O Brasil vive um intenso e acelerado processo de desregulação ambiental e
desconstrução do aparato institucional, das políticas e governança ambiental, que vem repercutindo, desde 2019, no crescimento dos focos de queimadas e do desmatamento, principalmente na Amazônia e no Cerrado. Logo nos primeiros dias do governo Bolsonaro, houve uma profunda reforma administrativa, que, entre outras coisas, esvaziou o Ministério do Meio Ambiente, com cortes drásticos no seu orçamento, inclusive aquele previsto para a prevenção e controle de incêndios florestais.
Houve, ainda, a suspensão de convênios e extinção ou enfraquecimento de
secretarias que respondiam por políticas e programas de mudanças climáticas, combate ao desmatamento e queimadas, apoio aos povos indígenas e comunidades tradicionais. Com efeito, os constantes cortes orçamentários – como mostram os estudos do Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos (Inesc) -, e o desmonte das equipes e estrutura dos escritórios regionais do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), desmantelaram as estruturas de fiscalização, monitoramento e controle destes órgãos e, consequentemente, reduziram a quantidade de multas aplicadas.
Consequência disso é o ano em chamas desde a Amazônia, o Cerrado e Pantanal. Biomas com áreas de transição entre si, que têm em comum importantes bacias hidrográficas, uma sociobiodiversidade rica e que sofreram com os incêndios avassaladores. Nos últimos anos, esses biomas estão queimando em proporções nunca vistas e de forma descontrolada, sem apoio governamental para o seu combate e dependendo, muitas vezes, de voluntários brigadistas e moradores dessas regiões. Junto com o fogo, além da vegetação, animais silvestres estão morrendo e comunidades sendo incendiadas, perdendo suas colheitas e casas, deixando um rastro de fumaça e destruição.
Em meio a este cenário, a Campanha Contra os Agrotóxicos e pela Vida realizou diversos debates on-line em torno dos impactos socioambientais do uso de veneno nos diversos biomas brasileiros. Cada um com suas características distintas de fauna, flora e os seus povos e comunidades tradicionais, mas todos sofrendo por serem alvo central do agronegócio nas últimas décadas, que tem devastado amplamente esses territórios, mas também tem visto de frente a resistência dos povos que buscam diariamente regenerar a destruição do agronegócio por meio da
agroecologia.
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