Um vinicultor da região de Côte-d’Or, na Borgonha francesa, está sendo processado pela prefeitura local por se recusar a usar agrotóxicos em sua produção.
A família de Emmanuel Giboulot, em sua propriedade de dez hectares, se dedica à produção biodinâmica –na qual, além de refutar o uso de elementos químicos, leva-se em conta fatores como a influência do sol e da lua sobre as plantas e a preservação da biodiversidade local.
Por causa dessa tradição, o produtor se recusou a seguir um decreto, emitido em junho pela prefeitura, que obriga todos os vinicultores a fazer ao menos uma aplicação de inseticida em suas vinícolas.
A medida foi tomada como forma de combate à cicadela, praga que causa a flavescência dourada, doença que prejudica as videiras; não foram identificados focos da praga nas propriedades próximas à de Giboulot, mas, em 2011, a cicadela devastou a região de Saône-et-Loire, ao sul de Côte-d’Or.
Depois de uma inspeção feita em julho pelo Serviço Regional de Alimentação, Giboulot foi convocado a comparecer ao tribunal em 12 de novembro para se explicar, mas a audiência foi postergada e ainda não tem data para ocorrer.
Por desobedecer o decreto, o produtor corre o risco de ser penalizado em 30 mil euros (R$ 97 mil) e até seis meses de prisão. Uma página no Facebook foi criada em apoio a ele.
“Eu estou muito ciente do perigo que essa doença pode representar, mas me parece completamente desmesurado fazer um tratamento sistemático se não foi verificado nenhum foco [da praga em Côte-d’Or]”, disse Giboulot ao site francês Basta!.
“[Um tratamento com agrotóxicos] significa destruir uma parte da fauna auxiliar, que gera o equilíbrio de nosso vinhedo –cultivamos uvas de forma biodinâmica há 43 anos”, completou.
Giboulot se opõe até ao único pesticida aceito por produtores orgânicos, feito a partir de plantas secas –ele não seria “seletivo” e, portanto, destruiria a fauna e flora auxiliares da mesma maneira.