Abrasco critica uso de agrotóxicos no combate ao Aedes Aegypti

Entidade que reúne pesquisadores da saúde coletiva afirma que o uso de agrotóxicos pela Saúde Pública não tem tido efetividade, não diminui a infestação pelo Aedes e provoca danos sérios às pessoas

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) lançou nesta semana uma Nota de Alerta criticando a atuação do Ministério da Saúde frente à epidemia de Zika e Microcefalia. O ṕrincipal eixo da nota questiona o uso de agrotóxicos no combate ao mosquito, ao invés da implementação de ações de saneamento ambiental e fornecimento regular de água.

Junto à Nota de Alerta, grupos de trabalho (GTs) da Abrasco assinaram uma Nota Técnica onde detalham os erros cometidos há décadas no modelo de combate ao mosquito Aedes Aegypti. A nota explica o contexto de surgimento da atual epidemia, e ressalta que “a distribuição espacial por local de moradia das mães dos recém-nascidos com microcefalia (ou suspeitos) é maior nas áreas mais pobres, com urbanização precária e com saneamento ambiental inadequado, com provimento de água de forma intermitente”.

O armazenamento domiciliar inseguro de água gera condição muito favorável para a reprodução do Aedes aegypti, constituindo-se em “criadouros” que não deveriam existir, e que são passíveis de eliminação mecânica.

Apesar disso, a abordagem tem sido de mais envenenamento da população. De acordo com a nota, “em 2014 foi introduzido na água de beber das populações nos domicílios e nas vias públicas um novo larvicida: o Pyriproxyfen. (…) que age por desregulação endócrina e é teratogênico e inibe a formação do inseto adulto.” De acordo com a legislação brasileira, essas características impediriam um agrotóxicos de uso agrícola de ser registrado. O Ministério da Saúde está preconizando o uso de larvicida diretamente nos carros-pipas que distribuem água nas regiões do Agreste e Sertão do Nordeste.

Os GTs da Abrasco destacam ainda que diversos produtos utilizados no controle vetorial do Aedes aegypty, como o Fenitrothion, Malathion e Temephós vem sendo estudados desde 1998, no Departamento de Química Fundamental da UFPE e mostram ter efeitos potencialmente carcinogênicos para humanos.

Há ainda a denúncia de que os fornecedores deste venenos são os mesmos cartéis de empresas produtoras de agrotóxicos que operam na agricultura.

A nota técnica conclui com 13 reivindicações, sendo a primeira e principal a “Imediata revisão do modelo de controle vetorial. O foco deve ser a ELIMINAÇÃO DO CRIADOURO e não o mosquito como centro da ação; com a suspensão do uso de produtos químicos e adoção de métodos mecânicos de limpeza e de saneamento ambiental. Nos reservatórios de água de beber utilizar medidas de limpeza e proteção da qualidade da água e garantia de sua potabilidade”.

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida apoia os GTs da Abrasco nesta iniciativa e exige o fim imediato do envenenamento da população pobre do Brasil.

Leia a nota completa: https://www.abrasco.org.br/site/2016/02/nota-tecnica-sobre-microcefalia-e-doencas-vetoriais-relacionadas-ao-aedes-aegypti-os-perigos-das-abordagens-com-larvicidas-e-nebulizacoes-quimicas-fumace/

 

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