Equipe de reportagem acompanhou os produtores rurais por três meses. Idaf admite falhas na fiscalização e orientação dos agricultores.
Apesar da venda de agrotóxicos no país ser amparada por lei, muitos produtores rurais não têm o conhecimento correto de como manusear a substância, que pode ser prejudicial à saúde. A falha é reconhecida pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), que explicou que o órgão precisa investir mais em orientação aos agricultores. Durante três meses, uma equipe de reportagem do ESTV 2ª Edição acompanhou o uso de agrotóxicos por parte dos produtores, em três regiões do estado. (Veja acima a segunda reportagem da série)
Sem proteção alguma, o primeiro flagrante mostrou um produtor de Itapemirim, na região Litoral Sul, aplicando o agrotóxico sem proteção de máscara, luvas ou roupa apropriada. “A gente tem que passar, no máximo, três bombas, porque se passar o dia todo ninguém agüenta”, explicou.
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Já em Venda Nova do Imigrante, na região Sudoeste Serrana, outro flagrante foi feito. Um agricultor aplicava o produto usando como única proteção um par de botas. “Não precisa usar máscara. A gente tem é que prevenir a lavoura, minha plantação de tomate pegou uma doença há poucos dias e consegui combatê-la”, explicou o produtor.
Um levantamento feito pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), neste ano, revelou que a exposição a produtos químicos e a falta de equipamentos de segurança adequados estão entre os causadores de mais de 19 tipos de câncer. Entre eles estão os canceres de pulmão, de pele, fígado, laringe, bexiga e diversas leucemia. A coordenadora do Centro de Atendimento Toxicológico (Toxen), Sony Itho, explicou que muitas vezes os sintomas de pacientes expostos a agrotóxicos se confundem com outras doenças.
“Às vezes os médicos não ficam atentos aos quadros que aparecem, que são um pouco floriados em relação ao que ele costuma ver. O Centro de Intoxicação vive muito sob a ótica do atendimento agudo, por dificuldade mesmo de se dar diagnóstico de intoxicações crônicas, que são as que ocorrem nas áreas rurais”, explicou.
O Idaf admite as falhas na fiscalização. “Nós não temos como controlar todas as propriedades, isso seria inviável. Uma falha e ao mesmo tempo uma necessidade que existe aqui é a realização de um trabalho preventivo. Precisamos investir mais em assistência, orientação com relação à esse produto. Infelizmente essa orientação não abrange todos os produtores de forma satisfatória”, disse o chefe de inspeção do Idaf, Ezeron Tompson.
Veja a reportagem: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2012/11/flagrante-mostra-uso-de-agrotoxicos-sem-protecao-no-es.html