MST conquista mais um projeto para recuperação da bacia do Rio Doce

Por Matheus Teixeira
Da Página do MST

Nesta semana, o MST em Minas Gerais conseguiu a conquista de mais um projeto na área ambiental para o Programa Agroecológico de recuperação da bacia do Rio Doce. O programa é desenvolvido junto à Renova, fundação criada com fim de mediar e cumprir a pena imposta à mineradora multinacional Vale, que junto com seus acionistas Samarco e BHP Billiton, são responsáveis e por um dos maiores crimes ambientais já cometido no país, o rompimento da barragem de Fundão em novembro de 2015.

O programa é parte da medida compensatória do crime da Vale em Mariana e, após muita luta e denuncia dos movimentos populares, o MST conquistou o Programa Ambiental da Bacia do Rio Doce. O objetivo é recuperar, reflorestar, capacitar e prestar assistência técnica aos atingidos pelo crime. pautado nos princípios agroecológicos, do cooperativismo, do não uso de veneno, da construção de novas relações entre os seres e de novos valores e práticas de cuidado com os recursos naturais, bens comuns. 

O Programa de recuperação da bacia do Rio Doce é desenvolvido junto à Renova. Foto: Matheus Teixeira

No vale do Rio Doce, o programa abrange quatro áreas de atuação, voltado aos atingidos pelo crime, acampados e assentados da reforma agrária com quatro eixos de atuação: o ambiental, que busca reflorestar áreas de recargas hídricas em áreas de preservação permanente, implementando sistemas de plantios capaz de reflorestar e produzir comida; assistência técnica, que conduz processos que venham a fortalecer a produtividade, geração de renda e melhoria na qualidade de vida das famílias atingidas; e a educação, com a realização de cursos de formação política, técnica ou continuada voltada para a área de meio ambiente, também pautado e baseados nos princípios agroecológicos e de construção de novas relações entre os seres. 

Por fim, o quarto eixo aprovado recentemente é o produtivo, que tem como objetivo trabalhar junto as famílias contempladas a implementação de pomares, que posteriormente será a fonte de abastecimento para a agroindústria de poupa de fruta que virá ser implantada na região.

De acordo a dirigente do setor de produção em MG, Maira Santiago, a iniciativa do projeto irá beneficiar 173 famílias de cinco áreas de assentamento em dois municípios com a implementação ou fortalecimento dos pomares, onde os mesmos vão se dar em diferentes modelos, sendo um deles o SAF (sistema agroflorestal), visando sempre a agroecologia como um princípio, os pomares serão de produção orgânica e alguns organizados em mutirão, pois parte das famílias beneficiadas já se organizam em núcleos de agroecologia. 

Segundo Maira, centenas de famílias, posteriormente à implementação dos pomares, serão beneficiadas com a agroindústria de polpa de frutas e embalagem para frutas de mesa. Reforça ainda que, as famílias terão com o projeto acesso a uma estrutura mínima e que as próprias famílias irão implementar as unidades produtivas. 

Diante das contradições que envolvem o processo de mineração em Minas Gerais, o MST acerta quando pressiona a Renova para fortalecer um programa antagônico ao projeto de mineração implantado pela Vale. 

*Editado por Fernanda Alcântara

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