"Homens que trabalham diretamente com pesticidas, na produção de plásticos, na indústria química, que lidam com derivados do petróleo, apresentam redução da qualidade dos espermatozoides. Isso já é conhecido: são agentes que funcionam como um quimioterápico, diminuindo a reprodução celular."
Os estudos indicam ainda um dado pouco lembrado pelos brasileiros: em um único alimento, ingerimos diversos agrotóxicos diferentes. Além disso, ingerimos diariamente e durante a vida inteira. Nosso organismo não tem a capacidade de eliminar muitos deles, que vão se acumulando no corpo. Essa exposição contínua tem efeitos tão graves que nem mesmo a ciência conhece a dimensão do estrago que pode causar na saúde.
Após o experimento, os pesquisadores observaram que os pássaros do grupo controle mantiveram massa corporal e preservaram sua orientação norte-norte, conforme a direção de seu fluxo migratório. Já os que receberam imidacloprida exibiram perda significativa nas reservas de gordura e massa corporal conforme as dosagens recebidas. E os tratados com clorpirifós não tiveram prejuízos sobre a massa corporal, mas danos significativos na orientação.
“O Espaço Agroecológico é muito importante na minha vida. Antigamente, a gente vivia na mão dos atravessadores e quando se criou esse espaço a gente teve onde comercializar diretamente de agricultor para consumidor. O mais importante é o carinho e a confiança que conquistamos com os consumidores. O nosso compromisso não é só de venda, mas também de relações de amizade. E os agricultores e agricultoras uns perto dos outros que se juntam e levam um produto de boa qualidade para a cidade. O carinho que recebemos não tem preço”, explica Lenir Pereira, agricultora agroecológica que há 20 anos comercializa na feira. Ela vem de Abreu e Lima e é uma das pioneiras em agrofloresta em Pernambuco.
Um funcionário foi questionado sobre a situação e revelou que guardava no quarto de sua casa, dentro de um saco de adubo, cerca de 25 quilos de defensivos, de diversas marcas e usos.
Vitória em SP!
"Alimento orgânico não pode ser algo exclusivo de quem vai comprar em tal supermercado, com um preço pouco acessível. Toda a população tem o dinheiro de se alimentar de forma saudável”, apontou a deputada Ana do Carmo, após a aprovação de seu projeto de lei.
Para completar, em 8 de novembro a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o agrotóxico benzoato de emamectina. A decisão foi considerada mais uma das doses "homeopáticas" com que o governo de Michel Temer vem introduzindo o chamado "Pacote do Veneno". De interesse direto de seu ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o pacote pretende facilitar o registro e incentivar o aumento do uso de agrotóxicos no Brasil – país que mais consome esses venenos em todo o mundo.
Durante a visita, foi relatado que as referidas comunidades perceberam alteração na qualidade do estado da água, com turbidez e morte de peixes, o que possivelmente pode ter sido causado em razão de agrotóxicos.
Para 2018 o tema será incluído nos termos de referência para a elaboração e revisão dos planos diretores municipais. A recomendação é pela criação de Zonas de Proteção Verdes, como uma espécie de cinturão no entorno dos núcleos urbanos, dentro dos quais só seriam admitidas atividades livres de agrotóxicos e de baixo impacto ambiental.
Em série de cinco dias de reportagens, Zero Hora e RBS TV comprovaram como a maior central de distribuição de verduras e frutas do Rio Grande do Sul, a Ceasa, vendia alimentos com resíduos de pesticidas proibidos, acima do limite permitido ou inadequados para a cultura.
Importante lembrar que a pressão da sociedade civil terá novamente um papel fundamental contra os retrocessos, assim como ocorreu em 2017. Basta lembrar os recuos que o governo federal foi obrigado a fazer por conta da repercussão da redução da Floresta Nacional de Jamanxim e da extinção da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), ambas na Amazônia.
Rubens Onofre Nodari, professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e colaborador do Instituto Independente de Biossegurança Genok, da Noruega:
"Eu não tenho posição contrária e nem favorável aos transgênicos ou aos CRISPR, não posso ser maniqueísta. O que eu tenho criticado é a forma como tem sido usadas e os produtos obtidos. Os caras estão escolhendo os piores produtos da tecnologia, para vender mais veneno, ou parar criar insetos mais resistentes para eles voltarem a vender mais venenos", ressalta.
Na tentativa de limpar sua imagem, cada vez mais manchada em todo o mundo em meio a processos na Justiça e desvalorização de suas marcas, os fabricantes investem em estudos em parceria com instituições respeitadas.
No Brasil não é diferente. Por aqui, a nata da chamada indústria do veneno se juntou a outros setores do agronegócio e a sindicatos patronais, criando a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A).
Entre os produtos comercializados estão: macaxeira, batata doce, cará, coentro, alface, pimenta, milho verde, banana, maracujá e goiaba.
Na avaliação de especialistas que falaram à reportagem na condição de anonimato, o edital conjunto expõe a mistura de objetivos e interesses públicos e privados, podendo favorecer o setor empresarial, que deveria estar sendo regulado. Assinam a chamada pública o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A), formada por entidades sindicais patronais, como de produtores de soja, milho e algodão, e indústrias de agrotóxicos, como a Bayer, Basf e Syngenta.