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Agrotóxicos, terra e dinheiro: a discussão que vem antes da prateleira




Por Aline Naoe
Da Página da USP


O Brasil ocupa o primeiro lugar na lista de países que mais consomem agrotóxicos. O uso massivo desses produtos é explicado por uma economia que exporta commodities em grande escala, em especial a soja, e um modelo de agronegócio baseado em grandes extensões de terra produzindo poucas culturas.


Nos últimos cinco anos, a geógrafa Larissa Mies Bombardi tem se dedicado a estudar o impacto do uso dos agrotóxicos no país, em especial a partir do mapeamento dos casos de intoxicação – segundo a professora, de 2007 a 2014 foram notificados 1186 casos de morte por intoxicação com agrotóxicos.


Coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Larissa comenta o Projeto de Lei em tramitação na Câmara que concentra no Ministério da Agricultura o controle do registro dos agrotóxicos, responsabilidade que hoje é compartilhada com órgãos dos Ministério da Saúde e do Meio Ambiente. A pesquisadora fala também sobre como os recentes casos de microcefalia associados ao vírus zika podem acabar contribuindo para a aprovação de medidas que autorizam a pulverização de áreas urbanas com agrotóxicos para o combate ao mosquito.

Anvisa: proíba o uso do 2,4-D no Brasil

Para nossa surpresa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não encontrou problema algum na reavaliação do agrotóxico 2,4-D. Consequências fartamente documentadas como alteração genética capaz de desencadear o câncer, alterações do sistema hormonal, má-formação fetal e toxicidade neurológica não foram capazes de sensibilizar os técnicos da Anvisa, que concluem seu relatório indicando apenas a necessidade de avaliação da contaminação por 2,4-D na água, alimentos e em trabalhadores. Ou seja, concluem que o veneno não faz mal sem saber o quanto está presente naquilo que comemos, bebemos, e no nosso corpo.

Mais uma vez, a preferência da Anvisa foi pelos estudos bancados pelas empresas, em detrimento dos independentes.

Como sempre faz, após a finalização do relatório, a Anvisa abriu consulta pública, que está aberta até o dia 17/06. E é nosso dever manifestar nossa opinião CONTRÁRIA ao relatório. O agronegócio já se mobilizou e está ganhando a consulta. Veja abaixo como fazer:

Nesta terça, 31/05, aconteceu mais uma audiência …

Nesta terça, 31/05, aconteceu mais uma audiência pública sobre o PL3200, que agora foi apensado ao PL1687. O objetivo segue o mesmo: acabar com a atual lei de agrotóxicos e instituir uma gentil Lei de Defensivos. Fomos representados pelo grande professor e pesquisador da Fiocruz Marecelo Firpo, que caracterizou o o projeto como "um retrocesso sanitário, socioambiental e civilizatório". O ruralistas presentes, como era de se esperar, não mostraram nenhum conhecimento em relação aos temas de saúde e meio ambiente. O foco, como sempre, ficou no aumento da produtividade, como se já não houvesse estudos e casos comprovados em que sistemas agroecológicos superam a produtividade dos venenosos. É clara a intenção de expandir o modelo do agronegócio, que envenena a terra e mata a população. Ficou claro como eles estão se sentindo poderosos depois do golpe. Precisamos de um foco muito claro na luta contra este PL. Aqui disponíveis os vídeos da audiência: http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/webcamara/videoArquivo?codSessao=56351#videoTitulo

Reafirmando-se como importante espaço de troca de …

Reafirmando-se como importante espaço de troca de informações e experiências e compartilhamento de saberes entre as escolas técnicas do SUS, a Revista RET-SUS nº 76 inicia uma nova periodicidade — agora trimestral —, trazendo como matéria de capa o cenário brasileiro de maior consumidor mundial de agrotóxicos. Pesquisadores e movimentos sociais chamam atenção para a amplitude dos impactos na saúde pública que os chamados defensivos agrícolas provocam.

Para a pesquisadora, a doença ainda continua se …

Para a pesquisadora, a doença ainda continua se espalhando porque está sendo combatida de forma inadequada. “Por recomendação da OMS, nossa população se expõe a venenos cada vez mais potentes, que só têm atingido à nossa saúde e não ao mosquito. A epidemia de dengue que persiste todos os anos, e agora a zika, nos mostra que essa tática não adiantou nada”, explica, destacando que, além da ineficácia e dos ricos à saúde população, os pesticidas também têm altos custos de investimento que poderiam ser melhor utilizados.

Campanha completa 5 anos de luta permanente contra os agrotóxicos e pela vida

Por Iris Pacheco - Foto: Renato Consentino
Da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Neste dia 07 de abril de 2016, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida completa 05 anos de luta e resistência contra uma das principais expressões do modelo agrário capitalista no país, o agronegócio.

O objetivo da campanha é denunciar o modelo que domina a agricultura brasileira por meio de sua principal contradição: os agrotóxicos. Assim, resultado de muitas iniciativas e articulações entre diversas organizações que desde 2010 vinham construindo uma rede em torno dessa perspectiva de luta unitária, a Campanha foi lançada em 2011 denunciando os impactos severos que os venenos causam na saúde humana e no meio ambiente.

Ao mesmo tempo em que a Campanha busca explicitar as contradições e malefícios gerados pelo agronegócio, ela também vem trazer um anúncio. Por isso traz em seu nome a Vida, colocando a agroecologia como paradigma necessário para construção de outro modelo de agricultura.

Para marcar a semana em que a Campanha Permanente …

Para marcar a semana em que a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela vida completa 5 anos, convidamos hoje a toxicologista e pesquisadora da Fiocruz Karen Friedrich para falar conosco. O tema é algo que sempre aparece em nossas discussões: é possível um uso seguro de agrotóxicos? Digaí, Karen! #Campanha5anos

Se não mata o mosquito, serve pra que??? …

Se não mata o mosquito, serve pra que??? Denise Valle, pesquisadora da Fiocruz, explica que o uso indiscriminado dos inseticidas provocou a ineficácia dos produtos. “Isso era uma ação de emergência, mas substituiu a eliminação dos focos”, frisa. Até 2000 se usavam compostos organofosforados para controle do Aedes, mas, com o tempo, o produto perdeu a eficácia e deu lugar a um veneno diferente, da classe piretroides. São os mesmos vendidos em supermercados. Contudo, o mosquito também ficou imune a eles. “A resistência a esses inseticidas se deu em apenas três anos. Leva-se até 30 anos para se constituir um novo produto”, pontua.

Ótima entrevista com Fernando Carneiro

Ótima entrevista com Fernando Carneiro! "Estamos conhecendo a experiência do município de Pedra Branca, no Ceará, dentro de uma estratégia da Fiocruz Ceará em parceria com Abrasco, muito exitosa no controle da Dengue. Há praticamente 15 anos não existem casos de Dengue nesse município. Eles já não usam produtos químicos, nem fumacê, nem larvicida químico, e tem toda uma mobilização social envolvida, um trabalho com enfoque ecossistêmico a partir dos focos do Aedes, numa integração com a vigilância em saúde e atenção básica. Nossa intenção é aplicar essa experiência de Pedra Branca em outro município, Tauá, que está numa situação bem crítica. A cidade fica numa das áreas mais secas do Ceará e está com 15% de infestação nas residências."

Consulta pública da Anvisa: útlimo dia para banir dois agrotóxicos

Há duas semanas, conseguimos junto com vocês reforçar junto à Anvisa a necessidade de banimento do Carbofurano. Hoje, terminam as consultas do Tiram e do Lactofem, e a situação é mais difícil: a Anvisa recomendou manutenção deles no mercado, apesar de vários estudos apontaram problemas em ambos.

Lactofem: Herbicida utilizado na soja, e presente em produtos das empresas Bayer (Cobra), UPL (Coral), Nufarm (Drible) e Adama (Naja). Considerado cancerígeno, o produto é proibido na União Europeia (+).

Tiram: Fungicida autorizado para uso em diversas culturas alimentícias, como arroz, feijão, milho, trigo, ervilha, cevada e amendoim, além de soja, pastagens e algodão. É registrado pelas empresas Bayer (Derosal Plus, Rhodiauram), Macdermid (Anchor), Chemtura (Ipconazole), Masterbor (Mayran, Sementiram), Novozymes (Protreat) e Arysta (Vitavax). É considerado mutagênico, causa toxicidade reprodutiva e possui suspeita de desregulação endócrina, causando problemas hormonais. O produto foi voluntariamente retirado do mercado nos EUA (+).

Abaixo, o passo-a-passo para preencher a consulta de acordo com nossa posição. Preencha, não leva mais de 10 minutos!

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela …

Contra Agrotóxicos PE “Tem que parar mesmo porque não adianta nada”, disse uma das participantes do evento, a médica sanitarista Lia Giraldo, professora da Universidade de Pernambuco (UPE) e pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da Fundação…

“Pelo menos 27 municípios amazonenses que …

"Pelo menos 27 municípios amazonenses que desenvolvem algum tipo de produção agrícola estão vulneráveis ao uso dos agrotóxicos para potencializar suas produções. Esse dado faz parte de um estudo acadêmico realizado pelo curso de especialização em Saúde Ambiental do ILMD/Fiocruz Amazônia, sob a coordenação do pesquisador da instituição, Marcílio Medeiros. Ele afirma que o trabalho de conclusão do curso de especialização, datado de 2013, analisou o mercado de agrotóxico no Amazonas desde o ano de 1942 até 2013. Em pouco mais de 70 anos, verificou-se que, a partir de 1992, houve um saldo no crescimento nos municípios produtores na comercialização destes produtos químicos, mostrando que das 62 cidades amazônicas, 27 lançam mão deste artifício com mais rigor para potencializar suas produções".

Ajude a banir 3 agrotóxicos agora!

Amigas e amigos de luta contra os venenos,

Precisamos da sua ajuda! A Anvisa está com três consultas públicas abertas sobre o banimento de agrotóxicos. Temos que reforçar a indicação de banimento do Carbofurano, e insistir para que não mantenham o Lactofen e Tiram no mercado, atendendo aos interesses das empresas.

Preparamos um guia para orientar o preenchimento do formulário. As sugestões foram elaboradas para serem seguidas por todas e todos que confiam na atuação da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

Baixe o documento aqui, ou siga lendo esta página. O procedimento demora cerca de 20 minutos e requer atenção.