Nesta quarta-feira, 18, entidades, movimentos, coletivos e mandatos parlamentares estão mobilizados para dizer NÃO ao Pacote do Veneno (PL 6299/02), e SIM à Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA) (PL 6.670/16), realizaram a primeira atividade regional contra os agrotóxicos na região Sul: Os Impactos dos Agrotóxicos à saúde e a natureza: enfrentamentos e resistência.
A ação é uma continuidade da Mobilização Nacional Contra os Agrotóxicos e Pela Vida que está em sua etapa regional. Na mesma semana que havia o risco de o Pacote do Veneno entrar em pauta para votação no Congresso Federal, também nos deparamos com mais 48 registros de produtos agrotóxicos no país. Já são mais de 2 mil novos agrotóxicos liberados pelo governo Bolsonaro.
Segundo Naiara Bittencourt, da Terra de Direitos, que durante o debate apresentou as principais alterações propostas pelo pacote do veneno, bem como seus riscos à saúde e à biodiversidade, a unidade da sociedade organizada nesse momento é fundamental para tentar barrar essa boiada do veneno. “É preciso denunciar esse pacote que traz inúmeras ameaças à nossa saúde, à nossa biodiversidade e à nossa soberania nacional, isso precisa ser apropriado e divulgado pelas organizações e movimentos sociais.”
Integrante do Movimento de Mulheres Camponesas no estado de Santa Catarina, Ana Elsa Munarini, esse compromisso deve ser abraçado por todas que tem compromisso com a construção de um outro modelo de produção e reprodução da vida no Brasil, sobretudo, com a volta para o Mapa da Fome em que o povo pobre e periférico são os maiores impactados.
“Num momento em que no nosso país se acirra a questão da fome, não tem como ficar à margem e não fazer esse debate para levar mais condições aos homem e a mulher do campo e ao consumidor de ter na prateleira do mercado pra levar pra sua mesa produtos que não estejam contaminados por agrotóxicos”.
Em defesa da PNARA e da Agroecologia
A luta tem sido árdua em todas as esferas, um dos parlamentares que têm acompanhado e carregada essa bandeira é o deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), que aponta a necessidade de lutar no âmbito legislativo por uma lei que ampare os direitos da população ter acesso à uma alimentação saudável. “Os consumidores são os protagonistas, junto conosco, para ampliar a nossa luta, nossa resistência e aprovar o PNARA. E nós vamos aprovar o PNARA, mais dias ou menos dias”.
Na contramão do projeto de morte do agronegócio, os povos historicamente constroem processos de luta e resistência antagônicos ao capital, como a agroecologia. Jakeline Pivato, da Campanha Permanente dos Agrotóxicos e Pela Vida e do MST no Paraná, apontou os impactos e abordou exemplos dessas iniciativas.
“É importante ressaltar os espaços e processos de resistência que mesmo com essa dimensão se articula para ir avançando, temos a jornada de agroecologia, que acontece anualmente. Já tem 18 edições, tecnicamente 20 anos, mas com a pandemia está trabalhando com o fortalecimento agroecológico nos territórios e passou por todas as regiões do Paraná”, ressaltou. Além disso, também trouxe as iniciativas no âmbito da ciência e da pesquisa a partir das universidade, bem como a Rede de Sementes da Agroecologia e outras construções.
Dentro do atual cenário, onde os impactos desse modelo são catastróficos, a agroecologia é o caminho para se seguir. Nesse sentido, o vereador Marquito (PSOL/SC), de Florianópolis, ressaltou que “a gente só tem um caminho, ou a gente faz a transição agroecológica, ou a gente está indo para um lugar irreversível, essa é a grande verdade. Do ponto de vista ambiental, de saúde pública, e da injustiça que essa indústria opera”.
Dossiê contra o Pacote do Veneno e Pela Vida
O esforço para unir denúncias em torno do “Pacote do Veneno”, que tramita no Congresso, segue nessas mobilizações de âmbito regional. Um deles é dar visibilidade ao “Dossiê contra o Pacote do Veneno e em Defesa da Vida”, um estudo reúne 35 autores/as e compila pesquisas e posicionamentos de dezenas de organizações brasileiras contrárias ao uso de agrotóxicos, lançado no quarto dia da Mobilização Nacional Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
>> Clique aqui para baixar o dossiê: https://bit.ly/3hjRURJ
Os contrapontos científicos e técnicos a este projeto ganharam forma nas mais de 300 do livro Dossiê e é uma produção da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO); Associação Brasileira de Agroecologia (ABA); da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, em parceria com a Articulação Nacional de Agroecologia e apoio do Instituto Ibirapitanga e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Conta ainda com prefácio assinado por Leonardo Melgarejo e João Pedro Stedile, e posfácio de Leonardo Boff.
A Campanha também propõe que entidades, movimentos e bancadas também protocolem esse documento nos endereços de e-mail dos deputados e deputadas. https://bit.ly/3z5r9GZ
Para ampliar a mobilização, entidades e movimentos sociais farão seminários regionais virtuais, a partir desta semana. As ações estão previstas para ocorrer sempre às 18h e transmitidas pelas redes da Campanha. Clique aqui para saber mais sobre as ações nas outras regiões: https://bit.ly/3AOawQD