14 de fevereiro de 2013
Do G1
Ex-funcionários das multinacionais Shell e Basf iniciaram, na manhã desta quinta-feira (14), um protesto em frente ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. Eles fincaram 60 cruzes no gramado em homenagem a colegas que morreram vítimas de intoxicação em decorrência das atividades das empresas em uma fábrica de pesticida na região de Paulínia, no interior de São Paulo. Shell e Basf já foram condenadas na Justiça por terem exposto, ao longo de 30 anos, os funcionários a substâncias tóxicas.
Pelos danos causados aos trabalhadores e familiares, a Justiça determinou que as multinacionais paguem R$ 1 bilhão em indenizações. Nesta quinta haverá uma audiência conciliatória no TST para tratar do tema.
De acordo com o Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas, 800 trabalhadores sofreram danos de saúde por conta da contaminação. Foram constatadas doenças como câncer, leocopenia, pancreatite aguda entre outras. O sindicato calcula que 60 trabalhadores perderam a vida
Vão participar da audiência de conciliação representantes do Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas, a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas, e o ministro do Tribunal Superior do Traballho (TST) João Oreste Delazen.
O diretor do sindicato, Valdir de Souza, acredita que a categoria conseguirá, na audiência, benefícios com relação ao tratamento de saúde dos ex-trabalhadores e seus familiares. “O tratamento de saúde é o que nos interessa, se houver a indenização, que bom , mas o tratamento é o principal”, afirmou.
O caso
O problema começou há dez anos na empresa que era mantida em Paulínia. Na época, foi descoberto que o solo da fábrica de pesticidas e o lençol de água que abastece as chácaras do bairro estavam com produtos tóxicos. A indústria ficava no bairro Recanto dos Pássaros.
Em 2002, a Justiça determinou e a Shell começou a comprar os imóveis da área para que os moradores deixassem o local. De acordo com a associação do bairro, mais de 150 pessoas querem indenizações por supostos danos à saúde. Em março de 2005, um relatório do Ministério da Saúde concluiu que as duas empresas cometeram irregularidades na desativação da fábrica. Desde então, é realizado um trabalho de recuperação ambiental na área.
O que dizem as empresas
A Shell Brasil, atualmente denominada Raizen Combustíveis, informou por meio de nota que apresentará uma proposta em conjunto com a Basf na tentativa de “solução para o caso”. Na nota, a empresa afirma ainda que considera “importante o retorno de todas as partes envolvidas à mesa de negociação” e irá apresentar “uma proposta consistente, que garante a parcela mais relevante da decisão judicial, ou seja, a assistência à saúde dos habilitados”.
A Shell encerra afirmando que “continuará a cumprir com as determinações da Justiça, mantendo o atendimento à saúde das pessoas devidamente habilitadas no processo”. A Basf repetiu o teor da nota da Shell e reforçou que “as empresas apresentarão uma proposta concreta de acordo para solução do caso” e que seguirá cumprindo as determinações da Justiça.