Na Alemanha, Glifosato é suspeito de provocar má-formação

Der Spiegel: “Seria o Glisofato seguro para beber, como afirmam os lobistas da indústria? Ou seria ele o DDT do século XXI, altamente tóxico, e que consequentemente contamina toda a cadeia de alimentos?”

Assim como em vários locais do mundo, o Glifosato vem ganhando as páginas de jornais alimentos pelas seguidas evidências de seus efeitos na saúde e meio ambiente. A revista “Der Spiegel”, um dos semanários mais lidos na Alemanha, trouxe nesta semana uma extensa matéria sobre este pesticida. Na capa, a pergunta: “Será o Glifosato culpado pela má-formação?”

Após informar sobre diversos casos onde o resíduo de Glifosato na ração animal é suspeito de causar doenças em gado leiteiro, prejudicando a produção, a revista afirma que em poucos meses a autorização do produtos será revisada na União Europeia. Veja um trecho da matéria traduzida:

“O Glifosato é usado há 40 anos, e pode ser encontrado em muitos lugares: na urina de humanos e animais, no leite, na ração animal, em órgãos de suínos e bovinos, em coelhos e faisões, e na água.

O uso do Glifosato é liberado desde 2001 na União Europeia. No final deste ano, expira o prazo da liberação. A agência europeia de segurança alimentar (European Food Safety Authority – EFSA) irá se pronunciar em agosto sobre a possibilidade de renovação da liberação por mais 10 anos. Há boas chances de que esta renovação reforce uma briga já acontece há anos, sobre o quanto de perigo representa o Glifosato para humanos, animais e o meio ambiente.

De um lado, a indústria do agronegócio com seu poderoso lobby, que há décadas jura que a substância é segura. A agência de avaliação de risco europeia, responsável pela avaliação científica de produtos químicos, também afirma que o glifosato não é perigoso. A agência enviou recentemente um relatório de 2000 páginas para EFSA. Como conclusão, a agência chegou a recomendar um aumento em dois terços na “ingestão diária aceitável” do produto.

Do outro lado, não só eco-ativistas e defensores do meio ambiente se mobilizam, mas também cada vez mais cientistas independentes. Eles afirmam que o Glifosato pode causar má-formação em mamíferos, problemas nos rins e no fígado, infertilidade e câncer. Um alerta de grande importância fomenta as preocupações: a agência internacional para pesquisa sobre câncer (International Agency for Research on Cancer – IARC), uma organização vinculada à Organização Mundial da Saúde, classificou o Glifosato no início de março com “provável cancerígeno” para humanos.”

Seria o Glisofato seguro para beber, como afirmam os lobistas da indústria? Ou seria ele o DDT do século XXI, altamente tóxico, e que consequentemente contamina toda a cadeia de alimentos?”

Após citar os diversos embates científicos em torno do caso, a matéria conclui com o relato de um agricultor:

“O agricultor Voss, de Dithmarschen (extremo norte da Alemanha) não quer mais esperar os cientistas chegarem a uma conclusão unificada. Ele já chegou à sua própria conclusão. Voss alimenta seu rebanho de 75 animais com colza e favas plantadas por ele mesmo. Ele não uiliza mais soja vinda do exterior (provavelmente do Brasil) cultivada com Glifosato.

Desde então, os animais voltaram a produzir mais leite e estão mais férteis e saudáveis. Em breve Voss irá transformar sua fazenda e passar a produzir leite orgânico. “Isso é um erro”, afirma ele. Não cometerei novamente.”

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