Com a pulverização feita por aeronaves apenas 32% dos agrotóxicos atingem a plantação; o restante contamina o solo, a água e o ar
Por Nadine Nascimento
Logo no início de 2019 tivemos uma conquista importante com a aprovação da lei estadual que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos em plantações do Ceará, o primeiro estado do país a aprovar esse tipo de lei. Produtores que utilizarem do procedimento estarão sujeitos a multas de até R$ 63,9 mil.
Apresentado pelo deputado Renato Roseno (Psol), o projeto foi aprovado em dezembro passado pela Assembleia e sancionado pelo governador Camilo Santana (PT). O PL recebeu o nome de Lei Zé Maria do Tomé, em homenagem a José Maria Filho, trabalhador rural, líder comunitário e ambientalista morto em 2010 com mais de 25 tiros de pistola, na zona rural de Limoeiro do norte. O assassinato foi uma retaliação à atuação de Zé Maria contra a pulverização aérea de agrotóxicos, contra a expulsão de agricultores de comunidades da Chapada do Apodi e contra a grilagem de terras públicas no Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi.
Dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) mostram que apenas 32% dos agrotóxicos que são pulverizados pela pulverização aérea atingem o alvo preconizado, outros 40% contaminam o solo e, consequentemente, os lençóis freáticos e a água de abastecimento humano e 19% se disseminam pelos vento.
“Isso mostra que essa prática é completamente irracional e inaceitável. A pulverização aérea potencializa a contaminação porque além de contaminar os trabalhadores que estão naquele plantio, também contamina as comunidades próximas e remotas, e contamina um bem natural e precioso que é a água”, acredita Ada Ponte, médica e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri, em entrevista para à Campanha.
Em um estudo epidemiológico realizado pelo Núcleo Tramas, do qual Ada faz parte, concluiu-se que 97% dos trabalhadores estão expostos aos agrotóxicos na região da Chapada do Apodi. Além disso, se caracterizou que a exposição é múltipla, ou seja, não estão expostos ao ingrediente ativo de agrotóxico isolado. A exposição é uma mistura de substâncias que variavam entre 4 e 13 ingredientes ativos de agrotóxicos diferentes.
“A aprovação da lei é importante porque traz à tona a luta e o protagonismo do Zé Maria, uma luta a ser reverberada para que outros estados do país lutem por isso”, conclui a médica.
Confira a entrevista na íntegra:
[…] Fim da pulverização aérea de agrotóxicos no Ceará: ”outros estados precisam lutar por isso” […]
Situação lastimável, mas ainda bem que esse movimento esta dando resultados…
Gostaria de saber de aonde posso encontrar a informação que afirma que “apenas 32% dos agrotóxicos que são pulverizados pela pulverização aérea atingem o alvo preconizado, outros 40% contaminam o solo e, consequentemente, os lençóis freáticos e a água de abastecimento humano e 19% se disseminam pelos vento”. Estamos desenvolvendo uma nova tese na área mas não encontramos nenhuma fonte que nos apresente esses dados. Obrigado!
Mateus, estes dados vc pode encontrar em CHAIM, A. Tecnologia de aplicação de agrotóxicos: fatores que afetam a eficiência e o impacto ambiental. In: Silva,C. M. M. S.;Fay,E. F. Agrotóxicos & Ambiente. Brasília: Embrapa; 2004. p. 289-317.