Abacate agroecológico é proposta sustentável do MST

Por Daniel Lamir
Do Brasil de Fato

nesse momento de pandemia o assentamento Eli Vive doou mais de 50 toneladas de alimentos

A nossa compreensão sobre os benefícios do abacate para a saúde é recente. As novas referências nutricionais da fruta foram reescritas há poucos anos, deixando para trás a imagem de vilã para o corpo humano e ganhando dicas de receitas saborosas e saudáveis.

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Com isso, o engenheiro agrônomo André Miguel, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) afirma um crescimento do plantio, comercialização e consumo do abacate no Brasil.   


O abacate contém ácido fólico, essencial para mulheres grávidas / Juraj Vargas | Pixabay

“Tem crescido muito a comercialização do abacate no mundo todo. Até um tempo atrás era um fruto mal visto, mas hoje é uma fruta que tem um potencial interessante, que tem reconhecido o potencial nutritivo. Um fruto bastante equilibrado em termos de gorduras saudáveis e poucos carboidratos. Está na moda comer poucos carboidratos e o pessoal tem comido muito abacate. O mercado interno brasileiro tem crescido. A gente tem aprendido a comer não só doce, como era tradição, mas salgado também, com salada, com influência da culinária mexicana principalmente”, destaca. 

No aspecto social, o abacate também pode fazer parte de novas histórias. Uma delas está sendo escrita no assentamento Eli Vive, localizado em Londrina, no norte do Paraná. Entre os 7 mil hectares e 501 famílias assentadas no local, o cenário ganha ano a ano a presença de mais abacateiros. 

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Edelvan Carvalho é um dos assentados do Eli Vive. Além de agricultor, ele é um dos integrantes da direção do assentamento. Ao longo de dez anos da comunidade, Edelvan afirma que o abacate é um dos destaques na diversidade de produção de frutíferas no território. 

“Que é com esse objetivo de atender uma demanda muito grande que temos no mercado local. Além de atender a merenda escolar, atendemos também o mercado convencional. Porque 80% das frutíferas daqui de Londrina vem de outros territórios e aqui há uma capacidade muito grande de produção. Então, aos poucos, está se consolidando essas propostas das frutíferas que é uma demandas também ao PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar]”, explica.

O atendimento ao PNAE conta com a parceria de cooperativas locais, que ampliam ainda mais a diversidade produtiva do assentamento. Só no ano passado foram plantados cerca de 1.200 pés de abacates de diversas espécies, mantendo todos os princípios agroecológicos. Esse trabalho conta com a participação do IDR, com afirma André Miguel. 

“Temos orientado os agricultores a plantar diversas variedades de abacate para ter colheita de abacate o ano inteiro. Então a gente tem trabalhado principalmente com as variedades geada, quintal, margarida, além do hass – que temos chamado de avocado – que é padrão de exportação e que se conhece no mundo inteiro. Essas outras variedades de abacate são mais tradicionais aqui no Brasil. Então plantando o ano inteiro há uma condição de renda durante todo o ano”, salienta.  

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Campanha de solidariedade

Para além da comercialização com preço justo e equilíbrio ambiental, o assentamento Eli Vive faz parte da corrente de solidariedade puxada  pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) neste momento de pandemia. Edelvan Carvalho ressalta as doações feitas pelas famílias do Eli Vive.
 


Plano de Desenvolvimento de Assentamento (PDA) do assentamento Eli Vive incluir a produção de frutíferas / Paulo MRTVI

“Importante destacar que nesse momento de pandemia o assentamento Eli Vive doou mais de 50 toneladas de alimentos. Então as famílias doaram com muito amor. Atendemos as famílias das periferias do município de Londrinas nesse período de 2020 e 2021 na nossa Campanha de Solidariedade”, afirma.

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Campanha de plantio de árvores

A presença de abacateiros no Eli Vive faz parte também do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, lançado em em 2020 pelo MST. O objetivo é recuperar áreas degradadas por meio da implementação de agroflorestas e quintais produtivos.

Para tanto, o MST projeta o plantio de 100 milhões de árvores em todos os estados do país nos próximos 10 anos. A ideia do Plano é também denunciar as ações de destruição ambiental do agronegócio, da mineração como contraposição às propostas de Reforma Agrária Popular. 

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Homenagem

O nome do assentamento Eli Vive é uma homenagem a um líder histórico do MST. Eli Dallemole ajudou na luta pela reforma agrária na região. Ele foi assassinado no assentamento Libertação Camponesa, localizado em Ortigueira (PR), em 2008, aos 42 anos de idade. 

Edição: Douglas Matos

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