Por Roberta Quintino l Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
Reunindo cerca de cinquenta representantes de organizações sociais da região amazônica, foi realizado, no dia 4 de agosto, um importante encontro para discussão da temática dos agrotóxicos e os impactos que esse modelo agrícola tem causado no território e na vida dos povos da Amazônia.
A atividade, organizada pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, em parceria com coletivos regionais, aconteceu em Santarém, Pará, e contou com a presença de pescadores, ribeirinhos, povos da floresta, organizações de agroecologia e da agricultura familiar, bem como, o movimento sindical.
Para a Campanha, a diversidade de participantes na atividade proporciona um debate mais aprofundado sobre os impactos dos agrotóxicos na Região Amazônica, além de evidenciar a urgência e a necessidade de uma ação articulada e em rede para enfrentar o avanço do agronegócio e seus efeitos negativos no território.
Os participantes apontaram um avanço significativo do agronegócio na região, com destaque para as plantações de monocultura de milho e soja, que tem gerado graves consequências socioambientais. Entre os principais problemas discutidos na reunião, destacam-se a contaminação do solo e das águas por agrotóxicos, a redução da biodiversidade, o desmatamento, o deslocamento de comunidades tradicionais e indígenas, bem como a deterioração das condições de trabalho no campo.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Mojui Dos Campos (STTR/MC), Sileuza Barreto, a situação da população local está cada vez mais “complicada” devido ao uso de agrotóxicos. “Na nossa região há um alto índice de uso desenfreado de agrotóxicos, o que acaba colocando em risco toda a nossa saúde, a saúde da nossa comunidade e prejudicando a nossa alimentação”, destaca.
Ela ressalta ainda que a estrutura desse modelo de exploração da terra tem provocado a expulsão das famílias dos seus territórios. “Com isso, acaba tirando as famílias das suas propriedades, devido à chegada do agronegócio na região e o uso dos agrotóxicos que prejudica não só um município, mas toda essa região. Essa situação impacta negativamente os nossos modos de vida e o nosso direito ao bem-viver das nossas comunidades”, denuncia Sileuza.
Durante a reunião, foi evidenciada a importância de mapear o avanço do agronegócio na região e, ao mesmo tempo, identificar e fortalecer as ações de resistência relacionadas à agricultura familiar e à agroecologia para garantir a preservação dos povos da floresta, suas culturas e conhecimentos tradicionais, elemento fundamental na luta contra os agrotóxicos e a defesa de uma alimentação saudável.
Os participantes frisaram também a necessidade de pressionar o Estado por mudanças nas políticas públicas e na legislação para garantir a proteção da saúde da população e do meio ambiente. Para isso, como encaminhamento do encontro, foi definida a realização de atividades regionais com foco na formação da temática e a construção de ações na luta contra os agrotóxicos e em defesa da agroecologia.