Por Hélen Freitas
Do Joio e o Trigo
Favorável à privatização geral e irrestrita, presidente da República não quer a venda da Ceagesp. Já o governador se junta a empresários bilionários e fundos de investimento na construção de um novo entreposto para a capital
Caixotes de frutas, legumes e verduras amontoados por todo o canto. Dependendo do dia, um cheiro agradável de flores ou um odor intenso de peixe. O lugar parece a definição da palavra “bagunça”. Carregadores passam a todo momento nos corredores estreitos enquanto consumidores tentam negociar os preços das mercadorias com os vendedores.
São 50 mil pessoas e 12 mil veículos, entre carros particulares e caminhões enormes, diariamente. Essa é a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), palco de uma insólita disputa entre o presidente Jair Bolsonaro, o governador João Doria (PSDB) e permissionários da companhia. Afinal, por que a gestão federal, que está privatizando tudo, opõe-se a mais essa operação de venda? É o que buscamos descobrir.
Os impactos de privatizar e transferir as operações tampouco estão claros. De um lado, fundos de investimento e empresas bilionárias de abastecimento alimentar querem acelerar o passo. De outro, empresas igualmente bilionárias de abastecimento querem barrar a venda – pelo menos por enquanto.
Criada em 1969, a partir da fusão entre o Centro Estadual de Abastecimento (Ceasa) e a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Cagesp), a Ceagesp tem grande importância para o sistema alimentar brasileiro. Estima-se que cerca de 60% das frutas, verduras, legumes e pescados consumidos na Grande São Paulo passem pela companhia, e aproximadamente 30% dos produtos comercializados em outras centrais de abastecimento do Brasil inteiro têm como origem os entrepostos paulistas.
Além disso, como outras centrais de abastecimento, tem um papel fundamental na divulgação de informações de mercado, de formação de preço dos alimentos e de estabelecimento de parâmetros de qualidade.
O Entreposto Terminal São Paulo, localizado no bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste da capital paulista, é o mais importante da companhia. É a maior central de abastecimento de frutas, legumes, verduras, flores, pescados da América Latina, e a terceira maior do mundo, e recebe mercadorias de 1.500 municípios brasileiros e de 18 países.
O que nasceu como um espaço para a comercialização direta por pequenos agricultores acabou se transformando numa cidade. Com o tempo, os produtores rurais ficaram de fora, e pequenas bancas de frutas se converteram em megaempresas. É o caso da Benassi, ator central na tentativa de transferir as operações da Ceagesp a um terreno de propriedade da própria empresa no extremo noroeste da capital.
O início da discussão
Apesar de sua relevância, a Ceagesp vem passando por dificuldades estruturais e financeiras desde pelo menos 1996, quando uma dívida de R$ 180 milhões com o Banespa fez com que o governo de São Paulo leiloasse a companhia na Bolsa de Valores. Contudo, nenhum comprador apareceu e, no ano seguinte, foi federalizada.
A mudança de gestão adiou os problemas por pouco tempo. Nos 52 anos de sua existência, a central de abastecimento paulista permanece igual, sem grandes investimentos para sua modernização. As enchentes, que provocam a perda de toneladas de mercadorias, e o trânsito intenso na região também fazem parte da história da Ceagesp.
Nos anos 1990, as grandes redes de supermercados criaram os próprios centros de distribuição, o que marca um antes e depois na história dos Ceasas. Desde então, a Ceagesp passou a ser usada apenas para complementar as compras dos gigantes Carrefour e Pão de Açúcar. E até mesmo redes menores abriram as próprias centrais.
O que não quer dizer que a Ceagesp tenha se tornado inútil. A Benassi, por exemplo, fornece para várias redes de varejo e atacarejo de médio e grande porte. No ano passado, o faturamento passou de R$ 1 bilhão.
Enquanto isso, a Ceagesp não tem mais para onde crescer, o que causa impactos enormes nas vendas. A comercialização no entreposto vem oscilando para cima e para baixo desde 2012, quando atingiu a marca de 3,4 milhões de toneladas vendidas. Além disso, a área de 750 mil m2 em um bairro de classe média enche os olhos de empreiteiras e imobiliárias.
Todos esses poréns fizeram com que fosse retomado o debate em torno de sua privatização e mudança de local durante a gestão federal de Dilma Rousseff (PT). O então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), interessado na comercialização da área para o desenvolvimento urbano da capital, assinou em 2015 um Acordo de Cooperação Técnica com a Ceagesp, mediado pela União. No final de sua gestão, autorizou que empresários apresentassem propostas para a mudança de local.
O deputado estadual Mario Maurici (PT), presidente da Ceagesp entre 2009 e 2015, afirma que a ideia era criar uma empresa de capital misto, em que o estado deteria até 45% das ações. Segundo o deputado, com essa capitalização seria possível investir na modernização dos mercados e armazéns espalhados pelo estado.
Do Bolsodoria à inimizade
Contudo, a proposta de capital misto não avançou sob a gestão Doria. Na verdade, enquanto prefeito, anunciou em 2018 a ideia pessoal de construir no local o Centro Internacional de Tecnologia e Inovação — o “Vale do Silício brasileiro”, segundo Doria. Enquanto isso, negociava com o setor privado a abertura de novas centrais de abastecimentos em zonas periféricas da cidade.
O projeto ganhou mais força com a mudança de Doria ao Palácio dos Bandeirantes e a entrada de Bolsonaro na Presidência. Em abril de 2019, governador e presidente acordaram a transferência do comando da companhia do Ministério da Agricultura para a Secretaria da Agricultura do Estado, abrindo caminho para a transferência de endereço e a implantação do polo de tecnologia no terreno.
Contudo, Bolsonaro descumpriu a promessa e meses depois transferiu a Ceagesp para o Ministério da Economia e a incluiu no programa nacional de desestatização do governo federal e no programa de parcerias de investimentos. Para mostrar que os planos iniciais não haviam mudado, Doria e o então secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, assinaram um acordo para fechar a Ceagesp e transferir o entreposto para outro endereço, que ainda seria definido, com a promessa de entregar a nova sede em até 5 anos.
O novo acordo com o governo federal abriu espaço para Doria assinar um decreto permitindo que fossem apresentados projetos para a construção do novo centro de distribuição de alimentos e de outros entrepostos na Grande São Paulo, em locais com acesso direto às principais rodovias. Dois grupos submeteram propostas. O mais famoso deles é o Novo Entreposto de São Paulo (Nesp), da VS Bandeirantes, coalizão composta por empresas que já atuam na Ceagesp.
Apesar de todos os vai e vens políticos, o projeto segue em desenvolvimento junto à prefeitura de São Paulo e ao governo estadual. “A única possibilidade dele não acontecer seria se a Ceagesp fosse reformada de uma forma tão inteligente que não tivesse necessidade de ser feita uma nova, o que não aconteceu”, afirma a diretora de implementação do Nesp Roseli Silva.
A área de 1.685.300 m2 localizada na altura do quilômetro 28 da Rodovia dos Bandeirantes, no bairro de Perus, foi adquirida em 2013 pelas famílias Benassi, Verucci e Schio. Todas atuam na Ceagesp, na área de transporte, logística e distribuição de frutas. Os Schio são grandes comerciantes de maçãs, tendo, inclusive, parte de suas produções realizadas em São Joaquim (SC), Vacaria (RS) e Bom Jesus (RS), cidades que aparecem em uma denúncia do Joio de superexploração de trabalho indígena.
Com a ideia do novo empreendimento, as famílias se juntaram e formaram a VS Bandeirante, empresa administradora do Nesp. O novo entreposto faz parte de um projeto ambicioso, que vai além de um hortifrutigranjeiro e prevê a construção de entrepostos de carnes, pescados, lácteos, cereais, flores e também de um terminal rodoferroviário ligado ao porto de Santos. Após conseguir todas as permissões, o Nesp deve ser construído em três anos.
“Quando nós falamos em solução para o abastecimento, a gente não fala em desenvolver um novo mercado. Nós não queremos criar concorrência com nenhum novo, existe realmente dar continuidade ao projeto de distribuição da Ceagesp com eficiência”, diz Silva.
A parceria entre Bolsonaro e Doria esfriou. De amigos políticos, passaram a ser adversários, principalmente a partir do início da pandemia no Brasil. E os planos para o novo entreposto começaram a descarrilar. Em outubro do ano passado, o presidente interveio na companhia e anunciou o coronel Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rota, para a direção.
O auge dessa disputa aconteceu em 15 de dezembro de 2020, quando Bolsonaro foi à Ceagesp para reinaugurar a Torre do Relógio, um monumento que passou apenas por uma pintura. Na ocasião, centenas de trabalhadores, a maioria sem máscara, amontoaram-se entre frutas e legumes para ouvir o presidente afirmar que não iria permitir que “ratos sucateiem” e “privatizem” a companhia, uma alfinetada direta ao governador.
A fala causou revoltas. O então secretário Estadual de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira, afirmou em entrevista ao portal G1 que tinha condições de fechar a central de abastecimento, transferindo setores paulatinamente e aumentando restrições à área.
Outro que se indignou com o discurso foi Enilson Simões de Moura, o Alemão, presidente do Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sindbast). “O presidente vem pra inaugurar uma pintura das paredes aqui da torre e faz um discurso dizendo que quem quer privatizar a Ceagesp são uns ratos. Rato é ele que colocou a Ceagesp na lista de empresas a ser privatizada.”
De acordo com o Ministério da Economia, os estudos para a desestatização da Ceagesp ainda estão em andamento e, uma vez concluídos, serão levados ao Conselho do Programa de Parcerias em Investimentos. Apesar disso, o atual diretor-presidente da companhia afirma que está fora de cogitação a mudança da Vila Leopoldina. “Isso aqui é uma área de terreno oficial. O presidente Bolsonaro falou que não vamos sair daqui, então, pra tristeza de poucos interessados, não vai dar certo”, diz o coronel Araújo.
De acordo com ele, no ano passado foi realizada uma pesquisa com os mais de 2.800 permissionários que atuam na Ceagesp, e 70% não tinham interesse em deixar o local. ”Se a gente fizer uma nova pesquisa, tenho certeza que os que querem ficar vai passar dos 80/90%.” Solicitamos acesso ao estudo. Contudo, ele não foi enviado até o fechamento desta reportagem.
”Seguir na privatização e na mudança dali seria duplamente uma vitória do Doria, e é claro que Bolsonaro não vai fazer isso”, comenta Silvio Porto, ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Porto ainda analisa que mesmo que a Ceagesp esteja funcionando de forma obsoleta por não estar mais desempenhando o papel imaginado de uma central de abastecimento pública de comercialização de produtos da agricultura familiar e de atendimento aos pequenos varejos, ela ainda é uma grande autoridade alimentar.
”No momento que os Ceasas forem privatizados, acabou. Já não tem política pra produção, só aumenta a produção, não tem política de qualidade e não vai ter política de comercialização. É entregar efetivamente pro setor privado, abrir mão dessa missão que deveria permanecer na mão do Estado.”
Disputa política
Os permissionários que atuam na Ceagesp não são simples vendedores de frutas, legumes e verduras, como os que nos deparamos em feiras livres. Grande parte são empresários importantes do setor que vendem suas mercadorias direto para redes de supermercados, restaurantes e bares.
Por ora, o Nesp despertou baixa adesão: apenas 10% dos permissionários se associaram ao empreendimento, dando força para Bolsonaro e Araújo enxergarem a Ceagesp como um reduto bolsonarista.
Em seu discurso no fim do ano passado, o presidente da República afirmou que Araújo estaria transformando a Ceagesp em um ambiente de negócios sadio – palavras que seus eleitores gostam de ouvir.
O ex-coronel da Rota vai na mesma linha. Ao Joio, disse que está “moralizando” a companhia e revitalizando-a, com o pagamento de dívidas, asfaltamento, pinturas, controle de acesso e outras melhorias. ”Quando você fala que os permissionários reclamam, é verdade, porque são anos e anos de sucateamento. Nunca investiram um centavo aqui dentro.”
Uma das agendas do diretor-presidente também tem sido a aproximação com lideranças do bairro, o que tem surtido efeito. Antes de sua gestão, o embate com os moradores era um dos motivos para querer mudar a sede do local. Contudo, essa aproximação fez mudarem de opinião.
O presidente da associação Viva Leopoldina, Umberto Sarti, afirma que Araújo tem aceitado sugestões da comunidade, como a realização de grafites no muro da Ceagesp por 92 artistas. “A gente não vê prejuízo da Ceagesp estar aqui. O que precisa ser feito é a melhoria, porque estava abandonada.” Também diz que a central de abastecimentos tem potencial para se tornar um novo ponto turístico da cidade.
O papel “moralizador” de Araújo, entretanto, não tem ficado restrito a sua administração. Em 28 de agosto, o Brasil de Fato denunciou a pressão que jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) vêm sofrendo para que intensifiquem a produção diária de conteúdo positivo da gestão do ex-coronel. Dois dias antes, o diretor-presidente enviou uma carta solicitando que o Sindibast deixasse sua sede em 15 dias, local que ocupa desde 1986.
O sindicato afirma que a expulsão é uma retaliação por ter denunciado Araújo aos ministérios públicos Estadual, Federal e do Trabalho por práticas antissindicais e de perseguição aos trabalhadores. A Ceagesp nega e diz que a mudança decorre de remanejamento interno.
Apesar de todo o interesse na privatização e de transformar a área do entreposto paulista no “Vale do Silício brasileiro”, o governo de São Paulo tem se afastado da discussão desde o ano passado. Silvio Porto enxerga que essa proposta deve voltar à pauta somente após as eleições de 2022.
Procurada, a Secretaria da Agricultura afirmou que houve uma tentativa de negociação do governo do estado. Porém, não há nenhuma tratativa sobre o assunto na gestão do secretário Itamar Borges, que assumiu em junho deste ano. Já a Secretaria de Logística e Transportes informou que prosseguem os estudos técnicos para a criação de novos entrepostos no estado.
Um bom negócio
O caminhoneiro Gustavo Ferreira Leite trabalha há cinco anos com transporte de batatas e cebolas do triângulo mineiro para a companhia paulista e diz não ter notado mudanças: “Não é que eu reclamo, mas nesses 5 anos não vi uma melhoria lá, é sempre a mesma coisa, entendeu? Às vezes, se tivesse um lugar mais limpo pra gente tomar banho, um pátio pra gente ficar, sabe? Seria uma coisa muito boa pra nós.”
Outra queixa recorrente dos entrevistados para a reportagem é o problema de logística, que cria obstáculos para armazenagem dos produtos, descarregamento e até manobras de caminhões dentro do local. Criada em 1969, a Ceagesp não foi projetada para receber carregamentos e veículos tão grandes quanto os que recebe atualmente.
“Hoje esse mercado aqui está sucateado. Nós perdemos no decorrer dos últimos anos muitos clientes, porque hoje a pessoa, pra vir comprar aqui, ela demanda um tempo muito grande, com trânsito, e a logística aqui dentro é muito ruim”, afirma Luis Antonio Pain, presidente da Associação dos Permissionários do Entreposto de São Paulo (Apesp) e que já é sócio do Nesp.
Alemão, presidente do Sindbast, concorda com Pain. “Muita gente saiu do Ceasa ou faz parte da sua comercialização fora do Ceasa, muita gente mesmo. Os maiores atacadistas do Ceasa não estão mais aqui dentro. Não estão porque aqui não comporta. Estão improvisando locais, galpões, uns aqui na região, outros um pouco mais longe, porque não comporta, o Ceasa não cabe mais aqui, é uma burrice querer manter o Ceasa aqui”, argumenta.
Outra queixa é em relação ao modelo de permissão realizado hoje, que não tem um tempo pré-determinado, ou seja, os comerciantes têm o direito de ficar no espaço até que haja uma nova chamada de preços, o que cria insegurança para muitos. No novo entreposto, eles poderão adquirir e locar boxes, o que é proibido hoje pela legislação vigente.
O Nesp promete dar mais garantia, segurança e agilidade para o abastecimento de São Paulo, porém, não é só isso que as famílias Benassi, Verucci e Schio irão ganhar com a realização do novo entreposto. O primeiro ganho, e mais óbvio, é a possibilidade de deixar de ser um mero operador para atuar na administração.
Em entrevista ao Valor Econômico, Sérgio Benassi, sócio do grupo Benassi, afirmou que fundos de investimentos se colocaram à disposição para participar do financiamento do Nesp. Além de ganhar com investidores, irão lucrar com os aluguéis e transações imobiliárias dentro e fora do entreposto. As três famílias já estão envolvidas no ramo imobiliário da região. “Certamente deve valorizar ainda mais, trata-se de um empreendimento imobiliário também. Assim como se constrói um shopping”, avalia o economista e professor aposentado da Unicamp, Walter Belik.
O economista ainda pontua que eles terão informação privilegiada do mercado geral – e informação, vale lembrar, é um dos bens mais valiosos do século 21. Além de fazer o transporte, logística e venda de frutas para grandes redes de supermercados, eles poderão trazer para perto novos parceiros para ofertar uma variedade ainda maior de produtos e serviços. “Não vão sair desse negócio. É um bom negócio pra eles”, avalia Belik.
Impactos ao meio ambiente, ao pequeno comerciante e ao sistema alimentar
No final de 2020, o vereador Caio Miranda Carneiro (DEM-SP) solicitou ao Ministério Público do Estado de São Paulo a instauração de um inquérito civil para investigar diversas irregularidades apontadas por ele na criação do Nesp. Dentre elas estão os impactos ambientais de um empreendimento de grande porte em Perus. Além disso, há indícios de que a central de abastecimento de alimentos estará ao lado de um aterro sanitário, o que a tornaria inviável. A diretora de implementação do Nesp, Roseli Silva, afirma que os impactos serão mínimos e o aterro sanitário estará distante do empreendimento.
Contudo, há outros desfechos que não parecem estar sendo considerados com a mudança de local. Um dos principais é o impacto para o público que hoje se abastece na Ceagesp. Não há um estudo aprofundado que mostre a quantidade de alimentos que fica para a cidade. “A Ceagesp tem uma relação muito ampla para fora da cidade e o impacto pode não ser tão significativo assim, mas certamente para pequenos comerciantes que têm essa atividade da compra naquele espaço hoje, muita gente vai sair prejudicada”, pontua Silvio Porto.
Um estudo feito pelo observaSP — observatório ligado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP — mostra o enorme peso da região oeste da metrópole e do estado na entrega de produtos na Ceagesp.
Os dados também mostram as viagens originadas na Ceagesp. Essas cargas abastecem principalmente o centro expandido, próximo ao local onde está localizada a companhia hoje. “Eles terão que percorrer dezenas de quilômetros para ir a Perus – caso o entreposto realmente se desloque integralmente – ou simplesmente não contarão mais com estes produtos. Além disso, é fácil imaginar que o aumento da distância aumente os custos de abastecimento para os pequenos estabelecimentos e seus consumidores e também piore o trânsito entre o novo entreposto e os destinos finais das cargas”, afirmam os urbanistas que realizaram o estudo.
Argumentos CONTRA
a mudança
- Manutenção de políticas públicas de abastecimento de alimentos
- Investimentos na revitalização
- Transformação da sede da Ceagesp em um novo ponto turístico da capital
- Fácil acesso para pequenos comerciantes
- Impactos ambientais e aterro sanitário próximo ao Nesp
Argumentos A FAVOR
da mudança
- Local novo e tecnológico
- Espaço pensado na logística
- Fácil acesso por meio de uma grande rodovia, evitando o trânsito da capital
- Possibilidade de aluguel e venda dos espaços pelos permissionários