AÇÕES DE SOLIDARIEDADE

Desde o começo da pandemia um mar de mãos, pés, nervos, suor e músculos. Um mar de pessoas de diferentes jeitos, saberes e cores tem se colocado a realizar o trabalho voluntário, coletivo, para cuidar do outro, exercitando o cuidado nas suas diversas formas. Estas tantas Marias, Anas, Igors e Franciscos se colocaram a plantar, cuidar, colher, cozinhar, carregar, embalar, levar, doar, quantos verbos para materializar estas ações de solidariedade, e muitas são também as toneladas de alimentos já doadas. Iniciativas que se fizeram necessárias perante a fome, a miséria
e a política genocida do governo Bolsonaro, com dados altíssimos de morte da população negra e periférica por Covid-19, pela falta de assistência e políticas de auxílio.

Muitos movimentos sociais e organizações populares estão realizando, de forma permanente, diversas ações de solidariedade, como uma forma de resistência ativa frente ao grave problema social instaurado. Iniciativas que contemplam a distribuição de cestas de produtos da reforma agrária e da agricultura familiar, marmitas, sopão, máscaras, álcool em gel, que se organizam em cozinhas comunitárias, banco de alimentos, comitês sanitários, entre outros.

As campanhas de solidariedade têm identidades como Periferia Viva, Gente e Pra Brilhar não pra Morrer de Fome, Pão para quem tem Fome Terra para quem Trabalha, Vamos precisar de todo mundo, Cultivar afetos, derrotar a violência… A questão central é que todas elas são ações necessárias neste momento para a promoção do cuidado com a vida das pessoas. Carregadas por muitas mãos e sentimentos, essas ações têm identificado e propiciado muitas fortalezas na construção de novos valores de equidade, no exercício da solidariedade e do cuidado coletivo.

Nos diversos territórios da reforma agrária e da agricultura familiar pelo Brasil, estas ações têm também gerado o avanço da produção agroecológica como matriz produtiva, o aumento da produção e de áreas plantadas, fortalecendo um processo de recuperação e ampliação de práticas como o trabalho coletivo e os mutirões, além de promover o reconhecimento cada vez maior do trabalho das mulheres na agroecologia. Ou seja, há uma dimensão mais ampla, que potencializa os agroecossistemas e as comunidades para além do consumo e comercialização, na construção direta da solidariedade, para repartir com outro que, no momento, não tem o que comer.

Plantar, cultivar e colher são as ações que geram vivências de processos de
formação em agroecologia, práticas de cultivo diversas nos territórios, conservação das sementes crioulas, da biodiversidade, da agrofloresta e tantas outras. E nas hortas comunitárias para doação, um exercício de trabalho coletivo e mutirão, que estão sendo plantadas nestes meses e algumas serão colhidas para as ações de solidariedade do Natal.Neste sentido, há uma nova sociedade advinda dos pressupostos de uma agricultura baseada no respeito à terra, que mude os homens e seus hábitos na maneira de agir no planeta. E estas práticas vivenciadas neste último período nos levam a reafirmar a agroecologia como forma de produzir alimentos, relações e valores saudáveis.

Pois, se saúde é a capacidade de lutar contra tudo que nos oprime, termos práticas saudáveis de vida e trabalho desde a agroecologia é o desafio de construir territórios saudáveis.

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