Como noticiamos largamente durante a semana, a disputa no campo científico em torno do Pacote do Veneno estava complemente favorável ao veto do Projeto de Lei 6299/2002. Nada menos do que as mais importantes instituições públicas do Brasil, com a Fiocruz, o INCA, a Anvisa, o Ibama, além do Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho, publicaram em seus sites notas técnicas claramente contrárias ao Pacote do Veneno. Até o dia da última sessão (16/05), não se tinha notícia de sequer uma instituição pública que houvesse se manifestado a favor do projeto de lei.
Eis que, durante a sessão da Comissão Especial, surge uma nota técnica da Embrapa – supostamente favorável ao projeto. Um alívio para os ruralistas, pois a situação estava feia para eles.
No entanto, na leitura da atenta da nota percebe-se várias críticas ao projeto. A nota ressalta a importância da participação da Anvisa e do Ibama no processo de registro de agrotóxicos, alerta que não se deve retirar os critérios de exclusão de agrotóxicos cancerígenos, e que é fundamental que haja um prazo de validade para o registro. Mesmo assim, a nota se posiciona, de forma geral, a favor do projeto.
Um olhar mais atento, contudo, revela que, ao contrário das outros notas técnicas, esta não é assinada pela Embrapa, como instituição, mas sim por dois pesquisadores: Robson R. M. Barizon e Marcelo A. B. Morandi, sendo o segundo Chefe-Geral da Embrapa Meio Ambiente. A nota não está disponível em destaque no site da Embrapa, como é o caso das outras. E, pasmem os leitores e leitoras: o primeiro autor é ex-funcionário da Syngenta.
Durante a sessão do dia 16, alguns deputados, entre ele João Daniel, do PT/SE, e Ivan Valente, do PSOL/SP, afirmaram claramente que o Pacote do Veneno era um projeto de interesse das empresas, e que os deputados que ali o defendiam estava a serviço das multinacionais.
Como se não bastassem todas os indícios, o único documento de órgão público favorável ao PL vem foi escrito por um ex-funcionário da Syngenta.
Seria muito oportuno que a Embrapa esclarecesse o episódio.
[…] Autor na nota técnica da Embrapa é ex-funcionário da Syngenta […]
Seria cômico se não fosse trágico
Fico sempre espantado de ver o do de radicalismo deste site, bem como de outros que fazem campanha contra os agrotóxicos.
Mas esta matéria de hoje supera todos os limites.
Desde quando um trabalho honesto, lícito e de nível técnico-científico como o anterirmente desempenhado por este pesquisador pode ser usado para desqualificá-lo? Só mesmo em mentes sectárias, que agem por ideologia, COMO OS AUTORES DESTA MATÉRIA . Provavelmente o autor deste artigo, então, deve ser, mais ainda, contrário a empregar um ex-detento que cumpriu sua pena, POIS ESTE REALMENTE, NO PASSADO COMETEU UM CRIME
Não, o mais provável é que ele tenha dois pesos e duas medidas: se o ex-detento comunga de suas ideias, “deve ser reintegrado à sociedade”. Se pensar diferente, deve ser considerado um pária, com um passado manchado por um crime.
A incoerência de fanáticos é típica.Mas usar um raciocínio distorcido como este para atacar um técnico, com um passado honesto, seria, como disse o comentarista anterior, “cômico, se não fosse trágico”