Seminário Contra os Agrotóxicos lança Carta propondo outro modelo agrícola para o Vale do São Francisco

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Como resultado do Seminário da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, realizado nesta terça-feira (25), no Auditório do Campus Petrolina do IF Sertão-PE, foi produzida uma Carta Aberta em que integrantes dos movimentos sociais, estudantes do IF, Uneb e Univasf, professores universitários e trabalhadores/as rurais fazem um balanço dos danos causados à saúde e ao meio ambiente pelo uso dos agrotóxicos na agricultura. Entre outras providências, apontam a necessidade de enfrentar o modelo do agronegócio, que, a partir da aliança entre latifundiários e empresas multinacionais, provoca a concentração de terra e renda, ameaça a soberania nacional, adoece as pessoas e destrói os territórios e costumes das comunidades camponesas. 

Em contraposição ao agronegócio, foi discutido e proposto outro modelo de desenvolvimento agropecuário: a agroecologia, que respeita todas as formas de vida, garante a soberania e segurança alimentar do povo brasileiro, possibilitando a troca de experiências entre o conhecimento científico e o saber popular na transformação de sementes crioulas em alimentos saudáveis e diversificados. Para tanto, é necessário romper o patriarcado e a divisão sexual do trabalho, reformular os currículos acadêmicos das ciências agrárias, desenvolver o sistema camponês de produção, banir o uso de agrotóxicos na agricultura, investir em pesquisas destinadas à produção agroecológica e em políticas públicas que assegurem a auto-sustentação das comunidades rurais.

O evento teve um caráter formativo, com análise da conjuntura brasileira, exibição do documentário “Agrotóxico: uma agricultura da morte” e trabalhos em grupos. “As experiências compartilhadas pelas organizações denunciam uma triste realidade que infelizmente faz parte do dia-a-dia de milhares de trabalhadores/as rurais, demonstrando que os impactos da utilização de agrotóxicos não são só agrícolas, mas também de saúde coletiva”, avalia Diego Albuquerque, estudante de Agronomia da Uneb e integrante da coordenação da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
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Leia abaixo a Carta Aberta:

Carta de Petrolina

Seminário da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida

Nós, mulheres camponesas, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, integrantes dos movimentos sociais, estudantes e professores presentes no Seminário da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, realizado no dia 25 de setembro de 2012, em Petrolina/PE, trocamos experiências sobre os impactos dos agrotóxicos em nossas organizações e constatamos a existência de dois modelos de desenvolvimento em disputa na sociedade brasileira.

O modelo do agronegócio, que, a partir da aliança entre latifundiários e empresas multinacionais, provoca a concentração de terra e renda, ameaça a soberania nacional, adoece as pessoas e destrói os territórios e costumes das comunidades camponesas. E, em contraposição, o modelo da agroecologia, que respeita todas as formas de vida, garante a soberania e segurança alimentar do povo brasileiro, possibilitando a troca de experiências entre o conhecimento científico e o saber popular na transformação de sementes crioulas em alimentos saudáveis e diversificados.

Para que a Agroecologia triunfe é preciso superar alguns desafios: romper o patriarcado e a divisão sexual do trabalho, que responsabliza a mulher pelo trabalho reprodutivo e o homem pelo produtivo; reformular os currículos acadêmicos das ciências agrárias, que estão descontextualizados e direcionados à formação de mão-de-obra para o agronegócio; desenvolver o sistema camponês de produção, ampliando o projeto popular e soberano para o Brasil; banir o uso de agrotóxicos na agricultura, salvaguardando a saúde e a autonomia de trabalhadores/as e consumidores/as; investir em pesquisas destinadas à produção agroecológica e em políticas públicas que assegurem a auto-sustentação das comunidades rurais.

Nos nossos relatos apareceu a necessidade de fazer um trabalho de base junto às comunidades rurais e urbanas, utilizando os instrumentos de diálogo elaborados pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, como o documentário “O veneno está na mesa”, o abaixo-assinado que pede o banimento dos agrotóxicos já banidos em outros países e todas as forças possíveis para consolidar práticas de bases agroecológicas. Precisamos também ampliar os intercâmbios produtivos e fortalecer os canais de diálogo entre os movimentos do campo e da cidade.

Para isso, é fundamental retomarmos as mobilizações massivas, pois quando estamos na rua sentimos o embate mais vigoroso com os setores da burguesia. Assim, todas as organizações estão convocadas para no dia Mundial da Soberania alimentar, 16 de outubro, construir uma intervenção em Petrolina. É o momento indispensável para divulgar e valorizar as experiências agroecológicas que desde sempre marcam a história de lutas e resistências do povo camponês. O desafio está lançado.

Agronegócio só traz pobreza, queremos para o mundo agricultura Camponesa!

Petrolina, 25 de setembro de 2012

Comitê Regional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)

Coletivo Feminista do Vale do São Francisco

Consulta Popular

Rede de Educação Cidadã (RECID)

Levante Popular da Juventude

Grupo de Agroecologia Umbuzeiro

Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB)

Diretório Acadêmico de Medicina da Univasf (DAMUNI)

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