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Uma praga assola o Brasil: o uso de agrotóxicos

Intoxicação mata cinco vezes mais que conflitos no campo. Os três poderes da República e a mídia facilitam a vida dos fabricantes

por Isaías Dalla, da CUT

Os agrotóxicos – ou veneno ou pesticida, como preferem denominá-los seus críticos – têm presença forte na mesa dos brasileiros e são mortais. Para quem trabalha nas plantações, a morte vem rápida e pode ser mais facilmente associada aos pesticidas. Para quem mora nas cidades, a aparente distância dos agrotóxicos esconde que mortes por câncer e outras doenças podem ter sido causadas por essas substâncias.

Porém, segundo dados oficiais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 64% dos alimentos consumidos no Brasil estão contaminados. O número muito provavelmente é maior que esse, em virtude de o mais usado agrotóxico, o glifosato, estar livre de monitoramento, por uma conveniência aberta pela legislação. E a ciência já tem comprovado que há potencial cancerígeno nos herbicidas – sem falar em outras doenças.

As mortes diretamente causadas pelos agrotóxicos atingiram média de 170 trabalhadores do campo ao ano, no período entre 1999 e 2009. São duas por dia. Cinco vezes mais que os assassinatos motivados por conflitos fundiários registrados pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) no período.

Papa Francisco se une à batalha contra os transgênicos

Eduardo Santillán / Presidencia de la República

O Papa criticou os transgênicos por seus impactos agrários, sociais e econômicos, e fala da necessidade de um debate amplo sobre o tema.

por Emilio Godoy - Tierramérica

Eduardo Santillán / Presidencia de la República

 

MÉXICO, 10 de agosto de 2015 (IPS) – Há alguns séculos atrás, a indústria da biotecnologia poderia ter comprado uma bula para autorizar seus pecados e obter a redenção prévia. Porém, em sua ecológica encíclica Laudato si, o papa Francisco condenou os organismos geneticamente modificados (OGM) sem perdão possível.
 
Em sua primeira carta circular aos católicos desde que iniciou seu pontificado, no dia 24 de maio de 2013, o argentino Jorge Mario Bergoglio critica os OGM por seus impactos agrários, sociais e econômicos, e fala da necessidade de um debate amplo sobre o tema, e não somente desde a esfera científica.
 
Laudato si – “louvado sejas”, em italiano antigo – faz referência ao título de um cântico de Francisco de Assis que reza: “louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa Mãe Terra, a qual nos sustenta, nos governa e produz diversos frutos com coloridas flores e ervas”.
 
É a primeira encíclica na história dedicada à situação ambiental e à reflexão sobre “a casa comum” da humanidade, o planeta.
 
O documento reconhece a falta de “comprovação contundente” sobre o dano que os OGM poderiam causar aos seres humanos, mas destaca que existem “problemas importantes que não devem ser relativizados”.
 
“Em muitos lugares, após a introdução desses cultivos, se constata uma concentração de terras produtivas nas mãos de alguns poucos, devido à progressiva desaparição dos pequenos produtores, obrigados deixar a produção direta, como consequência da perda das terras exploradas”, segundo a encíclica.

Agrotóxicos e transgênicos: a difícil arte de tentar negar o óbvio

Está em curso um debate que poderia ser chamado de "o último grito de desespero". Importantes "cientistas" da linha de frente de defesa do agronegócio jogaram a toalha e desistiram de tentar defender os agrotóxicos. Mas contiuam se agarrando à sua última tábua de salvação: os transgênicos. Para isso, vem tentando agora desvincular agrotóxicos e transgênicos, numa tentativa desesperada de justificar o injustificável. Abusam de argumentos de autoridade, duplicam a área plantada do Brasil, reduzem pela metade a área de transgênicos e quadruplicam a produtividade da agricultura brasileira. Quando falta o argumento, sobra a criatividade.

O artigo a seguir, publicado no Brasil de Fato, sintetiza o debate:

12/05/2015

Por Leonardo Melgarejo, Rubens Nodari, Paulo Kkageyama, José Maria Ferraz, Marijane Lisboa, Suzi Cavalli e Antonio Andrioli*

Walter Colli, Helena Nader e Jacob Palis Junior – pesquisadores ligados à organizações científicas, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – publicaram na Folha de S. Paulo, em 8 de abril, o artigo “Ciência, Sociedade e a Invasão da CTNBio” (http://naofo.de/4e0h), elogioso à uma suposta excelência dos trabalhos da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), e aprovação de organismos geneticamente modificados, embora sem a devida consulta à comunidade científica.

Hugh Lacey, José Corrêa Leite, Marcos Barbosa de Oliveira e Pablo Rubén Mariconda – membros do Grupo de Pesquisa em Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia do Instituto de Estudos Avançados da USP – publicaram, no Jornal da Ciência, o texto “Transgênicos: malefícios, invasões e diálogo”, crítico àqueles posicionamentos (http://migre.me/pPmWZ).

 
  Foto: Greenpeace

Posteriormente, Paulo Paes de Andrade, Francisco G. Nóbrega, Flávio Finardi Filho, Walter Colli e Zander Navarro – este último um sociólogo e os demais ex-membros da CTNBio –, buscaram reforçar o artigo original, na nota “Transgênicos: benefícios e diálogo” (http://migre.me/pPnjv), utilizado, para tanto, argumentos que merecem reparos.

Desconsiderando observações cabíveis em termos das associações e interesses dos autores deste último artigo, cabem os seguintes comentários:

1 – Os presidentes da SBPC, Helena Nader, e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis Junior, criticados pelo fato de, no artigo original, associarem suas percepções individuais às organizações cientificas que dirigem, não mais figuram entre os envolvidos no debate. Em seu lugar, surgem ex-membros da CTNBio notabilizados pelo empenho exercido em favor da aprovação dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), e um sociólogo que desde algum tempo vem ocupando espaços na mídia para enaltecer os benefícios das modernas biotecnologias e do agronegócio.

“Além dos ganhos econômicos e ambientais, o …

"Além dos ganhos econômicos e ambientais, o cultivo em consórcio estabeleceu uma nova forma de negociação da pluma. O algodão, que antes era vendido a preços mínimos para atravessadores, hoje é exportado para a Europa a preços superiores aos praticados no mercado e com garantia de compra."

Agrotóxicos e transgênicos: o rolo compressor imperialista

Global Water Partnership - a water secure world / Flickr

Agência Internacional de Pesquisa em Câncer classificou o herbicida Glifosato e os inseticidas Malationa e Diazinona como prováveis agentes carcinogênicos.

por Najar Tubino, da Carta Maior

Global Water Partnership - a water secure world / Flickr

 

Antigamente a indústria fabricava venenos para a agricultura industrializada e outras empresas produziam sementes híbridas. Há 20 anos este negócio foi profundamente alterado. As plantas se transformaram em veneno e a indústria química virou produtora de semente. Um negócio internacional, que hoje em dia está sendo implantado com o apoio da Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA, a famosa USAID – atuando principalmente na África e na Ásia. O Brasil, além de ser um “fértil mercado de agrotóxicos”, como definiu a Agência Reuters recentemente, é o segundo maior mercado das sementes transgênicas. As últimas duas notícias da CTNBio foram: a liberação do milho transgênico contendo o veneno 2,4-D, também conhecido por ser a porção do bem do Agente Laranja. A Dow Agrosciences fabrica o produto há 60 anos. E o eucalipto transgênico da empresa FuturaGene, um empreendimento britânico, com centros de pesquisa no Brasil, na China e em Israel, e que desde 2010 faz parte da Suzano Papel e Celulose. O eucalipto não será usado apenas para produzir celulose, mas biocombustíveis (etanol) e energia.
 
Na realidade o rolo compressor dos transgênicos já atinge 28 países e uma área de 181,5 milhões de hectares, preenchidos por 10 variedades comerciais, a maior parte de soja, milho e algodão, segundo o ISAAA (Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia), o porta-voz mundial dos transgênicos, mantido pelas transnacionais. Em seu relatório de 2014 ele faz a seguinte citação do Brasil:
 
“- Os transgênicos ocuparam uma área de 42,2 milhões de hectares, aumento de 1,9 milhões, o maior dos últimos cinco anos. Futuramente o Brasil deverá fechar a lacuna com os Estados Unidos. Um sistema eficiente e com base científica de aprovação no Brasil facilita uma adoção rápida das sementes transgênicas”.
 

“Eucalipto transgênico vai sugar água até que ela acabe”

2302-eucapilto

Por José Coutinho Júnior

Do Brasil de Fato

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A votação sobre a liberação do plantio do eucalipto transgênico acontece nesta quinta-feira (9) na Coordenação-Geral da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Adiada em março por conta de protestos das mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a aprovação do eucalipto preocupa especialistas, que consideram a modalidade um risco ao meio ambiente e a produtores.

Leonardo Melgarejo, engenheiro agrônomo que já foi membro da CTNBio, afirma que “em cinco anos o eucalipto geneticamente modificado retiraria do solo o mesmo volume de água e nutrientes que o eucalipto tradicional levaria sete anos para incorporar.Uma lavoura sedenta será substituída, após cinco anos, por outra lavoura sedenta”.

Confira a entrevista de Melgarejo à Agência Brasil de Fato, sobre o eucalipto transgênico e o papel da CTNBio na sociedade:

ESPECIAL – Porque o Brasil é um mercado fértil para agrotóxicos proibidos

Por Paulo Prada - Original em inglês

LIMOEIRO DO NORTE, Ceará (Reuters) - Os fazendeiros do Brasil se tornaram os maiores exportadores mundiais de açúcar, suco de laranja, café, carnes e soja. Também conseguiram uma distinção nada boa: em 2012, o Brasil superou os Estados Unidos como maior importador de agrotóxicos do globo.

Esse rápido crescimento fez do Brasil um mercado atraente para agrotóxicos proibidos ou que tiveram a produção suspensa em países mais ricos por riscos à saúde e ao meio ambiente.

Pelo menos quatro grandes fabricantes de defensivos agrícolas –a norte-americana FMC Corp, a dinamarquesa Cheminova A/S, a alemã Helm AG e a gigante suíça do agronegócio Syngenta AG– vendem em solo brasileiro produtos banidos em seus mercados domésticos, conforme revelou uma análise de agrotóxicos registrados realizada pela Reuters.

Entre as substâncias amplamente vendidas no Brasil estão a paraquat, que é rotulada como "altamente tóxica" por órgãos reguladores dos EUA. Tanto a Syngenta como a Helm estão autorizadas a vender o produto no mercado brasileiro.

Monsanto: 25 doenças que podem ser causadas pelo agrotóxico glifosato

Cientistas descobriram que pessoas doentes tinham maiores níveis de glifosato em seu corpo do que as pessoas sadias. Conheça os resultados destas pesquisas.

Por Alexis Baden-Mayer, do Organic Consumer Association | Tradução: Daniella Cambaúva

Nota da Campanha: O texto original em inglês possui links com referências para todas as pesquisas citadas no texto vale a pena conferir. Muitos destes efeitos, com estudos feitos no Brasil, estão relatados no Dossiê sobre Impactos dos Agrotóxicos na Saúde

A Monsanto investiu no herbicida glifosato e o levou ao mercado com o nome comercial de Roundup em 1974, após a proibição do DDT. Mas foi no final dos anos 1990 que o uso do Roundup se massificou graças a uma engenhosa estratégia de marketing da Monsanto. A estratégia? Sementes geneticamente modificadas para cultivos alimentares que podiam tolerar altas doses de Roundup. Com a introdução dessas sementes geneticamente modificadas, os agricultores podiam controlar facilmente as pragas em suas culturas de milho, soja, algodão, colza, beterraba açucareira, alfafa; cultivos que se desenvolviam bem enquanto as pragas em seu redor eram erradicadas pelo Roundup.

Ansiosa por vender seu emblemático herbicida, a Monsanto também incentivou os agricultores a usar o Roundup como agente dessecante, para secar seus cultivos e assim fazer a colheita mais rapidamente. De modo que o Roundup é usado rotineira e diretamente em grande quantidade de cultivos de organismos não modificados geneticamente, incluindo trigo, cevada, aveia, colza, linho, ervilha, lentilha, soja, feijão e beterraba açucareira.

A opção do país pelo agronegócio faz o brasileiro consumir 5,2 litros de agrotóxicos por ano. Entrevista especial com Fran Paula

Do IHU Online

“A opção clara da política agrícola brasileira pelo agronegócio é a grande responsável pela situação”, destaca a agrônoma.

fonte: contraosagrotoxicos.org

Pensar um Brasil que não priorize uma produção agrícola em latifúndios de monoculturas para exterminar o uso de agrotóxicos. É o que propõe Fran Paula, engenheira agrônoma da coordenação nacional da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida em entrevista concedida por e-mail para a IHU On-Line. Para ela, “o agronegócio utiliza largas extensões de terras, criando áreas de monocultivos. Dessa maneira, destrói toda a biodiversidade do local e desequilibra o ambiente natural, tornando o ambiente propício para o surgimento de elevadas populações de insetos e de doenças”. E a priorização por esse tipo de produção se reforça no conjunto de normas que concedem muito mais benefícios a quem adota o cultivo à base de agrotóxicos ao invés de optar por culturas ecológicas. Um exemplo: redução de impostos sobre produção desses agentes químicos, tornando o produto muito mais barato. Segundo Fran, em estados como Mato Grosso e Ceará essa isenção de tributos chega a 100%.

E, ao contrário do que se possa supor, a luta pela redução do consumo de agrotóxicos não passa necessariamente por uma reforma na legislação brasileira. Para a agrônoma, basta aplicar de forma eficaz o que dizem as leis e cobrar ações mais duras de órgãos governamentais. O desafio maior, para ela, é enfrentar a bancada ruralista e sua bandeira do agronegócio, além de cobrar ações que levem à efetivação da Política Nacional de Agroecologia. “A bancada ruralista ocupa hoje mais de 50% do Congresso brasileiro e vem constantemente atuando na tentativa do que consideramos legalizar a contaminação. Isso à medida que exerce forte pressão no governo sobre os órgãos reguladores, dificultando processos de fiscalização, monitoramento e retirada de agrotóxicos do mercado. E, ainda, vem tentando constantemente flexibilizar a lei no intuito de facilitar a liberação de mais agrotóxicos a interesse da indústria química financiadora de campanhas eleitorais”, completa.

Fran Paula é engenheira Agrônoma e também técnica da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE. Hoje, atua na coordenação nacional da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. É um grupo que congrega ações com objetivo de sensibilizar a população brasileira para os riscos que os agrotóxicos representam e, a partir disso, adotar ações para acabar com o uso dessas substâncias.

Indígenas do TO e militantes realizam ato na CTNBio

Nesta quarta-feira (3), Dia Internacional do Não Uso dos Agrotóxicos, militantes e povos indígenas do Tocantins realizaram, em Brasília, um ato público em frente a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão responsável pela avaliação e liberação do uso de transgênicos no Brasil.

(Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida)

O evento é organizado pela Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, que é uma articulação entre diversos movimentos sociais, sindicatos e setores de toda a sociedade civil. O movimento, entre outras reivindicações,  defende que a CTNBio seja refundada.

Indígenas ocupam plenário da CTNBio em Brasília para denunciar liberação de transgênicos e agrotóxicos

A campanha existe há quatro anos, muito motivada pela mobilização contra os impactos dos agrotóxicos à saúde pública, que atingem diversos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores e trabalhadoras rurais, habitantes do entorno das fazendas, além de toda a população brasileira, que de um modo direto ou indireto acaba consumindo alimentos contaminados. Desde 2008, o Brasil se consolidou entre os principais consumidores de agrotóxicos do mundo.

Os transgênicos foram apresentados com a finalidade de “revolucionar” a produção de alimentos, proporcionando menos uso de agrotóxicos e menor impacto ambiental.

Lucro de empresas e bancos está à frente da segurança alimentar

3 de dezembro de 2014

Por João Pedro Stedile
Do Portal Uol

O Brasil consome mais de um bilhão de litros de venenos agrícolas por ano. Isso representa 20% de todos os venenos consumidos no mundo, embora sejamos responsáveis por apenas 3% da produção agrícola mundial.

Despejamos 15 litros de venenos por hectare cultivado. Essa realidade não tem paralelo com nenhuma agricultura do mundo, nem há nenhum manual de agronomia que faça tal recomendação.

Esses venenos de origem química são produzidos por poucas grandes empresas transnacionais. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), somente as dez maiores empresas do setor foram responsáveis por 75% das vendas de agrotóxicos na última safra.

Isso lhes permite a maior taxa de lucro do mundo: US$ 8,5 bilhões de dólares na safra 2010/2011, e ainda desovam por aqui seus estoques de venenos proibidos em outros países.

Os venenos matam. Matam a biodiversidade existente na natureza, já que o agronegócio visa ao monocultivo absoluto, seja de soja, milho, algodão, cana ou pastagem extensiva. Mata os nutrientes, empobrece o solo e contamina o lençol freático fazendo com que muitas cidades com poço artesiano encontrem resíduos inaceitáveis para o consumo humano.

3 de dezembro: Queremos comida sem veneno!

Hoje estamos em luta: veja a programação pelo Brasil! Brasil, 3 de dezembro de 2014 Manifesto pelo Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos Povo Brasileiro, Neste dia 3 de dezembro, saímos às ruas em todo o país para denunciar…

CUT vai às ruas para alertar sobre riscos dos agrotóxicos

Central terá radio itinerante nesta quarta (3), em São Paulo, para dialogar com população sobre riscos dos venenos aos trabalhadores, alimentos e meio ambiente

Há 30 anos, o vazamento de um gás tóxico usado na elaboração de um praguicida da Corporácion Union Carbide, na Índia, matou 30 mil pessoas, muitas delas crianças. Como forma de protestar e alertar para os riscos dos venenos ao meio ambiente, a Pesticide Action Network (PAN) estabeleceu o dia 3 dezembro como o Dia do Não Uso dos Agrotóxicos.

Manifestações dos movimentos sindical e sociais acontecerão em todo o país e, em São Paulo, a CUT promoverá um diálogo com a população por meio de uma rádio itinerante nesta quarta-feira (3), a partir das 11h, na Praça do Patriarca, região central da capital paulista.

A mobilização ainda discutirá a necessidade de os movimentos estarem nas ruas para pressionar o governo federal a adotar políticas progressistas para o campo, contra o forte viés conservador que se apresenta e pressionam em defesa dos interesses do agronegócio.

O mais novo fantasma da Monsanto

Estudo sugere: doença ainda inexplicada, que destrói rins e já matou milhares de agricultores, pode estar relacionada ao glifosato, herbicida-líder da transnacional

Por Jeff Ritterman, no Truthout | Tradução Maria Cristina Itokazu

O herbicida Roundup, da Monsanto, foi vinculado à epidemia de uma misteriosa doença renal fatal que apareceu na América Central, no Sri Lanka e na Índia.

Há anos, os cientistas vêm tentando desvendar o mistério de uma epidemia de doença renal crônica que atingiu a América Central, a Índia e o Sri Lanka. A doença ocorre em agricultores pobres que realizam trabalho braçal pesado em climas quentes. Em todas as ocasiões, os trabalhadores tinham sido expostos a herbicidas e metais pesados. A doença é conhecida como CKDu (Doença Renal Crônica de etiologia desconhecida). O “u” (de “unknown”, desconhecido) diferencia essa enfermidade de outras doenças renais crônicas cuja causa é conhecida. Poucos profissionais médicos estão cientes da CKDu, apesar das terríveis perdas impostas à saúde dos agricultores pobres, de El Salvador até o sul da Ásia.

Catharina Wesseling, diretora regional do Programa Saúde, Trabalho e Ambiente (Saltra) na América Central, pioneiro nos estudos iniciais sobre o surto ainda não esclarecido na região, diz o seguinte: “Os nefrologistas e os profissionais da saúde pública dos países ricos não estão familiarizados com o problema ou duvidam inclusive que ele exista”.

Wesseling está sendo diplomática. Na cúpula da saúde de 2011, na cidade do México, os EUA rechaçaram uma proposta dos países da América Central que teria listado a CKDu como uma das prioridades para as Américas.