Evento acontece no Mato Grosso, estado que mais consome agrotóxicos no Brasil
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realiza nesta quinta-feira (4) o Seminário Regional Agrotóxicos e Saúde: Subsídios Para Vigilância Popular. O evento reúne movimentos populares, ambientalistas, indígenas, quilombolas e pesquisadores e acontece no Centro de Formação e Pesquisa Olga Benário Prestes (CECAPE-MT), em Várzea Grande (MT). O objetivo é debater o enfrentamento aos impactos dos agrotóxicos na região Centro-Oeste.
A programação, que contará com 8 palestrantes, tem início às 8h, com previsão de término às 16h. A entrada é gratuita.
Berço do agronegócio e dos agrotóxicos
O agronegócio é a principal atividade econômica da região e sua intensa produção de grãos é totalmente dependente do uso de venenos. Despontando como campeão na compra destes produtos, o Mato Grosso utilizou 191.439 toneladas de agrotóxicos entre 2012 e 2014, o correspondente a média anual de 12,23 a 16,69 quilos por hectare. Em consequência, o estado registra inúmeros casos de violações de direitos, contaminações de rios e nascentes e envenenamento de povos tradicionais e originários.
“Estamos em uma região onde o agronegócio tem uma expressão muito forte e com impactos bem perceptíveis no Cerrado e no Pantanal. Temos representações de povos e comunidades que se encontram em maior vulnerabilidade frente a essas ameaças. Então, o seminário vai trazer reflexões sobre os impactos dos agrotóxicos nos biomas que compreende a região e na diversidade de povos e comunidades ali presentes”, comenta Fran Paula da FASE-MT.
Em um momento de desmontes das políticas ambientais e de liberação recorde de novos agrotóxicos pelo governo federal, 239 só em 2019, o seminário propõe o alinhamento político entre as diversas organizações que lutam em defesa da agricultura familiar, da agroecologia, das comunidades indígenas e quilombolas e pela alimentação saudável.
“É essencial que a gente estabeleça esse diálogo com quem está sendo impactado pelos venenos e que a gente consiga construir não só um processo de formação, mas principalmente um processo de articulação”, é o que acredita Murilo de Souza, do Grupo de Trabalho Agrotóxicos e Transgênicos da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).