Antes do início do lançamento do filme O Veneno está na Mesa 2, foi lida uma carta em homenagem às 5000 famílias violentamente despejadas pela Polícia Militar, pela empresa Oi, e pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Até o momento, nenhuma solução foi oferecida às famílias.
Veja a íntegra da carta lida no Teatro Casa Grande:
“Dedicamos esta sessão a todas as trabalhadoras e trabalhadores Sem Teto que até agora ocupam as redondezas da prefeitura e insistem em não abrir mão de seu direito à moradia. Depois de 11 dias acampados num terreno há 15 anos vazio, 5000 pessoas foram massacradas pela polícia carioca no dia 11 de abril. Nunca a tríade “tiro, porrada e bomba” fez tanto sentido para estas pessoas que foram espancadas, intoxicadas, alvejadas, e sobretudo humilhadas na manhã da última sexta-feira.
Assim como nós, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, responsabilizamos as empresas do agronegócio pela tragédia na saúde pública causada pelos venenos, reconhecemos no massacre de 11 de abril a mão suja do capital. A empresa Oi, concessionária do terreno, que não cumpriu com a função social da terra, e ordenou o despejo das 5000 pessoas no Engenho Novo, tem responsabilidade junto com a prefeitura do Rio de Janeiro nesta tragédia.
Junto à alegria de estarmos lançando o filme neste teatro, manifestamos nosso luto a mais uma injustiça cometida em nome do capital. Esta casa, o Teatro Casa Grande, palco de lutas e resistências durante a ditadura, em favor da democracia e da cultura, nos lembra de nosso dever, como parte dos movimentos sociais, de ocupar todos os espaços possíveis para promover neles o debate e a ação integrada em busca de uma sociedade justa, saudável e solidária.
Por isso, reivindicamos que a área do antigo almoxarifado da Telerj seja destinada à moradia das famílias.
Nossa luta é contra os agrotóxicos, mas sobretudo pela vida digna, saudável e soberana. Todo apoio à luta dos Sem Teto!”