Ato que reuniu 100 mil mulheres foi um chamado para Encontro Nacional de Mulheres do MST em novembro
Por Nadine Nascimento com fotos de Juliana Adriano
Da Página do MST
Sob o sol forte de Brasília, 100 mil trabalhadoras rurais de todo país deram início, na manhã desta quarta-feira (14), a uma marcha pelos direitos das mulheres, soberania popular, democracia, justiça, igualdade e um campo livre de violência.
O ato deixou o Pavilhão do Parque da Cidade por volta das 7h30 em direção ao Congresso Nacional, e aconteceu um dia depois da primeira marcha histórica das mulheres indígenas que reuniu 3 mil pessoas no mesmo trajeto. Além das indígenas que se somaram às Margaridas, a marcha contou com a presença de agricultoras familiares, ribeirinhas, quilombolas, pescadoras, extrativistas, quebradeiras de coco, trabalhadoras urbanas e dos movimentos feministas.
“É um momento de muita emoção, alegria e de agradecer todas nossas companheiras que vieram dos mais diversos cantos do nosso país. Não tenho dúvida de que nossas margaridas vão voltar para seus estados muito mais fortalecidas para a gente continuar na luta. É um grande momento de fortalecimento da nossa luta. Viva as margaridas!”, disse emocionada Mazé Morais, da Secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
A marcha de mais de 4 km coloriu as ruas de Brasília de branco, lilás e vermelho. As delegações foram divididas por grandes regiões do país e se organizaram com bandeiras, faixas, gritos e batucadas. O Movimento Sem Terra estava representado por quase 400 mulheres de assentamentos e acampamentos espalhados pelo país.
“Viemos somar à Marcha das Margaridas por comungar das mesmas necessidades, mesmas pautas e sonhos. Queremos uma sociedade em que as mulheres têm o papel central na reprodução da família, da vida, na produção de alimentos saudáveis e na política”, afirmou Ayala Ferreira, do setor de Direitos Humanos do MST.
O Lula Livre, a defesa da educação e a rejeição à Reforma da Previdência aprovada na Câmara dos Deputados também estavam na pauta das Margaridas.
História
Outras cinco Marchas das Margaridas já foram realizadas. O nome da mobilização presta homenagem à Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Por mais de dez anos à frente do sindicato, Margarida lutou pelo fim da violência no campo, por direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas.
A última segunda-feira (12) marcou os 36 anos do assassinato de Margarida, símbolo da maior ação de mulheres da América Latina. Por essa razão, milhares de Margaridas de todo o Brasil e de outros 26 países participaram da marcha na Esplanada neste período.
Encontro Nacional de Mulheres do MST
As mulheres Sem Terra presentes na marcha desta quarta-feira também faziam um convite para seu primeiro Encontro Nacional de Mulheres do MST que acontece também em Brasília entre os dias 22 a 26 de novembro.
O objetivo do evento é dar protagonismo às mulheres na defesa das pautas de todo o Movimento. “Precisamos mais do que nunca de mulheres do campo e da cidade unidas com uma agenda comum: por terra, por reforma agrária e por justiça social no campo. Porque se não houver reforma agrária no Brasil, não há soberania, não há democracia, não há direito de acesso à terra, trabalho, moradia, educação e vida digna”, garante Salete Carolo, dirigente do MST assentada no Rio Grande do Sul.