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Agriculturas sem venenos: a Agroecologia aponta o caminho

Por Denis Monteiro

O campo agroecológico brasileiro, mobilizado na Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), pode contar com apoios importantes na sua luta política para mostrar que a Agroecologia é um caminho promissor para o futuro. Vários estudos, realizados por setores da Organização das Nações Unidas (ONU) e por equipes internacionais de pesquisadores independentes, confirmam que sistemas de produção desenhados e manejados de acordo com os princípios da ciência da Agroecologia têm muitas dimensões positivas: altas produtividades por área, estabilidade e resiliência, ou seja, são capazes de resistir a estresses ambientais, chuvas torrenciais e secas, comuns em nossa época de mudanças climáticas. Estes sistemas conservam a biodiversidade nativa e cultivada, usada livremente pelas comunidades, recuperam os solos, protegem e usam com responsabilidade as águas.

Além disso, geram trabalho digno no campo, democratizam a riqueza gerada pela agricultura e atuam na superação da pobreza rural, pois fortalecem a agricultura familiar camponesa e promovem maior autonomia dos agricultores frente aos mercados, seja de insumos, seja na comercialização da produção.

‘Uso seguro de agrotóxicos é um mito’

Para o geógrafo Marcos Pedlowski, professor do Laboratório de Estudos do Espaço Antrópico (LEEA) do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF, “a única forma segura de se lidar com os agrotóxicos é parar de usá-los”. Estudioso do assunto, Pedlowski considera ‘um mito’ a ideia de que há um uso seguro destes produtos. “Creio que a transição para um modelo agrícola pós-Revolução Verde é um dos grandes desafios que a Humanidade deverá enfrentar ao longo do século XXI”, afirma. Graduado e mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com doutorado em Environmental Design And Planning pela Virginia Polytechnic Institute and State University, ele concedeu a seguinte entrevista ao Blog Ciência UENF — que dá continuidade à reportagem Agrotóxicos trazem risco ao produtor, publicada em 11/06/12.

Agrotóxicos: na linha de frente da superexploração dos recursos naturais

Raquel Júnia - Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)

Pesquisadores discutem como o Brasil chegou ao estágio atual de maior consumidor de agrotóxicos do mundo a partir da análise da inserção econômica brasileira no modelo capitalista.
Após a crise de 1999, a economia brasileira se inseriu no mercado mundial como grande provedora de produtos agropecuários e minerais. Acreditava-se que esta seria uma solução virtuosa para o país em um cenário de recuperação da crise econômica. Mas a escolha do governo brasileiro sustentado pelo pensamento hegemônico capitalista teve e ainda tem um alto custo para os brasileiros: a superexploração dos recursos naturais. O histórico é descrito pelo pesquisador Guilherme Delgado, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Guilherme participou da mesa Agrotóxicos e Modelo de Desenvolvimento, junto com Horácio Martins de Carvalho, da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), Vicente Almeida. A mesa, coordenada pelo pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Marcelo Firpo, fez parte da programação do Seminário de Enfrentamento aos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana e no Ambiente, realizado nos dias 4 e 5 de junho, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para Marcelo Firpo, a análise do problema dos agrotóxicos no campo da ecologia política permite entender o lugar dessa prática no atual modelo de desenvolvimento. "A mesa traz discussões centrais no ponto de vista da economia política, da luta pela reforma agrária e da busca da prática de uma ciência engajada porque vai atrás das necessidades da população. É uma ciência cidadã, em prol da saúde coletiva e da justiça ambiental, que se articula e se renova permanentemente a partir das estratégias de produção de conhecimento compartilhada com a população e com os movimentos populares", introduz.

O agrotóxico está na pauta na Fiocruz

campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida 028

Malefícios do agrotóxico na saúde humana e no meio ambiente são discutidos em seminário realizado nos dias 4 e 5 de junho na Ensp.

Viviane Tavares, da EPSJV
campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida 028Na semana em que se comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente, a Fiocruz realizou o Seminário de Enfrentamento dos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana e no Ambiente, no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), nos dias 4 e 5 de junho. Com a presença de representantes de diferentes setores da saúde, movimentos sociais, alunos e pesquisadores, o evento defendeu que a questão do agrotóxico tem que estar cada vez mais pautada nas discussões de saúde pública.

Logo na mesa de abertura ficou evidente pelas falas dos participantes que as ações de enfrentamento aos agrotóxicos devem ser urgentes. A mesa foi composta pelo vice-presidente da Fiocruz, Valcler Rangel, o diretor do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antonio Santini; o representante do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc) e professor-pesquisador da EPSJV/Fiocruz, Alexandre Pessoa; o representante da Campanha Nacional contra os Agrotóxicos e pela Vida, Cleber Folgado; o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Gustavo Souto; o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública - Ensp/Fiocruz, Antonio Ivo de Carvalho, a representante do departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde (SVS/MS), Cássia Rangel; o gerente-geral de toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Luiz Cláudio Meirelles e o representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Fernando Carneiro. "Temos que nos libertar do pensamento de que saúde depende unicamente de um avanço tecnológico, saúde depende do acesso e convivência em um ambiente saudável. É importante que assumamos um discurso de que medicina é política. Precisamos encarar uma visão mais humanista neste campo", comentou o diretor da Ensp, Antonio Ivo. Alexandre Pessoa acrescentou ainda que a sociedade é vítima de dois tipos de contaminação: o químico e o político. "Precisamos enfrentar o modelo de desenvolvimento agrário", provocou.

Agrotóxicos, interesses e anti-jornalismo

Por Elenita Malta Pereira*

A matéria “A verdade sobre os agrotóxicos”, publicada em Veja (edição de 4/1/2012), revisita um tema que é alvo de polêmicas, oposições apaixonadas e amplas discussões no Brasil desde os anos 1970. No entanto, apesar de décadas de controvérsia, já no título, a revista demonstra que pretende revelar a verdade sobre o assunto. A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), em carta-resposta à Veja, considerou o tratamento dado a um tema tão controverso como “parcial e tendencioso”, apontando uma série de equívocos na reportagem.

Em Primavera Silenciosa, o primeiro alerta mundial contra os pesticidas, publicado em 1962, Rachel Carson descreveu diversos casos de pulverizações – especialmente de diclorodifeniltricloroetano (DDT) – nos Estados Unidos, nos anos 1950-60, quando morreram enormes quantidades de pássaros, peixes, animais selvagens e domésticos. As pulverizações para exterminar supostas “pragas” também contaminaram as águas de rios, córregos, dos oceanos, os solos e os humanos.

Abaixo-Assinado pelo banimento de agrotóxicos e substâncias já proibidas no exterior será lançado no ES

Confira a programação da Jornada América Latina em Movimento, que acontece em 18 de maio na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).  

JORNADA AMÉRICA LATINA EM MOVIMENTO!
18 DE MAIO DE 2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Lutas e Emancipações numa América Latina em Movimento

08 às 12h
Auditório do Centro de Ciências Humanas e Naturais

8h - Lançamento do Caderno de Conflitos no Campo 2011
Frei Miranda – Comissão Pastoral da Terra
Carlos Walter Porto-Gonçalves

9h – Mesa Redonda
Debatedores:
Raul Krause – Movimento dos Pequenos Agricultores / Via Campesina
Carlos Walter Porto-Gonçalves – Dep. de Geografia – Universidade Federal Fluminense
Antonio Carlos Amador Gil – Dep. de História – Universidade Federal do Espírito Santo
Roberta Traspadini – Escola Nacional Florestan Fernandes / Dep. de Economia – UniversidadeFederal do Espírito Santo

Campanha combate mito do uso seguro em debate na Câmara dos Deputados


Representantes da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) alertaram os parlamentares da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, da Câmara dos Deputados, para a impossibilidade do uso seguro de venenos na agricultura.

Por Elizângela Araújo
Do SINPAF

Vinícius Freitas, coordenador da campanha no Distrito Federal e representante da ABA no debate, rebateu a possibilidade de uso seguro dos agrotóxicos e a ideia largamente difundida por indústrias agroquímicas e setores do agronegócio de que é impossível produzir alimentos suficientes para a população sem o uso desses venenos. Ele também é presidente da Seção Sindical do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF) na Embrapa Hortaliças (Gama-DF).

Organizações se mobilizam contra veto de Beto Richa à PL de incentivo à produção agroecológica e orgânica no PR

Retire $eu veto, Beto!

Retire $eu veto, Beto!
Projeto de Lei (nº 403/11) que dispõe sobre os incentivos à implantação de sistemas de produção agroecológica pelos agricultores familiares no Paraná foi vetado pelo Governador do Estado, Beto Richa, no final do mês de março. O veto foi dado dias após a aprovação do PL na Assembleia Legislativa, no dia 13 de fevereiro. A proposta já havia sido discutida em Audiência Pública em 2011, quando teve aval das entidades representativas dos agricultores familiares, além de ter recebido parecer favorável da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento – SEAB.

O argumento apresentado para o veto é de q ue o projeto não é de interesse público: “[...] Sendo assim, em virtude da importância do agronegócio para o estado do Paraná, cumpre ressaltar que nosso estado, através da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento – SEAB, já possui em seus programas ações pautadas na política de conservação ambiental, objeto do projeto de lei em tela, bem como detém legislação específica, em âmbito estadual, para o uso de agrotóxicos. [...] tem-se que a presente proposição é contrária ao interesse público”.

Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos

Segundo o dossiê, a soja foi o cultivo que mais demandou agrotóxico - 40% do volume total de herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas

Fabíola Ortiz
Do UOL, no Rio de Janeiro

Segundo o dossiê, a soja foi o cultivo que mais demandou agrotóxico - 40% do volume total de herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas
Segundo o dossiê, a soja foi o cultivo que mais demandou agrotóxico - 40% do volume total de herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas

Há três anos o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos no mundo. Um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado pelos agrotóxicos, segundo alerta feito pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em dossiê lançado durante o primeiro congresso mundial de nutrição que ocorre no Rio de Janeiro, o World Nutrition Rio 2012, que termina nesta terça-feira (1º).

O documento destaca que, enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%, o brasileiro aumentou 190%. Em 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto liderança, representando uma fatia de quase 20% do consumo mundial de agrotóxicos e movimentando, só em 2010, cerca de US$ 7,3 bilhões - mais que os EUA e a Europa.

ABRASCO lança dossiê sobre impactos dos agrotóxicos

Lançamento do Dossiê da ABRASCO

da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Lançamento do Dossiê da ABRASCOA Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - ABRASCO - lançou neste domingo o dossiê "Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde". O documento foi apresentado no World Nutrition, congresso mundial de nutrição que ocorre no Rio de Janeiro. 

O dossiê é um alerta da ABRASCO à sociedade e ao Estado brasileiro. Registra e difunde a preocupação de pesquisadores, professores e profissionais com a escalada ascendente de uso de agrotóxicos no país e a contaminação do ambiente e das pessoas dela resultante, com severos impactos sobre a saúde pública.

Brasil: líder mundial em alimentos envenenados

http://newsrondonia.com.br/imagensNoticias/image/AGROTX~3.JPG

Por Tatiana Achcar | Habitat – sex, 20 de abr de 2012

http://newsrondonia.com.br/imagensNoticias/image/AGROTX~3.JPG

Nunca tivemos tanta comida produzida no mundo, mesmo assim um milhão de pessoas passam fome e outro milhão comem menos do que necessitam. A fome é um problema de economia mundial. Em vinte anos, o Brasil tomará dos Estados Unidos a liderança mundial na produção de alimentos. No entanto, 49% dos brasileiros estão acima do peso, sendo 16% obesos, segundo o Ministério da Saúde. A obesidade é um problema de saúde pública, logo, de economia nacional. Por que esse disparate entre a grande quantidade de alimento e a fome e o sobrepeso? Apesar das commodities agrícolas bombarem as bolsas de valores, o sistema alimentar mundial tem falhas, e das grossas: o modo de produção usa recursos naturais de maneira abusiva, o sistema está baseado na industrialização, que artificializa o alimento, e a distribuição é concentrada e controlada por poucos gigantes do setor. Alimentação em quantidade e qualidade adequada e saudável é um direito humano, mas virou artigo de luxo.

Carta Aberta à Sociedade Contra a Matéria Falaciosa da Folha de São Paulo Sobre os Transgênicos

logo agrotoxicos quadrado
logo agrotoxicos quadrado

Consideramos um desreipeito, como leitores do jornal e como ambientalistas atuantes no setor, nos depararmos com uma matéria tão absurda e parcial como a que presenciamos na Folha de SP de quinta feira, dia 29 de abril de 2012.

Na citada matéria, o diretor mundial de uma empresa poderosa, como única fonte ouvida, afirma que as organizações que atuam no campo da agroecologia hoje já não combatem os sistemas (compostos por sementes transgênicas e fortes agrotóxicos) comercializados por ela, reconhecendo que é preciso abrir espaço de diálogo em função do cenário atual, em que água e desmatamentos são pontos problemáticos para a garantia de alimentos a todos.

Nós, integrantes da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, bem como as pessoas e as organizações que trabalham diariamente para que as grandes multinacionais como a referida empresa não destruam a possibilidade de termos um mínimo equilíbrio socioambiental no país, solicitamos o direito de sermos ouvidos e de ressaltar nosso profundo repúdio às declarações falaciosas do senhor Hugh Grant.

Sociedade civil elabora propostas para Política Nacional de Agroecologia

Apesar de contexto desfavorável ao crescimento de escala da produção agroecológica no Brasil, sociedade civil não se furta do papel de provocar um debate político com o governo.
Verônica Pragana - Asacom

Denis Monteiro, secretário nacional da Agência Nacional de Agroecologia
Denis Monteiro, secretário nacional da Agência Nacional de Agroecologia (ANA) | Foto: Divulgação

O governo federal e a sociedade civil organizada estão empenhados na elaboração da Política Nacional de Agroecologia e Sistemas Orgânicos de Produção. De 10 a 12 de abril, acontecerá em Brasília, um Seminário Nacional no qual serão consolidadas as propostas das organizações e movimentos sociais do campo para esta política. O evento acontece após seminários em todas as regiões do país. A Agência Nacional de Agroecologia (ANA) anima os processos de reflexão e proposição da sociedade civil e tem intermediado o diálogo com o governo. Apesar do desejo dessa política se tornar, de fato, um conjunto de diretrizes que favoreçam a ampliação da escala de produção de alimentos agroecológicos,  as organizações e movimentos do campo acreditam que esta expectativa não será atingida no atual cenário de hegemonia do agronegócio. Mesmo sem chance de vencer essa disputa, não se furtam do seu papel de provocar um debate político com o governo e dar mais visibilidade aos exemplos práticos de produção de alimentos saudáveis para consumo dos brasileiros sem agressão aos recursos naturais. Para falar sobre o papel da sociedade civil e do governo na relação com a agroecologia e fazer uma leitura do contexto político atual, a jornalista da Asacom, Verônica Pragana, entrevistou o engenheiro agrônomo e secretário executivo da ANA, Denis Monteiro. Confiram!