Consideramos um desreipeito, como leitores do jornal e como ambientalistas atuantes no setor, nos depararmos com uma matéria tão absurda e parcial como a que presenciamos na Folha de SP de quinta feira, dia 29 de abril de 2012.
Na citada matéria, o diretor mundial de uma empresa poderosa, como única fonte ouvida, afirma que as organizações que atuam no campo da agroecologia hoje já não combatem os sistemas (compostos por sementes transgênicas e fortes agrotóxicos) comercializados por ela, reconhecendo que é preciso abrir espaço de diálogo em função do cenário atual, em que água e desmatamentos são pontos problemáticos para a garantia de alimentos a todos.
Nós, integrantes da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, bem como as pessoas e as organizações que trabalham diariamente para que as grandes multinacionais como a referida empresa não destruam a possibilidade de termos um mínimo equilíbrio socioambiental no país, solicitamos o direito de sermos ouvidos e de ressaltar nosso profundo repúdio às declarações falaciosas do senhor Hugh Grant.
Apesar de contexto desfavorável ao crescimento de escala da produção agroecológica no Brasil, sociedade civil não se furta do papel de provocar um debate político com o governo. Verônica Pragana - Asacom
Denis Monteiro, secretário nacional da Agência Nacional de Agroecologia (ANA) | Foto: Divulgação O governo federal e a sociedade civil organizada estão empenhados na elaboração da Política Nacional de Agroecologia e Sistemas Orgânicos de Produção. De 10 a 12 de abril, acontecerá em Brasília, um Seminário Nacional no qual serão consolidadas as propostas das organizações e movimentos sociais do campo para esta política. O evento acontece após seminários em todas as regiões do país. A Agência Nacional de Agroecologia (ANA) anima os processos de reflexão e proposição da sociedade civil e tem intermediado o diálogo com o governo. Apesar do desejo dessa política se tornar, de fato, um conjunto de diretrizes que favoreçam a ampliação da escala de produção de alimentos agroecológicos, as organizações e movimentos do campo acreditam que esta expectativa não será atingida no atual cenário de hegemonia do agronegócio.
Mesmo sem chance de vencer essa disputa, não se furtam do seu papel de provocar um debate político com o governo e dar mais visibilidade aos exemplos práticos de produção de alimentos saudáveis para consumo dos brasileiros sem agressão aos recursos naturais. Para falar sobre o papel da sociedade civil e do governo na relação com a agroecologia e fazer uma leitura do contexto político atual, a jornalista da Asacom, Verônica Pragana, entrevistou o engenheiro agrônomo e secretário executivo da ANA, Denis Monteiro. Confiram!
"Brasil deveria proibir totalmente o uso de agrotóxicos", diz Stedile
Agência Brasil
O uso de agrotóxicos nas lavouras brasileiras, como forma de elevar a produtividade no campo, foi criticado pelo coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que participou de aula inaugural da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com muitos esforços e dificuldades – já que, ao contrário do agronegócio, não contamos com nenhum financiamento – o Comitê Minas Gerais vai realizar o 1º Seminário Estadual, para 100 participantes, com caráter de formação e organização. As discussões terão…
No dia em que é Comemorado o Dia Mundial do Consumidor -15 de março, o comitê estadual da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida do Mato Grosso sai às ruas de Cuiabá para alertar a sociedade mato-grossense dos…
Documento tem como objetivo principal sensibilizar autoridades públicas nacionais e internacionais para criar e executar políticas que possam proteger e promover a saúde das pessoas e dos ecossistemas afetados de forma negativa pelos agrotóxicos.
Adital - Buscando conhecer o impacto dos agrotóxicos na saúde dos/as brasileiros/as, o Grupo de Trabalho (GT) de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), em parceria com outros GTs, comissões e associados decidiu pesquisar o tema e publicar suas descobertas em um dossiê. O documento será lançado no Congresso Mundial de Nutrição, em abril deste ano, e durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá em junho no Rio de Janeiro.
Por trás do maço de cigarros vendido ao consumidor final, escondem-se histórias de agricultores explorados, endividados e contaminados por agrotóxicos no Sul do Brasil
Pernas quase paralisadas, Valdemar Santos bem que gostaria de usar aquele tipo de muleta que fica sob as axilas. Porém, os caroços que pipocam nessa região – e se espalham por todo o corpo – o obrigam a apelar para um modelo de bengala que sobrecarrega o antebraço. Depois de 12 longos anos inalando agrotóxicos na lavoura de fumo que cultivava em uma pequena propriedade no município de Imbituva (PR), Valdemar desenvolveu uma grave polineuropatia.
Em outras palavras, ele sofre de uma pane geral nas terminações nervosas de seu organismo, o que prejudica não apenas sua coordenação motora, mas também seu raciocínio. Hoje, do salário mínimo que recebe a título de aposentadoria por invalidez, Valdemar embolsa apenas R$ 389. O restante já é descontado na fonte para quitar as dívidas que vem acumulando por conta de seu tratamento. “Se sinto cheiro de tinta de parede, perco a vista, dá dor de cabeça, tremelique, tosse seca. Parece que aumentam o volume dentro de mim”, afirma Valdemar, simulando o giro de um botão de rádio.