Da Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida
Quais os impactos socioambientais do uso de agrotóxicos na Amazonia? E a expansão do desmatamento, o que tem a ver? Como os povos da floresta têm se organizado para denunciar e construir alternativas? Foi sobre isso e um pouco mais que nossa convidada a Gracivane Moura, do Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Santarém e do Fórum Regional de Combate aos Agrotóxicos, no Pará. E Paulo Rogério Gonçalves (Paulão), diretor executivo da Alternativas para Pequena Agricultura no Tocantins- APATO e também membro da coordenação da ANA Amazônia, trocaram em nosso bate-papo on-line realizado em suas páginas do Facebook e YouTube na última quarta-feira, 02.
A intensa lógica do sistema de produção do agrohidrominério-negócio tem cada vez mais colocado em risco os povos do campo e seus conhecimentos tradicionais. Nesse sentido, abordar debates como esse é importante para pautar a necessidade da sociedade brasileira escutar a voz dessas populações que diariamente se manifestam contra o desmatamento, as queimada, as expulsões das populações tradicionais de seus territórios, a extrema violência e apresenta outras formas de seguir cuidando dos bens comuns de forma adequada.
O diretor executivo da APATO Paulo Rogério afirma que, a Amazônia é um grande território agroecológico. “A gente tem uma quantidade de produção agroecológica extremamente interessante. Nós temos uma biodiversidade enorme. Nós temos modos de vida tradicionais extremamente saudáveis, belos e bonitos. Nós temos um bem-viver enorme. O Brasil tem muito a aprender com a Amazônia. Nós temos que ouvir seus povos. Eles têm muito a nos ensinar. É possível vivermos a partir de outros parâmetros: menos consumistas, menos mercadológicos, menos capitalistas, menos destrutivos.”
Vamos ouvir a Amazônia e vamos construir um mundo melhor, que é possível a partir dos saberes dos nossos povos tradicionais!”
Já Gracivane Moura ressalta a partir dessa perspectiva a importância de fortalecer as iniciativas coletivas entre os povos na luta contra o agronegócio e seus impactos. “(…) A nossa força e a nossa resistência de buscar essa forma de produção, que é a agroecologia, que é pra buscar essa harmonia entre a produção de alimentos e a conservação da natureza, a busca por justiça social… De incentivo do governo, a gente não tem. O que a gente tem é a agregação das forças dessas redes que a gente está, a forças das organizações que a gente tem, com a resistência dos nossos sindicatos e outras instituições que a gente busca, pra que a gente possa estar fortalecendo cada vez mais essa nossa luta constante para contrapor o agronegócio.”
Quando a gente começou a trabalhar o tema da agroecologia, parecia que era uma coisa nova e que a gente não fazia. Mas a agroecologia é buscar o Bem Viver. E temos que dar continuidade àquilo que nossos avós e bisavós sempre fizeram.
Outro aspecto saliento no debate foi o aumento da grilagem da terra na região, que ocorre principalmente com os grandes empreendimentos visando ampliação da infraestrutura realizadas pelo governo com forte influência dos interesses do capital internacional.
“O Estado constrói uma infraestrutura que possibilita a grilagem e o ataque das áreas. Ao invés de o Estado regularizar as terras, pra ver quem está nessas terras que são todas tradicionalmente ocupadas… Mas o Estado não regulariza, porque estrategicamente é para os negócios capitalistas expulsarem as comunidades. Existe uma estratégia de invasão das áreas ainda não regularizadas e que obedece às lógicas do capital. (…) Infelizmente a gente tem um ataque extremamente violento e irracional sobre os povos da Amazônia e do Cerrado brasileiros, e sobre as nossas áreas nativas”, afirmou Paulo Rogério.
Para quem perdeu esta oportunidade bonita de escuta sobre “Agrotóxicos e Amazônia”, o vídeo completo da nossa conversa está disponível nas nossas redes! Acesse: https://youtu.be/3-0d_Q6vKxc