Campanha contra os Agrotóxicos denuncia falsas soluções climáticas na COP30 e defende a agroecologia como caminho

Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida

A Campanha contra os Agrotóxicos e pela Vida, composta por diversos movimentos e organizações populares, reafirma em declaração que a crise ambiental é fruto do modelo capitalista e exige medidas concretas de transição agroecológica.

O documento traz subsídios e alertas que dialogam com os debates da Cúpula dos Povos na COP30, que acontece em Belém (PA). Na declaração, a Campanha critica as chamadas “falsas soluções” apresentadas por governos e empresas transnacionais frente à crise climática, destacando o modelo de produção capitalista e o agronegócio como principais responsáveis pelo colapso social e ambiental que afeta o planeta.

Segundo texto, a expansão sem limites da produção e a exploração dos bens comuns da natureza já romperam o limite de 1,5 °C do aquecimento global, provocando desastres em série como enchentes, secas e incêndios — cujas vítimas são, sobretudo, as populações periféricas, camponesas e tradicionais.

A Campanha denuncia ainda a presença de grandes corporações entre os patrocinadores e delegações oficiais da COP30, como Bayer, Syngenta e Nestlé, apontando que a influência dessas empresas inviabiliza qualquer solução real para a crise climática. “Nada podemos esperar de uma COP composta por governos capturados pelas empresas transnacionais”, afirma o texto.

Agrotóxicos e agronegócio no centro da crise

O movimento destaca que o agronegócio é responsável por cerca de 74% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, sustentado pelo uso massivo de agrotóxicos que contaminam solo, água e comunidades. “São os agrotóxicos que viabilizam as extensas monoculturas que destroem a biodiversidade”, diz a declaração.

Em contraposição, a Campanha reafirma que a agroecologia é o caminho capaz de enfrentar a crise climática, produzindo alimentos saudáveis, restaurando ecossistemas degradados e fortalecendo a soberania alimentar dos povos. Entre as tecnologias defendidas estão as sementes crioulas, os sistemas agroflorestais e os bioinsumos.

Demandas concretas por justiça ambiental

A declaração propõe um conjunto de medidas urgentes, como:

Criação de Zonas Livres de Agrotóxicos em áreas de produção agroecológica e territórios tradicionais;

Fim de incentivos fiscais e créditos facilitados ao uso de venenos agrícolas;

Criação de um fundo soberano de transição agroecológica com gestão popular;

Responsabilização internacional das empresas transnacionais pelos crimes ambientais;

Banimento global dos agrotóxicos altamente perigosos;

Implementação da Declaração da ONU sobre os Direitos dos Camponeses e Camponesas.

“Nenhum passo atrás”

Encerrando o texto, a Campanha reforça que apenas a força organizada dos povos poderá construir um novo modelo de relação com a Terra, baseado na justiça social, na soberania alimentar e no respeito aos ciclos da natureza.

“A crise ambiental e social que enfrentamos não será superada pelas mãos de quem a criou. Seguiremos em luta contra o envenenamento da vida e pela soberania dos povos — nenhum passo atrás!”

Confira na íntegra em português, inglês e espanhol.

Declaration of the Permanent Campaign Against Pesticides and for Life at the People’s Summit during COP30.

Declaración de la Campaña Permanente Contra los Agrotóxicos y por la Vida en la Cumbre de los Pueblos durante la COP30

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