Tag Dupont

Agronegócio, agrotóxico e “agrocâncer”

As consequências desse modelo, que se tornou hegemônico nos últimos dez anos, já apresentam resultados perversos para o meio ambiente, para a economia e para a saúde dos brasileiros

Brasil de Fato, editorial da edição 482

As três palavras acima não são mera propaganda. Nos últimos dez anos tomou conta da forma de produzir na agricultura brasileira, o chamado agronegócio. Ele é um modelo de produção de mercadorias agrícolas, subordinado agora aos interesses do capital financeiro e das grandes empresas transnacionais. Aliados aos fazendeiros brasileiros, que entram com a natureza.

Nesse modelo, o capital financeiro entra com o capital. Do valor bruto de produção agrícola ao redor de 160 bilhões de reais, os bancos entram com aproximadamente 110 bilhões todos os anos, financiando a compra dos insumos e cobrando os juros, sua parte na mais-valia agrícola. E as empresas transnacionais fornecem os insumos agrícolas, máquinas, fertilizantes químicos e, sobretudo, os venenos agrícolas. A produção agrícola depois se destina ao mercado mundial, as chamadas commodities agrícolas.

Assembleia do RS debate malefícios de agrotóxicos na produção agrícola


Audiência Pública ouviu especialistas e órgãos governamentais para discutir o tema | Foto: Galileu Oldenburg/ALRS

Samir Oliveira

Quantas substâncias químicas possui uma folha de alface, um pimentão ou uma batata? Invisíveis ao olho nu, os agrotóxicos impregnam a maior parte dos alimentos cultivados que são vendidos nas prateleiras dos supermercados e atacam diariamente a saúde dos brasileiros de uma forma silenciosa e, às vezes, letal.

Na manhã desta quarta-feira (2), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul realizou uma audiência pública sobre a utilização de agrotóxicos na produção agrícola. O tema não é novo e, apesar de o Brasil ser o maior consumidor desses produtos no mundo, o assunto encontra dificuldades para se consolidar na agenda pública estadual e nacional devido à influência das empresas que produzem os chamados “defensivos agrícolas”.

Para se ter uma ideia do volume de dinheiro movimentado pelo setor, somente em 2010 foram vendidas 789,9 mil toneladas de agrotóxicos no país, totalizando um montante de US$ 6,8 bilhões. Até 2009, o Brasil possuía 2.195 marcas registradas e 434 tipos diferentes de agrotóxicos à disposição dos produtores rurais. E 80% desse mercado é absorvido por apenas dez empresas: Syngenta, Milenia, Monsanto, Nufarm, Daw, Bayer, Basf, Nortox, Atanor e DuPont.

Agrotóxicos: um mercado bilionário e cada vez mais concentrado

Mercado de Agrotóxicos

Raquel Júnia - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)

Mercado de Agrotóxicos
Seminário realizado na Anvisa mostra o processo de concentração da produção e comercialização de insumos agrícolas. Pesquisador alerta para risco à soberania nacional.

O mercado mundial de agrotóxicos movimentou US$ 51,2 bilhões em 2010. E o brasileiro US$ 7,3 bilhões. As seis maiores empresas - Basf, Bayer, Dow, Dupont, Monsanto e Syngenta - controlam hoje 66% do mercado mundial. E, no Brasil, as dez maiores empresas foram responsáveis por 75% da venda nacional de agrotóxicos na última safra. As gigantes do setor estão comprando as empresas menores, tanto de agrotóxicos, quanto de sementes, formando monopólios e oligopólios. Os dados foram apresentados no 2º Seminário Mercado de Agrotóxicos e Regulação, realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no dia 11 de abril, com a palestra do professor da Universidade Federal do Paraná Victor Pelaez.

Rio Grande do Sul lança Comitê Estadual

Depois dos Estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Sergipe, chegou a vez do Rio Grande do Sul realizar o lançamentodo Comitê Estadual da Campanha Permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida. Será na próxima segunda-feira, dia 24 de outubro, às 18h30min no auditório da Emater/RS, e será aberto ao público.

O evento se iniciará com a exibição do documentário ?O agrotóxico está na mesa?, de Silvio Tendler. Na sequência, haverá a palestra da Prof. Dra. Magda Zanoni, bióloga e socióloga, que organizou, junto do francês Gilles Ferment, o livro Transgênicos para Quem? Agricultura, Ciência, Sociedade (MDA, Coleção NEAD Debate) lançado em 2011. Ao seu lado, irão compor a mesa, representantes da Via Campesina e da Emater/RS.

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida é lançada no Paraná

DSC 9812 300x199 Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida é lançada no Paraná

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Brasil lidera o uso de agrotóxicos no mundo, sendo responsável por 16% do consumo mundial e 84% na América Latina

DSC 9812 300x199 Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida é lançada no Paraná

Nessa terça-feira (31) foi lançada em Curitiba a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, iniciativa que reúne cerca de 50 entidades do Brasil com o objetivo de ampliar o debate junto à sociedade sobre o consumo, a venda e os impactos ambientais provocados pelos agrotóxicos. O encontro foi realizado pela organização Terra de Direitos, o Coletivo Maio de estudantes de Direito da Universidade Federal do Paraná – UFPR, a Coordenação dos Movimentos Sociais do Paraná e a Via Campesina.

O lançamento faz parte da Jornada de Lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, que vai até sexta-feira (03). Milhares de militantes do estado estão na capital paranaense para discutir seu projeto de sociedade e pressionar o poder público pelos direitos dos trabalhadores do campo.