Organizações denunciam secretaria municipal e deputado por distribuir milho transgênico em MG

Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida

No início desta semana, organizações e movimentos receberam com surpresa o anúncio de uma distribuição de sementes de milho transgênico pela Secretaria de Agricultura do município de Alto Jequitibá, em Minas Gerais, para os/as agricultores/as da região.

A propaganda destaca que a ação é uma parceria entre o município e o deputado federal Mario Heringer (PDT/MG) e que a semente é tolerante ao glifosato. Há anos o glifosato vem sendo alvo de denúncias sobre seus impactos no meio ambiente e na saúde da população. Além disso, está comprovado que o milho transgênico contamina o milho crioulo e promove erosão genética, além de gerar dependência em relação às grandes empresas donas da tecnologia, uma ação como essa gera desequilíbrio na biodiversidade das variedades locais de sementes, que são mais adaptadas ao clima e solo de cada região, e portanto, mais resistentes aos efeitos da mudança climática.

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida se soma à denúncia feita pelo Polo Agroecológico da Zona da Mata, e repudia o fato de instituições públicas e representantes legislativos fazerem uso de seu poder para propagar e realizar ações que vão na contramão da saúde pública e cuidado com o meio ambiente.

Confira abaixo na íntegra a nota do Polo Agroecológico da Zona da Mata:

Foi com surpresa e indignação que os movimentos e as entidades que compõem o Polo Agroecológico e de Produção Orgânica da Zona da Mata recebemos a informação de que a prefeitura de Alto Jequitibá, com apoio do deputado federal Mario Heringer, planeja para esta quinta-feira, dia 23 de maio, uma distribuição de sementes de milho transgênico para os agricultores do município. A propaganda divulgada via internet ainda destaca que a semente é tolerante ao glifosato.

As famílias agricultoras são por natureza guardiãs das variedades locais de sementes crioulas, que são mais adaptadas ao clima e solo de cada região, mais resistentes aos efeitos da mudança do clima e produzem alimento de melhor qualidade. Está comprovado que o milho transgênico contamina o milho crioulo e promove erosão genética, além de gerar dependência em relação às grandes empresas donas da tecnologia.

O glifosato, ingrediente ativo dos herbicidas conhecidos pelo nome comercial Roundup, é classificado como potencial cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde além de ser substância que reduz a fertilidade humana, como mostram muitos estudos recentes. Não à toa, a Bayer, que comprou a Monsanto em 2018, vem sendo condenada pela Justiça americana a pagar indenizações bilionárias a pessoas que desenvolveram câncer no sistema imunológico (linfoma não-Hodgkins) em decorrência do contato com o herbicida. São mais de 165.000 ações do tipo que buscam responsabilizar a empresa nos Estados Unidos.

A iniciativa em Alto Jequitibá vai na contramão do interesse local, da saúde púbica, da segurança alimentar, do meio ambiente e do fortalecimento da agricultura familiar. Convidamos as entidades da agricultura familiar e o poder público de Alto Jequitibá a se aproximarem da dinâmica do Polo Agroecológico da Zona da Mata e a valorizar as riquezas do seu território, como o saber das famílias agricultoras na seleção e cuidado com as sementes crioulas e com o alimento saudável.

Plenária virtual do Polo Agroecológico e de Produção Orgânica da Zona da Mata

Minas Gerais, 22 de maio de 2024 – Dia Internacional da Biodiversidade.

3 comentários

  1. Quanto horror. Quanto crime. Quanto desrespeito à vida. Isto significa mais exposição humana ao Glifosato e menos biodiversidade.

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