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Susana Prizendt: “Vivemos em um sistema que condena um enorme número de pessoas à falta de comida, à desnutrição, à fome e à morte”

Causa Operária entrevista Susana Prizendt, coordenadora da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos no estado de São Paulo, iniciativa da qual participam vários movimentos sociais

22 de outubro de 2012

Causa Operária: Qual é o objetivo da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos?

Susana Prizendt: Em nome da Campanha, gostaria de agradecer a oportunidade oferecida pelo jornal Causa Operária, já que é muito difícil conseguirmos espaço na grande mídia e todo espaço aberto é importante para fomentar o debate com a sociedade. A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida é uma iniciativa da qual fazem parte vários movimentos de diferentes áreas, porque o assunto é um tanto complexo. Nós temos entre nós pessoas ligadas aos direitos humanos, porque é um direito básico à alimentação segura da população que está em jogo; dos movimentos campesinos, que reivindicam melhores condições de trabalho no campo e um sistema de distribuição de terra mais justo; da área da saúde e da ciência, que podem fundamentar cientificamente o quanto os agrotóxicos fazem mal a saúde; e também pessoas ligadas aos movimentos ambientalistas porque o meio ambiente realmente está sendo extremamente exposto a danos. Queremos alertar a sociedade sobre a situação calamitosa no campo com o uso completamente abusivo dos agrotóxicos no cultivo.

Vazamento de agrotóxicos causa crime ambiental no norte do ES

O fato faz parte de série de crimes ocorridos em vários municípios do estado em decorrência da utilização dos agrotóxicos na agricultura.

O Espírito Santo é palco de mais um crime ambiental provocado pelo uso de agrotóxicos na agricultura. O fato ocorreu no início da semana passada (15/10), na comunidade de São João Bosco, município de Jaguaré, norte do estado, quando o agricultor, conhecido como Seu Ratinho, injetava veneno na irrigação para pulverizar seu cafezal. Ao desligar a bomba, a bóia que controlava a saída do veneno parou de funcionar, o que provocou o vazamento de todo o agrotóxico no córrego 16, contaminando a água e o solo da região.

O córrego 16 deságua no Jundiá, riacho que alimenta a represa de Jundiá, a principal fonte de abastecimento de água da cidade. A água do córrego é utilizada para a alimentação humana e animal, além de servir para irrigar as plantações dos agricultores.

Governo regulamenta aplicação aérea de agrotóxicos até 2013

SÃO PAULO – Entrou em vigor nesta quarta-feira (3) a regulamentação temporária do uso de agrotóxicos aplicados por aviões para as culturas de arroz, cana-de-açúcar, soja e trigo. A autorização foi publicada no Diário Oficial da União e tem validade até 30 de junho de 2013.

A medida, acordada entre a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem o objetivo de evitar impactos na safra das quatro culturas, segundo o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do ministério, Luís Rangel.

“Desde que sejam respeitados os parâmetros que foram colocados no ato, podem ser aplicados esses produtos para a cultura de soja, cana-de-açúcar, trigo e arroz”, explicou Rangel.

Dentre as obrigações, os produtores rurais são obrigados a notificar os apicultores localizados em um raio de 6 km com antecedência mínima de 48h.

De acordo com o ministério, para a cultura da soja, fica permitida uma aplicação durante todo o ciclo da cultura para produção de grãos e duas aplicações em áreas de produção de semente. Também há restrição de período para a soja. Em Mato Grosso e Goiás, a aplicação deve ser realizada de 20 de novembro 2012 a 1º de janeiro de 2013; na região Norte, de 1º de janeiro a 20 de fevereiro de 2013; e na região Sul, de 1º de dezembro a 15 de janeiro de 2013.

“Agrotóxicos violam direito humano à alimentação adequada”

Alan Tygel

Alan TygelDe acordo com Alan Tygel, membro da Coordenação Nacional da Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o agronegócio atua como propulsor no uso de agrogóxicos no país.

Há três anos, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos no mundo. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dois terços dos alimentos consumidos, diariamente, pelos brasileiros estão contaminados pelos agrotóxicos, que contribuem para a insegurança alimentar da população e causam danos à saúde e ao meio ambiente.

Brasil é o vice-líder em produção de transgênicos

Mesmo regularizada somente em 2005, com a aprovação da Lei de Biossegurança pelo Congresso Nacional, a produção de alimentos transgênicos no País já é a segunda maior do mundo, com 30 milhões de hectares de plantações em todo o território brasileiro, de acordo com a última safra registrada este ano. Especialistas apontam que a soja é a principal responsável por esse crescimento na produção. Ao todo, 89% da soja produzida no País são geneticamente modificadas. Só os Estados Unidos têm uma plantação maior: 69 milhões de hectares.

“A pulverização aérea é o método de aplicação mais perverso que existe”, afirma deputado

A pulverização aérea de agrotóxicos causa polêmica: ao passo que os grandes latifundiários defendem essa forma de aplicação, movimentos sociais e organizações ambientais apontam para os riscos graves que ela causa nas pessoas e no meio ambiente. Em julho deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) publicou decisão no Diário Oficial restringindo a aplicação de mais de 50 agrotóxicos que continham os componentes midacloprido, clotianidina, fipronil e tiametoxam. 

Ciência Hoje: Paraíso dos agrotóxicos

 

O Brasil é a lixeira tóxica do planeta. Desde 2008, somos os maiores consumidores globais de insumos químicos para agricultura. Substâncias já proibidas em vários países encontram mercado fértil em terras brasileiras.

Por: Henrique Kugler

O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos docomércio internacional?

“Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se produzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas.

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Campanha contra os agrotóxicos faz pressão sobre os candidatos

Cada brasieliro consome, em média, 5,2 litros de veneno por ano - Foto: Idaf
Cada brasieliro consome, em média, 5,2 litros de veneno  por ano - Foto: IdafMovimento quer que aspirantes às prefeituras e às câmaras municipais enfrentem uso de veneno em alimentos

Maria Mello, para o Brasil de Fato

A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida lançou um documento que pretende comprometer os candidatos brasileiros a prefeito e vereador nas eleições de outubro com iniciativas de enfrentamento ao uso de agrotóxicos e em favor da transição agroecológica nos âmbitos Executivo e Legislativo.

Cléber Folgado, integrante da Coordenação Nacional da Campanha, explica que além do aspecto formativo da iniciativa – com o objetivo de levar aos candidatos informações sobre a situação alarmante do uso de venenos agrícolas no país -, a carta-compromisso sugere que os políticos se empenhem, fundamentalmente, em proibir o uso de agrotóxicos banidos em outros países e a pulverização aérea de venenos, além de consolidar políticas públicas de incentivo à agroecologia. “É fundamental que candidatos nestas eleições possam se posicionar frente ao que se tornou um problema de saúde pública e de meio ambiente”, pontua.

Cartas de Buenos Aires: Condenada a pulverização com agrotóxicos

Sofía Gatica recebeu este ano o Goldman Environmental Prize, o Nobel Ambiental

Numa condenação considerada histórica, a justiça da cidade de Córdoba declarou delito penal as pulverizações com agrotóxicos em campos de soja cerca de bairros povoados. E condenou duas das três pessoas que foram levadas aos tribunais.

Trata-se do emblemático caso do bairro Ituzaingó Anexo, onde há 12 anos as famílias denunciam mortes e lesões em consequência do uso de agrotóxicos.

Sobre uma população de cinco mil habitantes, entre 2002 e 2009 morreram 272 pessoas, 82 delas de câncer. No mesmo período foram registrados 272 abortos e 23 crianças nasceram com malformações congênitas. Até setembro de 2010 se registram 143pessoas com câncer.

A pena, em si, foi uma decepção. Os moradores queriam cadeia para os produtores agropecuários Jorge Alberto Gabrielli e Francisco Parra, e para o agente pulverizador Edgardo Jorge Pancello, por usarem o herbicida glifosato e o inseticida organoclorado endosulfan.

“Os agrotóxicos fazem bem à saúde e são nossos amigos”

"Quando a Anvisa faz uma reavaliação toxicológica de substâncias químicas, parte dos produtores alega que vetos causarão aumento de custos. Entendo o lado deles, mas aceitar algo que já mostrou que não é tão seguro assim é uma bomba-relógio prestes a explodir em algum momento. Isso sem considerar que, no Brasil, o lobby dos agrotóxicos é pesado. Daria uma filme ou novela tão engraçados e trágicos quanto o da indústria do tabaco. O problema seria encontrar financiador". Artigo de Leonardo Sakamoto.

Justiça Federal condena Monsanto por propaganda enganosa e abusiva


A 4ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) condenou a empresa Monsanto do Brasil a pagar indenização de R$ 500 mil por danos morais causados aos consumidores ao veicular, em 2004, propaganda em que relacionava o uso de semente de soja transgênica e de herbicida à base de glifosato usado no seu plantio como benéficos à conservação do meio ambiente. Ainda cabe recurso contra a decisão.

A empresa de biotecnologia, que vende produtos e serviços agrícolas, também foi condenada a divulgar uma contrapropaganda esclarecendo as consequências negativas que a utilização de qualquer agrotóxico causa à saúde dos homens e dos animais.

Decisão judicial reconhece a pulverização de agrotóxicos como crime

Um tribunal da província de Córdoba, na Argentina, condenou a 3 anos de prisão não efetiva um fazendeiro e um piloto que realizavam a pulverização de agrotóxicos em uma aérea ilegal. É o primeiro caso de condenação penal no país por pulverização.

A sentença condenou o produtor rural Francisco Parra por poluição ambiental punível com a Lei de Resíduos Perigosos. O piloto Pancello Edgardo foi considerado "co-autor do crime de contaminação ambiental".

No entanto, o produtor Jorge Gabrielli foi absolvido por insuficiência de provas contra ele. A decisão vem depois de uma década de denúncias por parte de organizações de bairro e ambientalistas nessa zona do país.

Entrevista: a relação transgênico-agrotóxico

Em entrevista à Página do MST, o engenheiro agrônomo Rubens Nodari comenta os fatores dessa relação e revela a ineficácia dos transgênicos: “O custo da lavoura transgênica na verdade vai ser mais cara do que os agricultores previam a longo prazo, porque eles vão ter quer usar outros herbicidas para depois matar essas plantas resistentes.”

Perigo: uso de agrotóxicos no Brasil é cada vez mais intenso

Os produtores rurais brasileiros estão usando mais defensivos em suas lavouras. Apesar do expressivo crescimento da área cultivada com sementes transgênicas, tecnologia que promete reduzir o uso de químicos na produção agrícola, as vendas desses produtos aumentaram mais de 72% entre 2006 e 2012 - de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas -, segundo dados do Sindag, sindicato que representa fabricantes de defensivos no país.