Saúde do trabalhador é tema de dois lançamentos da VideoSaúde

 

por Graça Portela – ICICT – Fiocruz,

 
Com as palavras iniciais do pesquisador Carlos Minayo, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp), foi lançado no dia 30/10, no Museu da Vida, os vídeos “Nuvens de Veneno” e “Linha de Corte”, uma produção da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), o Instituto de Economia da UFRJ e a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso.

Os vídeos integram o projeto “Saúde Coletiva, Saúde do Trabalhador e a Sustentabilidade no Agronegócio”, coordenado por Carlos Minayo, que destacou que as produções representavam “a produção da academia compromissada com a realidade da população.”

Além de Minayo, a mesa de abertura contou com a presença de Umberto Trigueiros, diretor do Icict, Sergio Brito, coordenador de produção da VideoSaúde Distribuidora, e de Ivi Tavares, coordenadora de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Rio de Janeiro.

O diretor das produções, Beto Novaes, que também é professor e pesquisador do Instituto de Economia da UFRJ, estava acompanhando o lançamento dos vídeos no Paraná e não pode estar presente.

Após a exibição dos dois documentários, os palestrantes falaram sobre os vídeos. Umberto Trigueiros lembrou que “o objetivo dos dois documentários é dar visibilidade a essa situação (a precariedade das condições de trabalho) e coloca a nu a política de desenvolvimento do país”. Ele completou, afirmando: “a saúde do trabalhador ainda não entrou na agenda do desenvolvimento brasileiro.” Trigueiros destacou também que as produções se alinham ao debate que a Fiocruz está comprometida, que é o “desafio de mantermos o Sistema Único de Saúde – o SUS.”

Sergio Brito, coordenador de produção da VideoSaúde, ressaltou a parceria com o Cesteh/Ensp, da UFRJ e da Secretaria de Saúde de Mato Grosso, e o compromisso da VideoSaúde em realizar trabalhos que “mantenham acesa determinadas questões que são fundamentais para serem discutidas e encaminhadas sob a ótica do Sistema Único de Saúde.”

Ele falou ainda sobre os espaços ocupados pelos documentários da produtora, que extrapolam a questão da saúde: “os filmes, além de refletirem pesquisas científicas, quando são colocados na tela, ganham outro espaço, que é o do produto cultural”. Brito incentivou o público presente a promover novas discussões aliando a questão da saúde à cultura, lembrando que no dia 5/11, é comemorado o Dia Nacional da Cultura, e que marca também o falecimento de “um grande documentarista que fez muitos documentários tendo as pesquisas da Fiocruz como base, que foi Humberto Mauro.”

A médica Ivi Tavares, que coordena o Setor de Saúde do MST do Estado do Rio de Janeiro e integra a ’Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida’, que tem, dentre outros parceiros, a Fiocruz, o Inca, a Abrasco, destacou a parceria e afirmou que “está na hora de termos um grupo com força para combater o que entendemos ser a raiz do sistema de produção do agronegócio, como foi bem mostrado nos vídeos apresentados.” Ela destacou que a luta não é simples, mas os pesquisadores e as instituições que estão alinhadas na denúncia sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos têm em mãos “a arma da comunicação e os documentários apresentados são uma prova disso.”

Destacando a atualidade e relevância das produções, Ivi se comprometeu a divulga-los junto com a “Cartilha de Base”, um documento que é da Campanha Nacional e servirá para ser usado não só em escolas, mas em igrejas, associações, sindicatos e etc. A coordenadora de Saúde do MST frisou que, apesar de o assunto “agrotóxicos” já ter sido tema do programa Globo Repórter (da TV Globo), “não foi discutido o modelo que leva ao uso dos agrotóxicos”. Ela reafirmou que é necessário “denunciar e começarmos a fazer espaços de formação que extrapolem os limites da Fiocruz”.

Encerrando a participação dos palestrantes da mesa, o pesquisador Carlos Minayo levantou uma questão inquietante: por que as pessoas na campo, mesmo sendo informadas de todos os males dos agrotóxicos, ainda os utilizam? Ele constatou in loco que o agronegócio está trazendo uma melhoria de vida para a população local: “é difícil lutar contra um quadro como este”, falou. Destacando a importância de se manter a luta para fortalecer a Política Nacional de Saúde do Trabalhador, Minayo afirmou: “estamos trazendo uma nova discussão que vai além do consumo, questionamos como está sendo feita essa produção”, destacou o pesquisador.  

O público participou ativamente com perguntas sobre os temas abordados, que foram respondidas pelos palestrantes.

Os vídeos serão distribuídos para instituições vinculadas ao SUS e entidades da sociedade civil, principalmente sindicatos e associações profissionais. Os interessados devem entrar em contato pelo e-mail [email protected], ou pelo telefone 2290-4745.

Leia também a opinião dos palestrantes sobre a importância de se colocar em discussão à saúde do trabalhador.

 

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