No Dia Internacional das Mulheres, celebramos as inúmeras lutas travadas por mulheres ao redor do mundo por igualdade, justiça e respeito. Entre essas lutas, destaca-se a batalha contra um inimigo invisível, mas profundamente presente em nossas vidas: os agrotóxicos usados pelo agronegócio. Essas substâncias tóxicas não só contaminam nosso ambiente e alimentos, mas também representam uma violação direta aos corpos e territórios das mulheres, especialmente daquelas que vivem em áreas rurais e comunidades tradicionais.
Os agrotóxicos são agentes de uma violência silenciosa e persistente. Estudos mostram que a exposição a essas substâncias está ligada a uma série de problemas de saúde reprodutiva, incluindo infertilidade, abortos espontâneos e má-formação congênita. Mulheres agricultoras e aquelas que vivem próximas a áreas de monocultivo, que fazem uso intensivo dos agrotóxicos, são as mais afetadas, uma vez que se encontram cercadas por um ambiente que ameaça sua saúde, seu modo de vida e sua autonomia sobre o próprio corpo.
Além dos impactos físicos, a invasão do agronegócio em territórios tradicionais desencadeia um conjunto de violências, deslocando comunidades, dizimando culturas e destruindo a biodiversidade. Neste contexto, as mulheres desempenham um papel crucial na resistência e na manutenção dos laços comunitários e da sustentabilidade ambiental, atuando firmemente na luta por reforma agrária, pela demarcação das terras indígenas, quilombolas, por justiça e proteção em todas as dimensões sociais.
Em resposta a esses desafios, mulheres de todo o mundo estão em pé e em luta na defesa da agroecologia como um caminho para a soberania alimentar e a recuperação de seus territórios. Através da agroecologia, com práticas agrícolas que respeitam os ciclos da natureza e promovem a biodiversidade, elas estão construindo alternativas ao modelo destrutivo e adoecedor do agronegócio. Essas mulheres são a prova viva de que outro futuro é possível — um futuro onde a terra é tratada com respeito, e não como uma mercadoria.
Nesse sentido, Campanha Contra os Agrotóxicos luta para que políticas públicas sejam estabelecidas e fortalecidas, protegendo as mulheres dos impactos dos agrotóxicos e incentivando práticas agrícolas sustentáveis. Medidas como a proibição de agrotóxicos, o apoio à transição para a agroecologia e a implementação de programas de vigilância popular e saúde voltados para comunidades do campo e da cidade são essenciais.
A Campanha, ao destacar a luta contra os agrotóxicos e pelo avanço da agroecologia, reafirma o seu compromisso com a saúde da terra e de sua população, especialmente, daquelas em comunidades impactadas pelo uso de agrotóxicos, que estão na vanguarda dessa batalha, mostrando-nos o caminho para um futuro mais justo e sustentável.
Mulheres por comida, corpos, territórios livres de agrotóxicos