“A agricultura tem uma história de cerca de 5 mil anos e os agrotóxicos são usados no Brasil há pelo menos 100 anos. O Brasil continua sendo o maior consumidor de agrotóxicos do planeta”, afirma André Burigo.
Nas últimas décadas, dezenas de projetos de lei têm sido apresentados na Câmara dos Deputados e no Senado com o objetivo de alterar a forma como o país aprova, produz e comercializa agrotóxicos.
O tema envolve não só agricultura, mas também segurança alimentar, saúde e meio ambiente, e os dispositivos estão sob análise de uma comissão especial na Câmara. Como muitos têm propostas similares, os textos foram condensados e apensados ao projeto de lei 6.299, apresentado em 2002 pelo então senador Blairo Maggi. Ele é um dos maiores produtores rurais do Mato Grosso, e é atualmente ministro da Agricultura. Na prática, o documento em análise na Câmara representa uma revisão da Lei de Agrotóxicos, de 1989. Ele sofre oposição de políticos ambientalistas ou ligados a movimentos de luta por terra, mas é visto com bons olhos por grande parte da Frente Parlamentar Mista Agropecuária, também conhecida como “bancada ruralista”.
Num esforço de convencimento da população, associações de produtores criaram um site da “Lei do Alimento Mais Seguro”, onde apresentam justificativas para a aprovação da lei. Dentre os argumentos, está a ideia de que as alterações propostas no projeto incentivarão a produção nacional de agrotóxicos. Côrtes, no entanto, afirma que nada no texto garante isso, já que não estão previstos instrumentos legais que sirvam de incentivo à indústria brasileira de defensivos agrícolas. A afirmação, para ele, é nada mais que uma suposição.
#TodoMundoÉContra!
O Projeto de Lei 6299/2002, de autoria do atual ministro da agricultura Blairo Maggi, e o parecer do deputado federal Luiz Nishimori (PR/PR) sobre ele foram alvos de críticas de Darci Frigo, coordenador da Terra de Direitos, que denominou o “pacote de veneno” como “um pacote para liberar praticamente tudo o que há de agrotóxico no país”. Para ele, a iniciativa em questão é o arranjo mais recente das forças conservadoras que tentam modificar o conjunto de regras em relação ao uso desse tipo de produto.
Os dados alarmantes constam do atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia (clique aqui para acessar), lançado nesta segunda-feira (27) pela professora Larissa Mies Bombardi, pesquisadora do Laboratório de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo (USP).
No caso do algodão o número de agrotóxicos proibidos pela União Europeia e autorizados no Brasil chega a 47. Isso não impede países como Itália, Portugal, Alemanha e França de importarem o produto. O volume de algodão bruto exportado – em boa parte do Mato Grosso e do oeste baiano – é de 11.344 toneladas.
Ótima leitura para o domingo.
"Carlos Monteiro é um dos pesquisadores brasileiros de melhor reputação na área de nutrição, um status que ficou reforçado pelo espaço que recebeu durante o congresso. Médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, ele propôs na virada da década que os alimentos fossem classificados pelo grau de processamento: in natura, minimamente processados e ultraprocessados."
"Foi toda uma (r)evolução no olhar. Vendo dessa maneira, é fácil entender qual dos três grupos tem a maior contribuição para a obesidade. Também é fácil entender por que a indústria de ultraprocessados odeia essa classificação. E tenta atacá-la por todos os flancos."
Ao analisar cinco pesque-pague, todos perto do cultivo de cana-de-açúcar, os resultados da pesquisa de Maria Amália, mostraram agrotóxicos nas águas dos tanques dos pesqueiros e também nas águas que abastecem esses.
Defensivos agrícolas ou veneno? Boa pergunta!
"Outro estudo, promovido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, revelou o risco de exposição crônica de agrotóxicos em cultivos como arroz, feijão, soja e frutas, identificando 68 compostos que excediam o valor da ingestão diária aceitável, também de acordo com os limites determinados pela Anvisa.
Apenas para ilustrar, a pesquisadora Jacqueline Mary Gerage identificou que dentre os 283 agrotóxicos estudados, o brometo de metila (BM) – pertencente à classe dos inseticidas, formicidas e fungicidas, e listado como extremamente tóxico – foi a substância com maior estimativa de frequência, segundo informa a Agência USP."
Mais sobre abelhas e agrotóxicos...
O professor aposentado Lionel Segui Gonçalves, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da USP, alerta para o risco da extinção do inseto. "A abelha é o maior polinizador que existe no planeta. A extinção dela atinge basicamente a produção de alimentos. Com a falta de polinizadores, a carência de alimento passa a ser muito alta e não existe uma substituição para os polinizadores naturais", argumenta o especialista em abelhas em entrevista à Rádio USP.
O professor aposentado Lionel Segui Gonçalves, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, é um dos maiores especialistas em abelhas no Brasil. Ele alerta para a extinção gradual do inseto e aponta soluções para reverter o quadro. Entre as soluções apontadas, estão o fim do uso de agrotóxicos nocivos às abelhas e o aumento de plantio de árvores para aumentar a polinização das flores.
O artigo de Tarcisio Miguel Teixeira, recém-publicado na Revista de Direito Sanitário, analisa a questão da atual da presença de agrotóxicos nos alimentos, a falta de informação a respeito dos produtos aplicados para sua produção, além de estabelecer a relação diretamente proporcional entre saúde e alimentação saudável, ressaltando o direito essencial da informação a respeito da qualidade do que estamos servindo à mesa.
"Afirmações como essa evidenciam um vertiginoso desconhecimento dos modos de existência indígena e sobretudo, revelam a atitude equivocada de quem, ao lhes negar a capacidade de transformações históricas, lhes nega um futuro em seus próprios termos."
Quando os camponeses são comparados aos trabalhadores das cidades, dos setores da indústria e do comércio, eles também reagem melhor às crises econômicas. Embora não tenham dinheiro circulando facilmente em suas propriedades, há sempre mesa farta com verduras, legumes, cereais e leite.
A dieta dos brasileiros é rica em agrotóxicos, inclusive os mais tóxicos. Ao cruzar os dados sobre o que come habitualmente a população brasileira com a lista de agrotóxicos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a serem aplicados na cultura desses alimentos, pesquisa realizada na USP identificou 68 compostos que excediam o valor de ingestão diária aceitável de acordo com limites estabelecidos pela própria Anvisa.