentes, convidados, imprensa. Toda a cultura da agroecologia é vivida neste momento”.