“Ultraprocessado não é alimento”, afirma Maria Emília Pacheco


Evento realizado pelo Grupo Carta de Belém sobre “a fome como negócio e roubo de alimentos”, reuniu Maria Emília Pacheco, assessora nacional da FASE,  João Pedro Stédile, do Movimento dos Sem Terra (MST), João Peres, do portal O Joio e o Trigo e Bel Coelho, chef de cozinha e ativista. Este é o primeiro da série “Diálogos Inconvenientes”, que pretende realizar quatro encontros para discutir assuntos sobre alimentação e meio ambiente.

Inicialmente, Maria Emília se solidarizou com os familiares dos mais de 500 mil mortos pela Covid-19 e lamentou o aumento da fome no país em pleno período de pandemia. Em seguida, ela falou sobre a “captura da governança pelas corporações”, por exemplo, ao promover uma cúpula sobre sistemas alimentares com origem no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e sem a participação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) até no local da sua realização, em Nova Yorque, e não em Roma, sede do órgão humanitário

Crise civilizatória e a emancipação pela agroecologia 

Ao longo do debate foram levantados pontos de extrema importância sobre como o mercado (tanto o agronegócio como as empresas alimentícias e os supermercados) têm controlado o setor de alimentação e investimento em produtos ultraprocessados ou encarecendo os os alimentos da agricultura tradicional. Nesse sentido, Maria Emília comenta que “quando se fala da situação dos sistemas alimentares, é preciso que a gente generalize uma colaboração intersetorial. Acima de tudo, entendendo que a alimentação não pode ser considerada uma mercadoria”. 

Dessa forma, ela classificou o memento que vivemos como uma crise civilizatória grave. Para Maria Emilia, a saída  é através dos processes e práticas agroecológicas, pois estas incorporam dimensões sociais e políticas. “Social por ser uma processo emancipatório que supõem um reconhecimento que está associado à democratização do acesso à terra, dos direitos territoriais, e também ao enfrentamento das desigualdades. Hoje, a agroecologia se coloca cada vez mais no campo contra o racismo estrutural e ao patriarcado, são coisas que não podem se dissociar”. 

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