O jornal inglês “The Guardian” publicou hoje uma extensa matéria sobre o conflito que coloca a população das diversas ilhas que formam o estado do Havai e três gigantes do setor agroquímico mundial (Syngenta, Dow, DuPont, Basf e Pioneer) por causa do uso intensivo de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas (Aqui!).
O conflito ocorre em torno dos esforços das corporações em bloquear leis aprovadas localmente para impedir a aspersão de agrotóxicos em áreas próximas a escolas e hospitais, o que está enfurecendo a população que está preocupada com o aumento de nascimentos de crianças com graves problemas de saúde, o que está sendo associado ao uso intensivo de substâncias proibidas na União Européia que incluem a atrazina, o paraquat e o clorpirifós. Em função da experiências com a resistência das plantas a esse coquetel venenoso, as áreas de cultivo ilhas havaianas estariam recebendo 17 vezes mais agrotóxicos do que uma área localizada na área continental dos EUA.
Um dos problemas associados ao uso intensivo de agrotóxicos, especialmente via aérea, é a chamada deriva química. É que depende da intensidade e direção do vento, a quantidade de agrotóxicos que chega a áreas habitadas pode aumentar exponencialmente, o que vem acontecendo no Havaí. Um caso famoso deste tipo de despejo de agrotóxicos sobre áreas habitadas ocorreu numa escola localizada no município de Lucas do Rio Verde (MT), e até hoje seus efeitos sobre as crianças atingidas estão sendo estudados (Aqui! e Aqui!).
O interessante nisto tudo é notar que no Brasil não apenas estamos em meio a situações bastante semelhantes de impactos negativos associados ao uso de agrotóxicos e semente geneticamente modificadas, mas isto se dá sem que haja uma mobilização semelhante ao que está ocorrendo no Havaí. E a ausência desta reação não se dá porque os produtos sendo usados por aqui são menos tóxicos ou perigosos, já que os produtos são basicamente os mesmos, mas porque temos sido negados o tipo de informação que a população do Havaí está demandando nas ruas do arquipélago.
E nunca é demais lembrar que a dublê de latifundiária e senador, e atual ministra da Agricultura, Kátia Abreu, quer escancarar ainda mais o uso de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas para beneficiar o latifúndio agro-exportador.