Desde o início, os protestos dos ruralistas iam do fechamento da rodovia a ameaças de derrubar a floresta toda caso não houvesse a redução da unidade de conservação: “Não quero, mas vamos derrubar essas árvores todinhas.”, disse, em 2006, Agamenon da Silva Menezes, presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Novo Progresso. Repetia-se à exaustão o discurso de que a reserva ambiental “engessou a região e proibiu que os moradores continuassem a produzir”. Os dados mostram que as ameaças não se limitaram apenas a palavras.
O descaso do Estado, o peso dos preconceitos, as perseguições, criminalizações a que ficaram sujeitas, a ponto de mal sobreviverem hoje no que já foi o seu território, descritas naqueles estudos, se forem comparadas com o que estão sofrendo hoje, aumentaram em vez de diminuir.
O fenômeno da seca, vivenciado pelos estados nordestinos, agrava a conflitualidade. O estado do Ceará, com 3 conflitos envolvendo 410 famílias, é emblemático com relação à violência das políticas hídricas implementadas pelos governos. Em síntese, ao agronegócio tudo: com seus perímetros irrigados envenenados e a carcinicultura devastadora.
O observatório foi lançado em setembro de 2016. Com verba para funcionar por seis meses. Como houve mais doações, o período foi estendido por mais um mês. Mas agora o projeto depende novamente do leitor para sobreviver. “Colocamos o número de parceiros como meta porque não se trata apenas de dinheiro, mas da necessidade de construção de uma rede de apoiadores”, diz o coordenador do De Olho, Alceu Castilho.