Um estudo coordenado pelo Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) e pela Fundacentro que avalia as condições de trabalho na produção de cana no Estado mostrou que a falta de capacitação para o manuseio e aplicação de agrotóxico nos canaviais sergipanos coloca em risco constante a vida dos trabalhadores e dos seus familiares. Pesquisa foi realizada de 2010 a 2012 em parceria com diversas instituições, como a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, Federação dos Trabalhadores na Agricultura no estado de Sergipe, Secretaria de Estado da Saúde, EMDAGRO e Instituto Federal de Sergipe (IFS), e abrange seis usinas dos municípios de Capela, Japoatã, Nossa Senhora das Dores e Laranjeiras.
Falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), más condições de higienização das roupas utilizadas após uso do veneno, transporte inadequado dos equipamentos de aplicação de agrotóxico junto com trabalhadores, superexposição ao sol e fornecimento precário de água foram algumas das irregularidades encontradas que, segundo o MPT, revelam a violação de direitos trabalhistas na produção da cana em Sergipe.
Alguns aplicadores relataram ainda que certos venenos são tão fortes que provocaram desmaios, além de dores musculares, dor de cabeça, manchas na pele, vômitos, muita sede e tremores noturnos, revelando um cenário de trabalho desumano e irregular, do qual faz parte os inúmeros acidentes do trabalho rural, estando o Brasil em quarto lugar no ranking dos países com maior número de mortes.
Além das consequências imediatas, como intoxicação e óbito, os efeitos crônicos produzidos pelo agrotóxico podem ocorrer meses, anos ou até décadas após a exposição, manifestando-se em doenças como cânceres, má formação congênita, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais.
O uso do veneno agrícola é apenas um dos problemas monitorados no estudo sobre as condições de trabalho na produção da cana.
R7, Com informações da assessoria do MPT/SE