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Agrotóxicos – hora de acordar para enfrentar o pesadelo

por JACY AFONSO, Secretário de Relações internacionais da Central Única dos Trabalhadores

Não bastassem as contaminações por efluentes gasosos de todos os tipos, poluentes persistentes impostos por processos industriais, pelo escapamento de veículos, pelo desmatamento e demais fontes poluidoras, os agrotóxicos se somam ao peso no prato de cada dia do trabalhador e da trabalhadora.

No Brasil, os números impressionam. Dados da Anvisa do ano de 2013 apontam que 64% dos alimentos estão contaminados por agrotóxicos. Entre 2007 e 2014, as intoxicações por esses venenos, notificadas e registradas pelo DATASUS do Ministério da Saúde, foram 34.147, e há que se considerar ainda o significativo montante das subnotificações.

Em que pesem os avanços de iniciativas como o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que tem como objetivos a diminuição do uso e a transição para modelos alternativos como a agroecologia e a produção orgânica, estamos diante de retrocessos quanto à liberação de princípios ativos já banidos em todo o mundo, mas permitidos aqui, a partir da flexibilização na legislação. Isso trará impactos irreversíveis para as populações.

Somam-se a isso os impactos do uso dos agrotóxicos nos trabalhadores e trabalhadoras e que atingem toda a cadeia produtiva, começando na indústria química, tanto na produção quanto no envase, no transporte, no manuseio no comércio, na aplicação no campo, no consumo dos alimentos pela população.

A saúde desses trabalhadores é comprometida no exercício do trabalho, pelo uso abusivo de venenos, e tem as suas defesas nocauteadas dia a dia, numa luta com um adversário oculto e silencioso que quando se revela, em geral, é tarde demais.

Agora na Argentina

Agora na Argentina: Em 5 de Junho de 2015, várias ONGs, coletivos sociais do país, Cátedras da Universidade Publica e profesionais de saúde, direito, ciências sociais e agrárias solicitaram ao SENASA (Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria), o início do procedimento de análise de risco de todos os registros de produtos contendo glifosato. Durante o processo de tramitação do pedido, pedem que seja restringido o uso do glifosato, com proibição de aplicação aérea, e proibição da fumigação terrestre a menos de 5 km de zonas urbanas, assentamentos, escolas rurais centros apícolas, rios, lagos e poços de extração de água. Veja também em http://www.contraosagrotoxicos.org/index.php/531-argentina-presentacion-administrativa-solicitando-al-senasa-la-prohibicion-del-glifosato

Argentina: Presentación administrativa solicitando al SENASA la prohibición del Glifosato

Agrotóxicos

Agrotóxicos

El 5 de Junio de 2015, varias ONGs, colectivos sociales del país, Cátedras de la Universidad Pública y profesionales de la salud, el derecho, las ciencias sociales y agrarias solicitaran ante el SENASA (Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria), a fin de que disponga el inicio del procedimiento de Análisis de Riesgo de todos los registros con el principio activo Glifosato, conforme lo establece el Punto 3 del Capítulo 18 de la resolución SENASA 350/1999.

El glifosato fue decladado como "probablemente cancerígeno para los seres humanos" (Grupo 2A) el informe del mes de Marzo de 2015 del Centro Internacional de Investigaciones sobre el Cáncer - Órgano que actúa dentro del marco de la Organización Mundial de la Salud -.

Objetos de la presentación:

- Como objeto inicial de la presentación administrativa se solicita al SENASA que disponga el procedimiento de Análisis de Riesgo de todos los registros con el principio activo Glifosato, en virtud de que existen evidencias harto suficientes que justifican el inicio del mismo, conforme lo establece el Punto 3 del Capítulo 18 de la resolución SENASA 350/1999 que reglamenta, el registro, clasificación y uso de agroquímicos para fines agropecuarios en la Argentina. Dejamos de manifiesto que la presentación tiene como objetivo final que el organismo dictamine al concluir el proceso de reevaluación: la prohibición del uso y aplicación, en todo el territorio argentino, de todos los formulados con el principio activo glifosato.

Na Alemanha, Glifosato é suspeito de provocar má-formação

Der Spiegel: "Seria o Glisofato seguro para beber, como afirmam os lobistas da indústria? Ou seria ele o DDT do século XXI, altamente tóxico, e que consequentemente contamina toda a cadeia de alimentos?"

Assim como em vários locais do mundo, o Glifosato vem ganhando as páginas de jornais alimentos pelas seguidas evidências de seus efeitos na saúde e meio ambiente. A revista "Der Spiegel", um dos semanários mais lidos na Alemanha, trouxe nesta semana uma extensa matéria sobre este pesticida. Na capa, a pergunta: "Será o Glifosato culpado pela má-formação?"

Após informar sobre diversos casos onde o resíduo de Glifosato na ração animal é suspeito de causar doenças em gado leiteiro, prejudicando a produção, a revista afirma que em poucos meses a autorização do produtos será revisada na União Europeia. Veja um trecho da matéria traduzida:

"O Glifosato é usado há 40 anos, e pode ser encontrado em muitos lugares: na urina de humanos e animais, no leite, na ração animal, em órgãos de suínos e bovinos, em coelhos e faisões, e na água.

O uso do Glifosato é liberado desde 2001 na União Europeia. No final deste ano, expira o prazo da liberação. A agência europeia de segurança alimentar (European Food Safety Authority - EFSA) irá se pronunciar em agosto sobre a possibilidade de renovação da liberação por mais 10 anos. Há boas chances de que esta renovação reforce uma briga já acontece há anos, sobre o quanto de perigo representa o Glifosato para humanos, animais e o meio ambiente.

Conferência sobre agrotóxicos reúne instituições e sociedade civil em Petrolina

Nesta quinta-feira (4), cerca de 200 pessoas participaram de conferência promovida pelo Fórum Pernambucano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos na Saúde do Trabalhador, Meio Ambiente e Sociedade, em Petrolina. Em pauta, várias questões importantes sobre o tema dos agrotóxicos, dentre eles o adoecimento de trabalhadores, a liberação de substância já proibidas em outros países e a criação de uma rede voltada especificamente para tratar das questões do vale do São Francisco. 

A abertura do evento contou com a participação de diversos órgãos, dentre eles o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco, cuja representação foi feita pela procuradora do Trabalho Vanessa Patriota. Também esteve presente o Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, representado pelo coordenador nacional, o também procurador do MPT, Pedro Serafim. 

Pela manhã, além das falas de abertura, com registros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sindicato de trabalhadores, representantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e Secretaria de Saúde do Estado, foi apresentado parte do relatório feito pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Os desenhos são lindos, o conteúdo é didático, …

Os desenhos são lindos, o conteúdo é didático, e o material ajuda a completar a formação para crianças. Como se não bastasse, ainda vem com o charme especial do sotaque pernambucano! Usem, abusem e divulguem o vídeo Comida que Alimenta, produzidos pelas companheiras e companheiros do Centro Sabiá!

Agrotóxicos e transgênico podem ser barreira para exportação para Europa

por Viviane Vaz/ Le Monde Diplomatique

A RAINHA DO AGROTÓXICO E TRANSGÊNICO

A ministra de Agricultura Katia Abreu veio à Bruxelas esta semana com uma difícil missão: convencer os europeus a aumentarem as exportações brasileiras de produtos agropecuários por meio da assinatura de um acordo sanitário entre Brasil e a União Europeia (UE). Pelo twitter, a ministra se mostrou otimista com a recepção das autoridades europeias no Parlamento Europeu e na Comissão Europeia -instituições fundamentais para criação e execução das leis na UE. Os europeus, porém, também sinalizaram que não estão dispostos a abrir mão de certas regras de vigilância sanitária, sobretudo no que diz respeito ao uso de agrotóxicos e a produção de alimentos transgênicos –amplamente difundidos no Brasil.

Uma fonte do Parlamento Europeu explicou à reportagem que entre as questões que preocuparam os eurodeputados nesta terça-feira tratam sobre os organismos geneticamente modificados (OGM) e os agrotóxicos, alem da proteção à floresta amazônica. “Eles querem ter certeza que os produtos importados do Brasil não contêm transgênicos", disse a fonte. Para isso, os exportadores brasileiros terão de adotar regras que parte da bancada ruralista tenta derrubar no Brasil. A Câmara dos Deputados aprovou em abril o projeto que acaba com a exigência de afixar o símbolo de transgenia nos rótulos de produtos geneticamente modificados (OGM) destinados a consumo humano. O texto modifica a Lei 11.105/2005 que determina a obrigação da informação em todos os produtos destinados a consumo humano que contivessem ou fossem produzidos com OGM ou derivados, por exemplo, milho, soja, arroz, óleo de soja e fubá. Uma pesquisa realizada pela UE mostra que 62% dos europeus é contra o consumo e a produção de transgênicos no bloco. Na Europa, o consumidor ainda pode verificar nas etiquetas se o alimento que esta levando para casa é transgênico ou não.

Sobre o uso de agrotóxicos proibidos pela UE existentes na agricultura brasileira, a fonte do Parlamento Europeu afirmou que “o problema terá que ser resolvido de alguma forma para que o comercio seja aberto”. Em abril deste ano, o diretor da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Paulo Petersen alertou para o fato de que 22 dos 50 princípios ativos mais empregados em agrotóxicos no Brasil estão banidos em outros países. "Estamos em uma situação de total descontrole, o Estado não cumpre o processo de fiscalização como deveria e a legislação para o uso de agrotóxicos também não é cumprida," disse. "Desde 2009 o Brasil assumiu a posição de primeiro consumidor mundial de agrotóxico. O consumo daria 5,5 quilos por brasileiro por ano", completou.