O ministro conhecido como “rei da soja” usou sua conta no Twitter para comemorar a liberação do agrotóxico, que segue proibido no Brasil
Pelas redes sociais, o ministro da Agricultura Blairo Maggi informou equivocadamente nesta quinta-feira (23) que a Justiça brasileira havia cassado a liminar que proíbe o uso do glifosato no país, e ressaltou que a proibição ao herbicida continua em vigor, o que foi desmentido pelo tribunal responsável pelo caso.
“Notícia Boa!!!! Acaba de ser cassada a liminar que proibia o uso do GLIFOSATO no Brasil #agroForte”, escreveu no Twitter Maggi, conhecido como o ‘rei da soja’ do Mato Grosso.
A antecipação do ministro ocorreu após a informação de que a Advocacia Geral da União (AGU), órgão que representa judicialmente o governo, recorreu ao Tribunal Regional Federal de Brasília (TRF1) da sentença proferida no início de agosto por uma juíza de primeira instância. No entanto, fontes do TRF1 informaram à AFP que “o recurso da AGU realmente chegou ao tribunal e será analisado pela presidência”. “Até o presente momento não houve decisão” a respeito, acrescentaram.
A juíza federal substituta da 7ª do Distrito Federal, Luciana Raquel Tolentino de Moura, determinou no início do mês que a União não conceda novos registros de produtos que contenham como ingredientes ativos o glifosato. O ministro já havia se manifestado anteriormente sobre o tema, ao dizer que seria um “desastre” a proibição do agrotóxico, uma vez que produtores não teriam opção para práticas agrícolas consolidadas como o plantio direto. Blairo pretende ainda recorrer no Supremo se necessário. “Vamos subir para o STJ na tentativa de conseguir uma liminar que permita fazer a safra deste ano (com o glifosato)”, disse o ministro a jornalistas durante o 6º Fórum da Agricultura da América do Sul, realizado em Curitiba (PR).
O debate em torno do glifosato no Brasil ocorre semanas depois de um tribunal de São Francisco, Califórnia, condenar a gigante agroquímica Monsanto, adquirida recentemente pela alemã Bayer, por não informar que o glifosato contido em seus herbicidas RoundUp era cancerígeno.
A sentença, da qual a Monsanto pretende recorrer, obriga a companhia pagar quase 290 milhões de dólares de indenização a Dewayne Johnson, um jardineiro diagnosticado com 2014 com um linfoma de Hodgkin, um câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue.
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