Campanha completa 10 anos de luta permanente contra os agrotóxicos e pela vida

Seminário formativo e lançamento de Dossiê contra o pacote do veneno são algumas das atividades previstas para marcar a data

Neste dia 07 de abril de 2021, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida completa 10 anos de resistência contra uma das principais expressões do modelo agrário capitalista no país, o agronegócio.“Contra o Agronegócio, por comida, saúde e justiça social” é o lema escolhido por movimentos e organizações para afirmar a agroecologia como resposta, diante do cenário de crise econômica, política e sanitária, do desmonte de políticas sociais e da flexibilização de leis de proteção à saúde humana e do ambiente.

Para marcar o aniversário, a Campanha realiza uma live no dia 15 de abril, às 19h, ocasião em que será lançado o Dossiê “Contra o Pacote do Veneno em Defesa da Vida”. O material, construído em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e a Associação Brasileira de Agroecologia-ABA, denuncia os riscos de o Brasil aprovar o PL 6299/02, que visa flexibilizar o marco regulatório de agrotóxicos, retrocedendo ainda mais na perspectiva de proteção à saúde e ao ambiente. Em contraponto, o dossiê apresenta a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos – PNARA (PL 6670/16), que também aguarda votação no Plenário da Câmara e propõe medidas para a promoção da agroecologia e da produção orgânica no país. 

Além disso, serão realizadas projeção de mensagens em algumas capitais nesta quarta-feira (7), das 20h às 21h, para dialogar com a sociedade, e, entre os dias 12 a 14 de abril, um seminário ampliado vai reunir as organizações e movimentos do campo popular para aprofundar ações de enfrentamento aos agrotóxicos diante da atual conjuntura.

Jakeline Pivato, da coordenação nacional da Campanha Contra os Agrotóxicos, avalia que vivemos um cenário crítico na história da humanidade de desrespeito à vida, de acentuação do crescimento da fome e da pobreza em nosso país, de desmonte de políticas sociais, assim como de flexibilização de leis de proteção à saúde humana e do ambiente.

“As relações entre o modo de produção do agronegócio e as consequências para a saúde e o ambiente são graves. A exposição a agrotóxicos favorece o surgimento de doenças, agrava condições preexistentes, aumentando a vulnerabilidade para outras morbidades, inclusive de pandemias como a COVID-19 que tem sido utilizada como pretexto para a necropolítica brasileira, criando oportunidade para a flexibilização da legislação de agrotóxicos, para a liberação em massa de produtos, por meio de normativas infralegais, e para a aprovação do Pacote do Veneno”, denuncia Jakeline.

Em meio a maior crise sanitária dos últimos tempos, o número de agrotóxicos aprovados subiu vertiginosamente: desde o início do governo Bolsonaro 1059 produtos foram aprovados, um terço deles não permitidos em seus países de origem. Pivato lembra que é neste cenário que a Campanha contra os agrotóxicos e pela vida há 10 anos trava uma luta histórica “contra o Agronegócio, por comida, saúde e justiça social”. “A nossa resposta sempre foi e será coletiva. Estamos falando de ações que perpassam a formação de agentes populares de saúde e os cuidados populares em saúde como ação de solidariedade forjadas como estratégia para existência da classe trabalhadora, diante da negação de direitos como o acesso à serviços de saúde, à alimentação, moradia e renda”, conclui.

Um pouco da história

Gestada a partir de articulações entre diversas organizações desde meados de 2010, a Campanha foi lançada oficialmente em 2011, com uma perspectiva de consolidar uma rede em torno da luta unitária contra os impactos severos que os agrotóxicos causam na saúde humana e no meio ambiente. 

A Campanha nasce em um contexto de avanço do capitalismo no campo, simbolizado pelo agronegócio, e de evidência de seus problemas estruturantes: corporações transnacionais controlam a produção de mercadorias agrícolas (commodities), o comércio e os preços dos produtos, bem como a maioria das fábricas de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, sementes, mudas e matrizes animais, máquinas e equipamentos, além de se apropriarem dos recursos naturais e da biodiversidade brasileira. Ao mesmo tempo, os agrotóxicos expressam uma das principais contradições do agronegócio, porque não se consegue produzir monocultivos sem eles, mas seus efeitos na saúde e no meio ambiente são cada dia mais difíceis de serem encobertos. Durante toda a sua cadeia, os agrotóxicos deixam um rastro de morte e doenças e, por isso, se configura como uma espécie de “calcanhar de Aquiles” do agronegócio.

Ao mesmo tempo em que a Campanha busca explicitar as contradições e malefícios gerados pelo agronegócio, ela também vem trazer um anúncio, por isso, traz em seu nome a Vida, colocando a agroecologia como paradigma necessário para construção de outro modelo de agricultura.  No ano de 2011, o dia 07 de abril foi escolhido para o lançamento da Campanha em vários estados por ser o Dia Mundial da Saúde, assim a relação entre agrotóxicos e saúde ficaria marcada  de forma simbólica. Outra data referência para Campanha é o 03 de dezembro, Dia Mundial de Luta contra os Agrotóxicos.

Serviço:

Live dos 10 anos da Campanha Contra os Agrotóxicos e lançamento do dossiê “Contra o Pacote do Veneno em Defesa da Vida”

Dia: 15 de abril

Hora: 19h às 20h30

Local: https://www.youtube.com/contraosagrotoxicos   e https://www.facebook.com/contraosagrotoxicos

4 comentários

  1. Além de termos que lidar com a fome no mundo, ainda oque resta nos dão a comer com veneno, sim porque os agrotóxicos em seu país de produção, o consumo e é extremamente proibido. Temos mesmo de levantar cada vez mais a voz, para que se faça ouvir a verdade por traz das absurdas políticas brasileiras

    • Artigo interessante pois trata da investida das grandes corporaçoes para prejudicar e acabar com os pequenos produtores (Agricultura Familiar). De uma lida e compartilhe com outros produtores rurais.

  2. Artigo interessante pois trata da investida das grandes corporaçoes para prejudicar e acabar com os pequenos produtores (Agricultura Familiar). De uma lida e compartilhe com outros produtores rurais.

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